terça-feira, 27 de outubro de 2015

EU E TU


Dois! Eu e Tu, num ser indissolúvel.

Como Brasa e carvão, centelha e lume, oceano e areia,

Aspiram a formar um todo, - em cada assomo

A nossa aspiração mais violenta se ateia...


Como a onda e o vento, a lua e a noite, o orvalho e a selva,

- O vento erguendo a vaga, o luar doirando a noite,

Ou o orvalho inundando as verduras da relva

- Cheio de ti, meu ser d'eflúvios impregnou-te!


Como o lilás e a terra onde nasce e floresce,

O bosque e o vendaval desgrenhando o arvoredo,

O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece,

- Nós dois, d'amor enchendo a noite do degredo.


Como parte de um todo, em amplexos supremos,

Fundindo os corações no ardor que nos inflama,

Para sempre um ao outro, Eu e Tu pertencemos,

Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama.



António Feijó

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