terça-feira, 27 de março de 2007

(Re)Tomar as rédeas...


Tudo pronto e em ordem
a surpresa acontecerá,
de certeza e,
seguidamente ver-se-à:
o recentramento,
o retomar as rédeas
do futuro que virá...

Tudo pronto e em ordem,
de novo o sucesso esperado,
a garantia do êxito,
o sabor da glória
em cada novo evento...


Foi assim para trás,
será assim para a frente...

Voltar aos projectos adiados:
recentrar o processo,
retomar o percurso,
renovar a trajectória,
recomeçar o sonho...

Será uma nova ilusão?!

Amar é...

Dar sem nada pedir,
confiar, acreditar,
saber esperar,
são ingredientes deste sentir
de que estou imbuída,
são o tempero do amor,
que na magia dos adereços,
reitera laços e afectos...
Amar é sentir sem condições,
incondicional nas emoções,
pela rebeldia da paixão
incomensurável...
Saber amar,
é esperar que os dias
se tornem claros,
os gestos meigos, sinceros,
aceitar que sempre haverá
um amanhã, cuja manhã
será cheia de sol...
Amar é perdoar sempre.
É renovar o sentimento,
na sequência sedutora
de cada sorriso,
na fragrância de um odor,
na certeza do brilho
que o olhar reflecte,
no fascínio de sentir
o coração a galope.
Amar é este sentir
que por ti sinto,
é quebrar quando te vejo,
é sorrir quando recordo...
É também lava incandescente,
e bálsamo refrescante,
é carícia de jasmim,
no recato de um jardim.
Amar é surpresa de Arlequim.

domingo, 25 de março de 2007

Passa o tempo, lentamente...

O calendário anda lentamente,
tresloucado, avança pacientemente,
pelos cantos recatados dos dias,
suportados nos corredores horários,
concentrados em minutos e segundos,
que reflectem outros voos,
outras escolhas potentes,
capazes e confidentes,
de ser, em cada novo evento,
novos amores...

E, eu rebento em desespero,
concentrada na minha dor,
à espera de dias melhores...

Destituida de querer,
apenas me sinto enlouquecer,
na jornada lúcida opressora
cansada da luta constrangedora
com que diariamente me confronto...

Tenho medo de não ter tempo
para te amar intemporalmente...

Voluptuosidade


Queria ter a experiência,
de viver o prazer:
ser capaz, no gozo conjunto,
de me dissolver,
em espacialidade e intemporalidade.

Ser capaz de, na caducidade
da experiência absolutizadora,
ser em ti, por mim, para ti,
na essencialidade do experimento
libertador da razão,
na irracionalidade escolhida,
sôfrega, na exploração do outro,
na "evaporação gazosa",
sem antes, nem depois...

Queria em rebeldia adolescente,
viver a imaturidade do deleite,
na intensidade do prazer não adiado,
do gozo, da voluptuosidade,
que aniquilaria o crescimento,
e se transformaria em sossego,
em paz intemporal ou antitemporal
dissolvido na fruição...

Paradoxo

Em cada momento de existir,
entrego-me inteira,
total e completamente,
profundamente,
com autenticidade,
plenamente.

A entrega apenas dura,
o tempo da aventura,
do facto acontecido:
aquela hora.

Sem demora, retomo o silêncio
para me dizer, para me ouvir...

sábado, 24 de março de 2007

Esperança ainda...


Cada esquina, cada fragmento,
reflectem o sentimento,
que não consigo esquecer,
que a um tempo, me anima,
me alimenta o ego e me destrói.

É duro viver esta agonia,
na ausência de sincronia,
no desespero de te não ter...

Vivo uma 'mentira' sofrida
disfarçada em autonomia,
perdida na espontaneidade,
face à presença distante,
com que me brindas sempre,
seja ou não intencional e sentida...

Deixei de ser capaz de ser eu.

Sou agora outra que desconheço,
que ora se anula, ora estremece,
e, em desassossego enlouquece,
no contraditório e intenso vazio,
com que teces os meus dias,
os meus sonhos, as minha preces...

Crer que um dia tudo será diferente,
em outro tempo, outra estação,
outro espaço, outra dimensão,
é o que me anima e me conduz.

Saber que ainda que demente,
rirei do suplício de te não ter,
da inquietação da longa espera,
da saudade e da quimera,
do valor atribuído ao teu olhar,
da importância dada à tua opinião,
descobrindo razões para o sem razão,
é o que alimenta minh'alma,
neste degredo de amor...

quinta-feira, 22 de março de 2007

Amei-te sem saber quem eras...


Saber-te tão perto, mesmo na ausência,
apesar da distância, é satisfação tamanha
porque sinto e sei que estás por aí (aqui)...
Contudo o exaspero manifesta-se
em raiva contida por não te poder fruir...

Dói não poder contar com tua presença.

Angustia saber que não és para mim:
não é o teu ser, o teu saber, o teu sabor,
o teu sorriso, a tua pessoa, o teu odor.
Dói não poder aproveitar tua companhia,
tua experiência, tua ironia, tua vida...

Amei-te sem saber quem eras,
sem saber porquê ou conhecer como...

Amei-te sem que pudesse decidir,
sem ter a certeza do amanhã,
sem perceber a onda de sentir,
que se instalou sem pedir licença,
sem me consultar ou perscrutar...

E nesta tresloucada sinfonia,
sinto que me afronto em cada encontro,
perante desejos que apenas eu vejo,
e relembro, em distantes horizontes,
pontos de contacto intactos,
inscritos em letras de sabor a mel,
que me inspiram em instantes de tormenta...

Como te esquecer?


São raízes as pontas que me prendem,
envoltas em anéis de silêncios,
transpostas em recados difusos,
em distantes e subreptícios ecos,
quiçá memórias inquietas, expostas,
dispostas em suspenso véu...

Sucedânios sublimes assim, quem dera,
explícitos em profundos contrastes,
fossem teus sentimentos translúcidos,
traduzidos em indizíveis palavras,
submetidas aos espasmos glamorosos,
dos opacos diálogos profissionais,
de colectivos ajustes transversais,
em inexistentes e perpassados enleios...

Queria tanto esconder a esperança,
mais do que encobri-la, soterrá-la,
para que a inquietação serenasse,
libertando-me do sonho feito pesadelo,
pelo descanso imaculado do não sentir,
na isenção de um querer balsâmico,
sedutoramente livre do desejo e da paixão,
em repleta ironia e torpe melancolia...

Quanta força esparramada dia a dia,
na racional sabedoria intempestiva,
na luta que ao espelho procuro esgrimir,
num treino inumano e hercúleo,
convertendo minh'alma em deserto,
que num total acervo de não ser,
se esquiva libertando a tensão,
desta profunda e amargurada reflexão...

Não estou a conseguir caminhar,
no trilho que me propus palmilhar,
rumo ao cume infinito da temperança,
reflectido na bordadura da ausência,
de toda e qualquer sensação...
Afinal não sei como te esquecer...

quarta-feira, 21 de março de 2007

Tem de ser...


Crepita ainda o lume,
na fogueira ateada,
de cada vez que te invento,
todas as vezes que te penso
e te desejo feito êxtase,
em perfeita e harmoniosa comunhão...

Todos os dias me obrigo,
a repetir ao espelho,
que não mereço sofrer!...

Repito também para mim,
a necessidade da indiferença,
para além da distância,
amordaçando o querer,
abafando o sentimento...

Procuro esquecer a presença,
abrigando-me no silêncio,
para que as memórias,
sejam esvaídas lembranças,
de sonhos, eternos diamantes,
que ainda permanecem,
mas que quero estilhaçar,
quais ondas sulcando as margens,
em brumas de vapor e sal...

Luto mais hoje do que outrora,
por que suceda nova etapa,
a este estúpido sentimento
que tanto constrangimento causa...

Apesar da chama incandescente,
me atormentar continuamente,
hei-de conseguir a indiferença,
neste meu caótico sucedânio quotidiano...
Hei-de olhar-te sem desejo,
sem ternura e sem apego,
trabalhando isso ao espelho,
com o meu maior desvelo...

Quero romper amarras,
tenho de cortar os elos...

Usando a força da desilusão,
que alimenta minha angústia,
quero lutar contra a tristeza,
esquecer a mágoa da paixão,
voltar à serenidade,
de antes das promessas,
do traidor olhar transparente,
com que me enfeitiçaste...

Tenho de esquecer-te, meu amor,
tem de ser ou definharei!...

segunda-feira, 19 de março de 2007

Não Acredito Mais...


Ódio, não sinto...
Apenas desilusão,
tristeza e desencanto.
A raiva, essa é do tamanho do mundo,
por este estúpido sentir,
por esta sangria desatada,
que o descompassado coração,
reflecte quando em ti penso,
e relembro outras horas,
de acordos e promessas,
de cumplicidades e desejos,
realizados em beijos,
de sedutor sentimento...
Eram cheiros e sabores,
derimidos por amor,
num Fevereiro qualquer,
desses idos, reflectidos,
desejados e esquecidos...
Tamanha raiva ainda dura,
por mais que tua doçura,
seja às vezes ambigua,
e pareça superior...
Não acredito mais em ti.
E, nem em mim e no mundo:
tenho dias de alguma valentia...

Virar a página: Esquecer!...


Desiludida até à medula,
sentindo o desfalecimento,
provocado pelo sentimento,
de me saber preterida,
relegada para o canto,
deixada ao sabor do vento,
sou arrastada pelo desejo violento,
de largar tudo a correr e fugir...
Desistir, de vez,
largar o apego à esperança,
deixar o barco sem âncora,
desaparecer por entre os veios,
daqueles escusos meios,
onde me afagaram os seios,
e um dia me viram rir...
Largar em debandada,
abandonar a parada,
substituindo o querer,
por sorrisos mansos e ternos,
que outros me jogam, lestos,
à espera do acontecer...

Virar a página! Tem de ser!...
Para poder usufruir, nesta fase do saber,
podendo de facto substituir,
o incerto e o ilusório,
pelo seguro e verdadeiro querer...

sábado, 17 de março de 2007

Só...


Só, apesar dos deslizes,
apesar dos desvelos de alguns,
de pontuais matizes de comunhão,
partilhados em pequenos instantes...
Só, ainda e uma vez mais,
quando em íntimos momentos,
de intensidade sofrida,
reconheço as distâncias,
das marcas diferentes,
que os sorrisos provocam,
nos apressados fins de tarde,
que antecedem os doces fins de semana...
Só de novo quando presencio
no afastamento do partir,
a certeza do companheirismo,
da atenção dispensada,
na sonora e leve gargalhada,
que a disposição feliz reflecte...
Só e sempre só, mesmo acompanhada,
porque a decisão é sempre minha.

Doces anseios de outrora,
ilustraram outras possibilidades,
inexplicavelmente perdidas...

Em momentos assim, como este,
compreendo as atitudes suicidas,
reconhecendo a ousadia necessária,
a força e coragem em mim inexistentes...

Que fazer?...


Tantas palavras queria dizer
e não podem ser ouvidas;
Tantas carícias podia fazer,
mas não devem ser mostradas;
Tanto desejo sentido,
que jamais será explícito;
Tanto amor a declarar,
mas porque não querido,
é indizível, inaceitável...
Se fosse expressa,
a mesma disponibilidade
que se revela para outro ser,
sorriria com vontade,
reflectiria outra paz,
mais serenidade,
outra realização...
Sei que terei de virar costas,
olhar outros espelhos,
outras virtualidades,
deixar de ver,
no fundo dos teus olhos,
o querer inscrito,
que apenas eu vejo
e que ora se manifesta,
ora se esconde envergonhado,
abafado no desejo,
que também apenas eu vejo...
Seria tão vantajoso sair,
saltar a barreira do sentir,
caminhar para longe do abismo...
Como conciliar o compromisso
e a certeza do desespero alucinante,
que corrói e destrói,
a consistência do meu ser?!...
Não sei como fazer!...

sexta-feira, 16 de março de 2007

A Enormidade do Sentir


Transbordou então,
verteu densamente,
extravasou em intensidade...
O peito, local pequeno
para conter tamanho sentimento,
que em vez de ser guardado,
precisava ser gritado
aos quatro ventos,
lançado à velocidade da luz,
para paragens imensas,
outras dimensões:
Era amplamente sentido,
vivido em duo, a par,
em sintonia e partilha...
Quanta saudade!!!
E, este fogo no peito,
lava inscandescente,
vivifica e queima ainda,
qual fénix renascida
em cada manhã,
as entranhas do ser
remanescente...

quarta-feira, 14 de março de 2007

Jogar

Jogar para ganhar: eis o lema
que deve guiar qualquer um.
Em cada etapa do processo,
convém criar condições,
com vista à vitória...
Se este lema fosse o guia,
teria gerido a vida,
com um outro sorriso,
tendo outra filosofia.
Agora porém é tarde,
para retroceder no caminho,
e vencer este "destino",
que fui escolhendo trilhar...
Quem pudesse recomeçar de novo,
outra vez, como se fosse a primeira!...
Jogaria sempre para vencer:
Ganharia em realização verdadeira...

sábado, 10 de março de 2007

Perda Renovada(?)


Para balanço vou fechar,
e sem pressa encomendar,
nova forma de dizer,
de me dizer e me expôr...
Objectivo? Reflectir,aprofundar,
este ser que me extravasa,
e se perde em 'tábua rasa',
de sentimentos de amor,
traduzidos em versos de autor/actor...
Humana? Sim, mas demasiado!...
Cansada? Também, mas presa, fraca,
no sistema em rima encadeada,
de hipnose incongruente,
dominante e dominada,
querendo e evitando,
lutando, qual herói blefando,
em plena peleia perdida...
Sacudida, em transe, viro costas,
incapaz de aceitar a vã derrota,
da peleja desigual e assumida,
em ciúme e perda renovada,
agora que se vê, infame escolha...
Tolhida, retomo o percurso,
sem lustro, sem norte,
com morte anunciada,
infeliz desajeitada,
neste mundo indesejada,
triste e só, sem eira ou beira...
Aqui estou, hoje, despida,
uma vez mais, mas ainda inibida,
por não poder dizer,
ao meu anjo da guarda,
invocado em fase de agonia:
Bem Haja, Anjo Meu!...

Bem vindos!

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