quarta-feira, 30 de julho de 2008

Amor

"Quando encontrar alguém e esse alguém
fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa
mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso,
se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem
d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia
for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou
um presente divino: O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um
ao outro por algum motivo e, em troca,
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos
e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um para o outro.

Se por algum motivo você estiver triste,
se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa
sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas
e enxugá-las com ternura, que
coisa maravilhosa: você poderá contar
com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar,
de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar,
sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!"

Carlos Drumond de Andrade

Encontrei, meu amor, o teu amor.
E o tempo, e a loucura quotidiana,
e o "statusquo" fizeram-me perdê-lo,
perdendo-te, sei lá por quanto tempo...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A falta empolada

Desafio provocado, obstinado,
confrontando o passageiro,
momento certeiro de ser
vanglorioso, distinto alvorecer.
Sentido nos sentidos
dos antipodas razoáveis,
de emoções antagónicas,
em riscos incontrolados,
expectantes de sentir,
loucos de ilusão.
Agora o vazio inscrito,
a ausência confirmada,
a falta empolada,
o desespero da saudade.

sábado, 26 de julho de 2008

O teu abraço amasso

Um teu abraço
e nele o espaço
de aconchego,
de partilha,
de descanso.
No encontro do peito
o sabor do beijo,
o aninho do desejo,
o segredo do amor,
num amasso lasso
em descompasso,
vago, longo, manso...
Doce mel,
afago mágico,
sabor a pele,
a mais de ti, em mim,
num peito cheio,
num cheiro marfim...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Um dia...

Um dia, faz tempo, fiz escolhas, em consequência do meu encanto por ti e do encantamento que foste para mim. Desde então envolvi-me num sonho, reagi ao convite expresso de ser, de voltar novamente a sorrir com plenitude, pela partilha a dois de um mesmo encanto, de uma chama feita lume especial, de cumplicidades e vontades tão ternas, assim mesmas verbalizadas e em aberto, ricas de sentido...

Um dia, aceitei a proposta e vivi o sonho, o teu encanto e o meu encantamento, a esperança de um dia poder ser mais do que um sonho. De um dia (ainda que longínquo), poder ser verdadeiramente eu, inteira, real, verdadeira...

Um dia, passado algum tempo, senti um mundo de frustrações, um enorme desencanto perante o que, sem compreender, se foi desmoronando, entretanto...

Mesmo assim não deixei de sentir o (intenso) sentimento que tanto despedaçou o quotidiano em que me fui arrastando, umas vezes desfeita, outras mais resignada admitindo que seria necessário passar por várias provações que no entanto, eram cada vez mais difíceis de suportar...

Hoje tenho dúvidas sobre a vida, a chama, o encanto, o sonho, a felicidade, a verdade...

Sei que os mas e os ses são intensos, de tão vorazes, de tão insurdecedoramente presos à sedução, ao desejo!...

Hoje ainda blasfemo quando te penso e desejo e descubro que tens tempo para tudo, ou melhor, quase tudo...

Sinto que não vale a pena sentir, esperar, confiar, acreditar... Afinal, parece que nada mais vale a pena...

Foste o príncipe deste meu recanto... Mas (e eis Mais um Mas, do tamanho do mundo que nos separa), penso (sinto) que não estás vivo...

Sofro por ter-me envolvido, por ter-me encantado, por te dar valor...
Quanta desilusão eu lamento!... Quanto lamento tamanha frustração...
Quanto lamento!...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Para Ti

«Volta até mim no silêncio da noite
a tua voz que eu amo, e as tuas palavras
que eu não esqueço. Volta até mim
para que a tua ausência não embacie
o vidro da memória, nem o transforme
no espelho baço dos meus olhos. Volta
com os teus lábios cujo beijo sonhei num estuário
vestido com a mortalha da névoa; e traz
contigo a maré da manhã com que
todos os náufragos sonharam.»


in «O Movimento do Mundo», Poesia Reunida 1967-2000
por NUNO JUDÍCE

ÉCLOGA

"Encontrei o segredo, a chave de vidro
das palavras que escrevo; e tenho medo.
Talvez nos campos imensos, onde o lírio floresce,
na margem de rio que abriga, de manhã cedo,
os teus pés de ninfa, num engano de idade,
me tenhas visto à sombra de um rochedo;
e se os teus lábios, entreabertos num torpor
de romã, me tocaram num sonho bêbedo,
deles só lembro, imprecisos, fluxos
de incêndio numa hipótese de amor."

in «A Partilha dos Mitos», 1982
Por Nuno Judíce

SE...III

"(...) fazemos o que sabemos
mas não sabemos de todo o que fazemos.
Se tivéssemos sabido mais ou melhor
é de supor que
teríamos actuado de outro modo."
(Savater)

Não posso duvidar desta sentença.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Quero...

Quero ver. Quero ser.
Quero estar. Quero amanhecer.
Quero viajar.
Quero aprender a sonhar,
e viver.
Quero...
Quero cantar.
Quero mudar
e rejuvenescer.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Eras tu e eu...

Atar os sentimentos,
nas veredas percorridas
com desejos esconsos,
indiferentes ao bulício,
do avanço da manhã...
Desatar a saudade
na vizinhança segura,
escondida nos sussurros
das lembranças ofuscas,
nas desculpas inventadas,
nos interesses matreiros,
das vencidas carícias,
anónimas, descritas...
Desassossego no peito,
tristeza na mente
atitude de coragem valente,
recomeçando de novo,
do nada,
instante presente,
na distância ausente,
pleno e ofuscante
de ser e fazer...
Eras tu e eu,
mas eu não serei mais...

Mudanças/Andanças

Descobri que existe um Blog no Sapo que tem este mesmo nome, ENFARPELADASOCUMVEU. Então este meu diário passará a chamar-se: NUASSIMESMO

Caminhar sem destino...

Não há mágoa
que o tempo não cure.
Apenas não sei,
porque teima,
meu coração,
em sussurrar teu nome,
em lembrar teu encanto,
em chorar tua ausência...
Quero viver sem lei,
partir para outra,
caminhar sem destino,
fazendo em cada segundo,
um percurso: o meu caminho...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Que a vida me seja pródiga de ti

Na ternura que a lua me devolve,
pelo lago claro e liso que reflecte,
a serenidade do afecto bem profundo,
suspenso, quedo e mudo para o mundo.
Eis-me ainda presa, mas já livre,
repetindo o percurso da saudade,
palmilhando terras e segredos,
cantando prosas e plantando medos,
sempre que te lembro amor verdade.
Queria ver-te mais do que em sonho,
poder docemente afagar minha memória
encantar-me ao encantar-te,
num encantamento mágico, risonho,
soletrando as letras do teu nome,
na certeza de te saber sentir glória.
Queria as tuas nas minhas mãos,
assim presas sem correntes vãs,
de coração pleno e presente dádiva,
desejo emoção, significados, gratidão,
amor bálsamo de livre condição.
Que a vida me seja pródiga de ti,
num dia de cheiro intenso a jasmim,
mesmo que esse seja somente o meu fim...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ainda e sempre...

Se a vida me permitir,
viverei este sentir
ainda e sempre,
num registo, previdente,
em loucura, diamante,
sombra, segredo gritante,
de sorriso contagiante,
de sereníssimo contraste,
mas grandioso engaste.

És e serás sempre assim,
minha saudade jasmim,
memória d'encantamento,
paixão e deslumbramento.
Amar-te-ei eternamente,
com gratidão expectante,
meu amante reticente...

Tenho o coração nas mãos,
meu pássaro de arribação...

Retrato em Branco e Preto

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cór
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato
Eu teimo em colecionar
(...)
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração


Chico Buarque, Tom Jobim

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Ser senhora de tuas marés

Há quanto tempo
não digo que te amo?!
Já vai alta a lua
que nua,
mostra o seu ventre,
prazenteira,
prazeirosa,
tão airosa,
por ser matreira.
Sublime,
na sua platinada euforia,
por ainda não ser dia,
por esconder a magia
da sedução que me impele.
Sedutora e seduzida,
aspira um dia na vida,
ser senhora,
de tuas marés.

domingo, 6 de julho de 2008

A Um Ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
(...)

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Ansiedad



Nat King Cole

terça-feira, 1 de julho de 2008

Pudesse eu ...II

Pudesse eu,
minimizar o sentir,
esconder o desejo,
controlar a emoção,
mudar a distância;
Volver criança,
sonhar de novo,
escutar a canção,
viver o "suspense",
no reencontro fatal:
"No me abandones así...";
Soletrar o encontro,
aceitar expor-me
para dizer-te:
"Regresa a mi...";
E (re)viveria
outro modo de ser,
outro encanto conhecer,
outro mundo saber...
Pudesse eu...
E tu?...

Bem vindos!

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