Quantas vezes, ao ler-te, percebi que o sentido da vida é bem menos compreensível porque nos virámos costas?... Que nada mais vale quando jogamos para o alto o desejo de fluir, a vontade de realizar, o sonho de acontecer?...
Quantas vezes, ao ler-te, me dei conta que deixei do lado de fora a esperança de ser feliz porque queria isso contigo?...
Quantas e quantas vezes, ao ler-te, verifiquei que a desilusão não arrancou de mim o sentir, o querer, o calor, o sabor e o saber-te a "outra face da moeda"?...
Quantas e quantas vezes, ao ler-te, reconheci a cumplicidade, a partilha, a expectativa e também o silêncio, a ausência, o desespero, o sofrimento, o vazio de ser?...
Quantas e quantas vezes, ao ler-te, pretendi interpretar e infelizmente chorei porque incapaz, não percebi, não entendi, não compreendi?...
Quantas e quantas vezes, ao ler-te, decidi esquecer-te e não mais lembrar sonhos ou inventar esperanças?... Mas fechar a porta seria o mesmo que fechar os olhos, caminhar sem orientação, fugir sem ter para onde...
Quantas vezes te odiei por te amar e me detestei por te querer, sem conseguir ultrapassar, sem ter razão para viver?... Quantas, quantas vezes?...