domingo, 30 de dezembro de 2007

Conto as horas...

Perdida numa noite de insónia,
mal dormida, mal parida,
cansada de ti, fantasma de mim
que insiste, persiste, resiste...
Conto as horas
nos ponteiros luminosos,
que em frenesim,
galopam madrugada fora,
envolvendo o pensamento
num abraço sedento,
da tua presença memória...
E sinto-te ainda assim,
meu amado querubim,
meu desejo fascínio,
cujo encanto me namora...
Não dou por perdida a noite
porque te penso e me envolves,
em predilectos recantos,
de húmidos espasmos lassos,
de cansaço enebriante,
onde te surpreendo amante,
pleno de tão profundo encanto...

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Abdicar...

Abdicar:
dos dias cinzentos,
das manhãs mal humoradas,
das noites assombradas,
das amizades nefastas,
das palavras supérfluas,
do sentir sem retorno,
do viver sem sentido,
do sonho impossível,
do desejo inoportuno,
da esperança infundada.
Abdicar de ti
para não desistir de mim...

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Que vazio é este?

Vácuo, vacuídade...
Mesmo quando o eco soa,
ainda sonoro e forte,
preso às vísceras,
no interior do corpo,
desconexo, caótico.
Vazio ainda mesmo,
quando no refúgio,
empresto serenidade
ao desacerto natalício,
ao desengano apressado,
dos dias que se esgotam
no gostar d'outro em ti...
Ainda olho ontem
para ver-te destemido,
arrojado face ao perigo,
valente e humano...
Hoje, o espelho devolve
o reflexo disforme,
a veleidade do ser,
num parecer íntegro,
que quero reter...

Mas, que vazio é este
que (pre)sinto persiste?!...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Afinal...

A leve certeza de, afinal não ser tão excepcional, de não ser tão especial, de não ser tão diferente...

Vem ao de cima o que supostamente inexistia (porque impensável existir num ser grande, autêntico, num esprito sábio)...

Afinal o crescimento depende dos olhos de quem vê e sente e dos patamares em que cada um se encontra...

Crescer sim mas com termos, sem pressas, para que a vida valha a pena, plenamente...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Desesperança

Tudo continua,
como a chuva:
muito intensa,
mas fria e húmida,
seguida de ventania,
de recolhimento,
de retraimento,
de desesperança...

domingo, 16 de dezembro de 2007

Soa eco repetido de mim

É o eco que no grito,
repete o mágico mito
da esperança soalheira,
que no entardecer outonal
se gorou de expectativa
e tremeu de desdita,
acabrunhada, desfeita...
Repetindo-se o som,
na profundeza do ser,
ecoa em efeito tic-tac,
destemido feito Balzac,
esperando o amanhecer...
Soa eco repetido de mim
neste indo inseguro,
reinventado a mãos de cetim,
nas carícias virtuais
que a imaginação de ti
tece em silêncios actuais...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Choro a saudade de ti

Na envolvência da manhã,
despida de vontade,
acabrunhada com o sonho,
saio desnorteada.
A brisa envolvente,
lembra o segredo,
o bálsamo encontrado,
derramado na sedução
do desenvolto suspiro.
Entrego as armas,
esconjuro os mexericos,
organizo o futuro,
escrevo as decisões,
(re)desenho a esperança.
Aquando do regresso,
choro a saudade,
silenciando o desejo
e a vontade de fugir...
Sigo entretanto viagem,
em cada dia de mim,
sem o sorriso de ti,
infelizmente ausente...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Que alento, que ânimo?

Sonhei contigo sim,
mas o escuro da noite,
fez-me ter medo da vida,
e o corpo desapareceu,
no breu denso do sono,
esfumando o desejo...
Tenho medo de te não ter,
de não saber mimar,
de te perder,
mesmo sem ter ganho,
mesmo sem aquele laço,
sem o sorriso seguro,
sem a face firme,
de quem contempla o céu,
e integra o sol,
para lá do horizonte...
Quero-te tanto,
que a desdita é pranto,
na expectativa da vida...
Que entusiasmo?
Que alento, que ânimo?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Quero-te tanto

E o cheiro,
e a pele?...
E no doce olhar
(transparente,
inseguro,
trémulo,
perplexo,
sedutor),
a vontade,
o desejo
de te beijar.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Sonharei contigo

Sonharei contigo uma vez mais,
meu rapaz dos vendavais,
dos abraços fraternais,
de cansaços triunfais...
Sei que sonharei ainda, contigo.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Desejos de encantar

A rede de malha curta,
apanhando o inesperado,
enquanto o imprevisivel
acontece em suspenso,
de olhos fixos atónitos,
estupefactos, pasmados,
incapazes de aceitar
a complexidade do simples.
Nesta rede de suspiros,
verdejantes aturdidos,
constroem-se desacertos,
desgraças de sentir,
ânsias de desesperar,
desejos de encantar...

Quantas vezes...

Quantas vezes, ao ler-te, percebi que o sentido da vida é bem menos compreensível porque nos virámos costas?... Que nada mais vale quando jogamos para o alto o desejo de fluir, a vontade de realizar, o sonho de acontecer?...
Quantas vezes, ao ler-te, me dei conta que deixei do lado de fora a esperança de ser feliz porque queria isso contigo?...
Quantas e quantas vezes, ao ler-te, verifiquei que a desilusão não arrancou de mim o sentir, o querer, o calor, o sabor e o saber-te a "outra face da moeda"?...
Quantas e quantas vezes, ao ler-te, reconheci a cumplicidade, a partilha, a expectativa e também o silêncio, a ausência, o desespero, o sofrimento, o vazio de ser?...
Quantas e quantas vezes, ao ler-te, pretendi interpretar e infelizmente chorei porque incapaz, não percebi, não entendi, não compreendi?...
Quantas e quantas vezes, ao ler-te, decidi esquecer-te e não mais lembrar sonhos ou inventar esperanças?... Mas fechar a porta seria o mesmo que fechar os olhos, caminhar sem orientação, fugir sem ter para onde...
Quantas vezes te odiei por te amar e me detestei por te querer, sem conseguir ultrapassar, sem ter razão para viver?... Quantas, quantas vezes?...

domingo, 9 de dezembro de 2007

Ignóbil veleidade

Voa o pensamento,
lembrando o sorriso,
as mãos, o mimo;
lembrando o silêncio,
o desejo, a vontade
e a veleidade do ser;
lembrando o rubor,
e a certeza do sentir,
o torpor da paixão...
Bebendo a força,
na expressa sensação,
do saber da razão,
do querer fazer acontecer...
Em demência prematura,
esperando com saudade,
a verdade de então,
feita falsidade agora,
presa à sagacidade,
da ignóbil veleidade,
do sentido da emoção.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Encantamento

Encanto, sedução, fascínio.
E o desejo? Tão intenso!...
E o sorriso? Tão sincero!...
Confiar, acreditar, esperar,
verbos novamente conjugados,
numa cumplicidade tácita
de entusiásticas partilhas,
em enunciadas convicções,
tranquilamente aceites
e completamente assumidas.
E, o caminho a crescer,
numa descernida vereda ,
delineada com firmeza,
em silêncio a acontecer.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Dizer não e sorrir

Tudo está a ruir,
paz podre a fluir,
cada qual a camuflar,
seu sentimento,
a esconder a pressão,
denunciando o não,
que se avoluma.
Voltar costas, sair,
para não desiludir,
para não expôr,
a desilusão, o desamor,
a falta de solução.
Sair para fugir,
para dizer não,
sem deixar de sorrir...

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Eu sei...

Vontade de ser...

(Re)bola a bola no relvado fresco,
(re)acende-se o lume na fogueira acesa,
transborda a água da margem,
reflecte-se nela a lua brilhante,
e a noite abre-se num clarão distante,
de inúmeras sinfonias criadas,
que transmitem a magia da emoção,
no enlevado sentir do coração...
Aí vou eu sem olhar para trás,
transportando no peito o querer,
e nas mãos a vontade de ser...
Quero tratar da minha rosa,
dedicar-lhe todo o tempo do mundo,
deixar-me cativar e cativar também,
na doce libertação que o amor tem...

Marejar...

Alvíssaras pela partilha,
e também pela confiança...
Surpresa uma vez mais...
Não compreendo o marejar,
apenas sei do que me lembro,
e da vontade de te abraçar.
(Re)vejo o medo em teus olhos
e sinto uma raiva muda surda
por não te poder provar
que é maior que eu,
este desejo que tenho de abafar...

sábado, 1 de dezembro de 2007

Confiar é outro patamar de ser

Confiar, é palavra mágica que permite discorrer e partilhar cumplicidades. Palavra que possibilita a troca de pontos de vista e ideais que orientam, abrindo caminhos de luz pela segurança que transmitem...
Confiar, é saber e sentir (ainda que a muito custo pela convivência desgastante com quem não se enxerga) que vale a pena sorrir...
Confiar, é compreender que há conversas que são bálsamo, acabando por sentir que de facto a vida tem algum sentido...
Confiar, é andar sem parar. É caminhar fazendo o acontecer. É crescer no fio da navalha para perecer um dia, longínquo, com a certeza da tarefa concluida...
Confiar, é intuir um outro patamar de ser que se reflecte na serenidade com que damos a volta por cima e na certeza com que abraçamos a vida...

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Madrigais intrépidos da existência

Ainda que o agora presente não possa ser senão logo, depois ou amanhã, estarei sempre aqui, ainda que em silêncio ou aparentemente ausente... Aguardarei pacientemente pelo dia do reencontro. Enquanto isso, em silêncio, rasgo com palavras as páginas imaculadas deste diário onde discorro fantasias e estranhas sinfonias que alimentam os voos da minha imaginação. É a esperança que desliza pelas frestas do sentir, reactualizando emoções na magia do sonho que me guia e orienta nos madrigais intrépidos da existência...

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Silêncios feitos desabafos... Palavras...

"A palavra enquanto mensagem, segundo BAKTHTIN (1995), é uma estrutura pura, complexa, que o homem utiliza na sua prática, distanciando o receptor da essência da mensagem que pode ser feita de palavra escrita, falada, cantada, desenhada, pintada, tocada, cheirada, vista, gesticulada, saboreada ou, simplesmente, sentida."

Na voragem dos dias, tudo é coisa nenhuma.
Com ligeireza, adiamos família, amigos, amores, afectos. Deixamos esses entretantos para uma qualquer melhor oportunidade, para um mais adequado e pertinente momento de vida. E, caminhando em passo apressado, corremos contra o tempo, ultrapassando-nos a nós próprios, convencidos de que a meta se encontra ainda lá, naquele espaço de esperança que idealizámos quando ainda crentes adolescentes, humanizados pela certeza de que o amanhã é sempre melhor do que o hoje e seguros que a mudança é sempre portadora e promotora de benefícios e realizações. E corremos lestos pensando que chegaremos a algum lugar...
Eis senão quando, de repente, num fim de tarde qualquer em que o sol começa a esconder-se no horizonte, deixando as suas marcas completamente visíveis, mesmo antes do escuro manto da noite cobrir o mundo fechando o dia, a memória se atravessa subrepticiamente, surpreendendo-nos no âmago da nossa imensa sageza e também no mais profundo da nossa ignorância. É memória mágica, encantada, doce, sedutora que se transfigura e se transpõe para uma memória mágoa, memória luto inacabado, somente balbuciado, feito presente ausente. Memória pungente de silêncios não paridos, grávidos de metafóricas representações não expressas, ausências de palavras, de partilhas, de cumplicidades, de celebrações...
No fundo vem alertar-nos para a certeza de que a saudade é sentimento comum em vivências consensuais de partilhas triunfais, deixadas ao sabor do vento... Vem dizer-nos que há outros como nós que choram em silêncio o que a nós também dói.
Afinal, é a mensageira da solidão em que todos desembocamos. Somos os remorsos de silêncios e de ausências que emergem nos antipodas racionais pela circunstância de estarmos sós e também da vergonha por ir contra a natureza humana que nos distingue pela vivência conjunta que sistematicamente igoramos e silenciamos. Vergonha do que não fizemos, tanto quanto do que não demos e não estivemos. Constrangimento de nos reconhecermos inumanos pela consciência da essência que inconsequentemente olvidamos, não cedendo ao que orgulhosamente controlamos, regulando o jogo com regras de ice player encartado...
Inútil vergonha, vão rebate de consciência! Se por acaso nos permitisse ao menos comunicar, nos exigisse e obrigasse a parar, a partilhar!...
Mas não. Caminhamos apressados estugando o passo para o nosso canto, reengolindo o grito até mordermos as mágoas, mastigando as raivas num refúgio inaudito. Deixamos então que algumas lágrimas grossas deslizem, consentidas, pelo leito já bastante sulcado e perfeitamente definido, cumplices dos soluços entrecortados que por breves instantes produzem espasmos contrafeitos em intervalos regulares de sofrimento incontrolado numa torrente forte que o fosso provocou...
Porém, são apenas breves instantes que rapidamente expurgamos fugindo apressadamente de um caos que pretendemos ordenar. Claro que não temos tempo e não aprendemos nada... Apenas queremos fugir... Como se pudéssemos!...

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Amor universal

Se acreditar é o lema,
e até já o escrevia a pena,
tudo irá melhor, certamente.
Tal como os olhos da paixão,
vêem tudo cor-de-rosa,
com a positividade,
o mundo será de outra cor,
passando tudo a ter
um novo e melhor sabor.
A serenidade e a firmeza,
serão de facto a chave
dessa contrastante beleza.
Mas, para que isso aconteça,
é necessário outro saber,
outra maneira de apreender
que ocorra em cada amanhecer...
Os olhos que assim vêem,
trazem a chama consensual,
de um amor universal.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Deixar de te querer...

Ainda tenho que penar
se quero crescer,
se etapas vou queimar,
e não quero padecer.
Percorro em esforço,
um caminho turtuoso,
ando três, desando dois,
batalho com altivez,
sentindo cansaço depois...
Superar-me, eis o lema,
encontrando outro poema
quando for outra mulher.
Isso será certamente,
quando apenas inteligente,
dexar de te querer,
sem me esforçar...

domingo, 25 de novembro de 2007

Silêncio ensurdecedor

Tamanho é o mutismo
que quase é greve de som.
É silêncio ensurdecedor,
vazio desmotivador.
E, uma lágrima teimosa,
rola pela pele rugosa,
cansada de esperança,
presa ao sabor da dança,
que imaginou um dia possível,
mas depressa imprevisível...
Levanto o rosto do chão,
olhando a lua no alto,
e confesso em primeira mão,
a afronta e o desalento,
pela confiança nutrida,
num ser íntegro e honesto
que despertou emoções,
deixando-me desiludida,
pelo desacerto funesto,
em que se tornou a minha vida...
Contudo, ando para a frente.
Mas o coração está atrás,
e o sentimento é mordaz,
sempre que a minha mente,
relembra a doce ilusão,
de confiar plenamente,
num homem desconcertante...

Um dia, sem melancolia...

Violenta a derrapagem,
saudosa a mensagem
que se colou ao desejo,
aquele que sempre vejo,
quando reparo em ti.
E as noites longas,
são mais suportáveis,
quando subreptícia me toco
sentindo-te a ti...
São carícias insaciáveis
que regulam o deserto
em que a vida se tornou...
Espero-te ainda assim,
quentinho ao pé de mim,
um dia, sem melancolia...

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Coming Around Again

Sinto...

Sinto tanto a ausência de contacto,
o reforço e o sorriso franco,
que um dia me mimaram sorrateiros,
que já os membros se me adormecem,
no cansaço em que se entorpecem,
numa passividade coagida sem letreiros.

Vi teus olhos densos tão claros,
de novo frescos, se calhar até avaros,
com resquícios de amizade e compreensão.

Voltei a sonhar com a tua companhia,
a ter a certeza de que a sorte me sorria.
Porque sinto tanto prazer na tua sedução?!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Persistências...

De que vale a consciência de tudo isto
se em cada silêncio persiste o abandono,
o vazio da ausência de sentido?!
E olho-te e vejo escolhas anónimas,
que já não entusiasmam nem brilham,
apesar das esperanças condóminas,
dos projectos que ainda se partilham...

Dói-me a solidão

Sem que ninguém veja, escondo compulsivamente a tristeza de me saber sózinha, de me sentir vazia e completamente perdida... Dói-me a solidão...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Não queria sentir assim...

Em cada desafio que se coloca,
surgem mostras de fadiga,
de provas inolvidáveis de fraqueza,
de cansaço e profundo desalento,
de quem suporta nos ombros,
o peso da solidão e do afastamento.
Não queria sentir assim,
sozinha e sem valores de eleição,
vãmente escaqueirados nos dissabores,
e nos desamores dos corredores,
que apenas aparência são...
Não sei se vale a pena lutar
por dias melhores em cada manhã,
quando em cada tarde,
novo revés irrompe em roda pé,
afundando um pouco mais o bote...
Creio que tudo me indica o fim,
a conclusão de que só a vontade,
não vale e é debalde a frota,
de que o entusiasmo não chega,
de que a esperança é letra morta...
Sinto-me soçobrar na rota da convicção,
pela ficção que se afirma plena,
no faz de conta que se enxerga...
Que excelência? Que alta competição?
É que nada disso já se observa...

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Um dia...

Um dia, se o dia ainda se mostrar com tempo, esperarei uma explicação, uma apenas, plena de autenticidade, absolutamente singular e verdadeiramente humana. Hei-de olhar-te bem nos olhos, bem lá no fundo do coração, de mansinho, sem qualquer solicitação, adivinhando razões, sentimentos que para além dos talentos, não sejam também desilusão. Hei-de colher respostas para perguntas que jamais verbalizei, questões que amachucam persistentemente os dias de sonhos amarrotados, desfeitos, cansados, perdidos nos lagos alinhados, construidos pelas águas de levante que escondem abruptamente as cicatrizes mal soturadas, ainda frescas de tão profundas e tão mal saradas porque insaráveis de insatisfeitas... Ainda hei-de ser capaz de vislumbrar nos teus olhos, os segredos de menino, cujos medos se esgueiram defronte dos passos lassos que o quotidiano desvenda e apresenta, feito aço de fugir, para impedir males mais insondáveis, também notáveis porque inebriantes de desconcertantes, pela amoralidade (in)desejada. Ainda, espero eu, descortinar o que se escondeu, num véu apenas teu, amordaçado, subjugado ao mais elementar poder de não querer, por querer muito, enfiado num silêncio sepulcral, aliviando o mal que a "superação" provocou... E, hei-de então ser capaz de secar as mágoas e caminhar, de novo, em busca de novos horizontes, de novos amanheceres, de outros voos em outros entardeceres, mesmo que somente no crepúsculo...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Viver é estabelecer pontes

Amarga a vida,
apesar do doce sonho,
que saboreia esperança,
e vislumbra mudança,
com fé e aceitação.
Baixar os braços,
esperar com paciência,
que as dores se vão,
lavadas pelas águas,
que brotam do coração.
Aceitar perseverando,
na temperança do devir,
velando pelo acontecer,
dos rebentos a florir.
Manter janelas abertas,
nas clareiras do sentir,
reverdejando as fontes,
em suave descernir.
Viver é estabelecer pontes,
elos, nexos, laços de cingir,
é oferecer sorrisos, abraços,
desenhar correntes de unir.

sábado, 17 de novembro de 2007

Simplesmente mulher

Sou do tamanho do que vejo,
do que sinto e intuo.
Sou refúgio benfazejo,
novelo de restrições.
Sou vontade de saber,
complexo de confusões.
Sou silêncio mesclado,
saturado de emoções.
Sou entusiasmo perdido,
no desejo escondido.
Sou saudade reflectida,
na experiência vivida.
Sou de condição humana,
ternamente apaixonada.
Sou simplesmente mulher,
infelizmente não amada.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Já não há vontade

Momentos derradeiros,
inúteis canseiras,
desilusão tamanha,
valente decepção,
de enorme frustação,
que já agonia,
e cuja energia,
está destruida.
Valente desilusão,
angustia brutal,
desejo final,
de paragem estoica,
na serenidade banal,
dos inúmeros desacertos,
pelos esforços inglórios,
desajeitados e sãos,
mas apenas provisórios.
Já não há vontade,
nem desejo de desafio...

(Re)converter demências...

Batalhar retiros,
encontrar desvios,
desejos bravios,
de intensos desafios,
que suplantam as margens
que nos comprimem,
que em cada esquina,
por etapas sucessivas,
confinam o livre arbítrio,
limitando o ser ao parecer...
Amarrotar papéis,
cujos estatutos,
galgaram fronteiras
de muitas maneiras,
nem sempre as mais fieis...
Regressar ao princípio,
esquecendo a infãncia,
despir o feitiço,
largar a ancora,
retomando o porte,
e com ele o norte,
destituído de magia,
privado de emoção,
sem elos do coração...
(Re)vestir nuas memórias
enfarpelar estórias
(re)converter demências,
descodificar aparências,
(re)inventar esperanças...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Inventar amor...

Quem eu quero,
não me quer.
Quem me quer,
mandei embora.
Ficar sozinha?
Que fazer agora?!
Amarrotar o sentimento
(não a roupa nu(m) abraço
que não chega mais).
Amarfanhar a paixão,
banir o desejo,
camuflar a sedução.
Virar costas à solidão.
Abafar, esconder a dor,
silenciar a mágoa,
sair de mansinho.
Inventar amor...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Fugir para não soçobrar

Pelo canto do olho,
observei, dei conta de ti,
do teu fleuma, da tua segurança,
e também da confiança,
que os gestos reflectem,
como se fossem raios de sol,
nas águas tranquilas,
de um lago qualquer.
Olhei-te bem nos olhos,
sentindo o coração pulsar,
e a vontade de te abraçar
tolheu, paralisou-me...
Senti a onda de solidão
que determinou a queda...
Insisti na presença mas,
foi mais forte do que eu,
a vaga que me entonteceu.
Que fazer?
Fugir, para não soçobrar,
por que não?...

domingo, 11 de novembro de 2007

Ah, só eu sei...

Ah, só eu sei
Quanto dói meu coração
Sem fé nem lei,
Sem melodia nem razão.

Só eu, só eu,
E não o posso dizer
Porque sentir é como o céu,
Vê-se mas não há nele que ver.


Fernando Pessoa

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Quem pode dizer para onde vai a estrada?

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Desassossego e vãs memórias

Devolvo o sorriso brilhante,
apesar da tristeza arrasante
e do remanescente despeito,
que transporto no peito,
pela ausência de reforço,
e a inexistência de conforto,
na solidão da presença fria,
na áspera desarmonia,
que a tua voz denuncia...
É metálica a proximidade
que desanima e atrofia,
destruindo encanto e magia,
que a quimica (pre)anuncia,
mas a razão desvirtua
e ensombrece a ternura...
Tenho dó desta agonia,
que estranhamente amofina,
desenhando no horizonte,
sentimentos ambivalentes,
vontades contraditórias,
revezes duros, emergentes,
desassossego e vãs memórias...

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Pasmo...

Pasmo perante a ousadia,
perante o arrojo,
na audácia descarada,
de ser e de parecer
que se imbricam
e se multifacetam
num reflexo de azimute,
sem verticalidade,
com convivialidade
e com cumplicidade,
em protagonismos reais,
nos alarves comensais,
que se denotam impessoais.
A intuição aguçada,
manifesta maior doer,
por ser capaz de antever,
o que se esconde à socapa...
Quanto desplante,
quanta humilhação...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Que é da poesia?

Que é da poesia,
neste relato incerto,
neste desumano deserto,
despido de sensibilidade,
sem conforto e humanidade?
A supremacia da razão,
ocultando as maresias,
que de tanto se expraiarem,
em espasmos valentias,
se resumem e harmonizam
em eternas sinfonias,
que se entrecruzam
em nus silêncios profundos
de sobressaltos dançantes,
plenos de diamantes.
Que é da poesia?

Como...

Como fazer o luto,
na presença do defunto?
Como querer serenidade,
se não abona a verdade?
Como cantar emoção,
se o quotidiano é solidão?
Como mostrar sorrisos,
se tanto falham os amigos?
Como sentir paixão,
se o presente é desilusão?
Como sonhar com amor,
se a realidade é torpor?
Como desejar felicidade,
se a vida é só saudade?

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Pretensões

Pretendo:
Desistir de lutar
por um lugar ao sol
(afinal a sombra também
pode ser acolhedora);
Deixar de valorizar
quem nem dá por mim
(afinal há tão boa gente
que se importa comigo);
Sair da esfera de vôo,
para poder agilmente crescer
sem ser por entre abutres
(afinal há céu sem abutres,
que permite deslizar melhor);
Libertar o ringue
deixando espaços amplos
para as lutas de poder
(afinal o poder é saber);
Abandonar o barco, mesmo
com prenúncio de tempestade;
(afinal após a tempestade
acontece sempre a bonança);
Largar tudo, recomeçar de novo,
para valer a pena o amanhecer
(afinal apenas o novo
promove o aperfeiçoamento,
libertando da solidão).
Proponho-me, porque não?
Quero esquecer, porque sim.

sábado, 3 de novembro de 2007

Limites

Para tudo há limites.
Os meus emergem agora.
Nesta encruzilhada vivida,
manifestam-se, refractam-se,
qual força centrípeta,
descrevendo a trajetória
num movimento circular,
do corpo para o centro,
voltando-se sobre si mesmo,
fugindo do confronto,
e do conforto da relação...
Não permitirei desta vez
que acasos profundos e ocultos,
energias levemente trocistas,
galguem novamente as margens...
Está chegando a hora
de expôr os limites,
de zelar pela vida,
de retornar às origens,
de recomeçar percursos,
de cicratizar feridas,
de selar sentimentos,
de esquecer os sonhos,
de encerrar o meu diário...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Que é da vida?

Há intenções, informações, emoções.
Há razões, complicações, reclamações.
E, há conclusões.
Que é do encanto?
E do deslumbramento?
Que é da vida?!

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Absolutamente!...

Se não fosse este vazio,
esta agonia insana,
este amuo constrangido,
este coração desfeito,
poderia suplantar-me,
buscar novos desafios,
sorrir e congratular-me.
Poderia abrir meu peito,
batalhar outras riquezas,
libertar-me deste aperto,
destas garras de despeito.
Quase autómato, resisto.
Por quanto tempo? Como?
Que interessam os porquês?
E os onde e os para quê?!...
Que crescimento promovem
os reveses pontuados?
De que são feitas as emoções?
De que vale a vontade?
Queria entender teu sentir,
o segredo da tua alma,
a força do teu olhar,
a vontade da razão,
os alicerces da emoção.
Queria poder reagir
ao bárbaro desejo de ser
e, num silêncio sepulcral,
baixar braços: desistir,
absolutamente!...

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Sussurros incandescentes

Brota do fundo de mim,
a segurança da verdade.
É minha crença sem fim,
garante de liberdade,
o que espero de mim,
e o que anseio de ti,
partilha de serenidade.
Na secreta e firme certeza
de confiar na natureza,
serei a doce esperança,
de me saber ainda princesa,
e perene minha lembrança...
Fui regalo de horas nuas,
sem ponteiros frios no tempo,
por dias e dias de romaria,
em sôfregos momentos plenos
de incandescentes sussurros,
companheiros de atropelos
e de inolvidáveis desvelos...
Ainda que imprevisível, a vida,
foi capaz de grandes feitos.
Apesar de estranho o sentimento,
do profundo e louco desejo,
de ser outro em outro olhar,
e ainda um terceiro, a denunciar,
enorme explosão de emoções
que foi urgente silenciar,
sobressai a ingenuidade,
de uma paixão com verdade...

sábado, 27 de outubro de 2007

Mestre de eleição

Presença benfazeja,
sempre enobrecido,
empolgado e empolgante,
caminheiro lutador,
não vacilando ao alvor,
com força de diamante.
Entusiasta. Empenhado.
Vais estendendo o universo,
em explicações convictas,
aumentando conhecimento,
modos de ser e fazer,
que com sentido fazem crescer.
Como te admiro a essência,
valente sem dependência,
força de ir e voltar,
navegador em alto mar.
E, ainda te dás com ternura,
tolerando, com brandura,
anseios novos, afeição.
És amora campestre
que me regala e aquece
sempre que estendo a mão.
És meu deleite parceiro,
referente e companheiro,
querido mestre de eleição.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Retornar princesa

Pudesse eu cantar-te,
soprar-te o meu talento,
dizer-te o meu encanto,
ganhar teu interesse,
acertar o passo,
volver desejo,
saciado com beijos
e admiração tamanha...
Quiseras tu
caminhar a passo,
envolver-me em abraços,
dotar-me de grandezas,
reenamorar-me,
retornar princesa,
em teu dizer de afagos...

Sedutoras magias brancas,
perturbadoras,
que nos sonhos reflectem,
meus delírios,
minhas esperanças,
cujo ser rejuvenescem,
nos imprevisíveis enleios,
dos inolvidáveis paleios,
que deslumbraram,
e ingenuamente encantaram...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

EZ Special - "Sei Que Sabes Que Sim"


E que para mim
És o mundo lá fora
Não há nada a fazer
Nem nada a dizer
Aqui e agora

Deixa à volta o mundo
Vai ser o que o tempo entender
Nem tu tens de o dizer
Só tens de o sentir
Se Sabes que Sim
e que para mim
És o mundo lá fora

Olha para mim
Se estiveres a fim
Falamos depois
A qualquer hora

(...)

Meu sonho lindo

A ânsia que me confina,
me envolve e me oprime,
causa agonia e queixume,
a cuja tristeza és imune.
Sinto um vazio profundo,
no espaço do meu mundo,
onde te vejo distante,
sem o desejo do amante.
E com o coração às voltas,
desejo-te nas notas soltas,
das serenas melodias,
com que engendro sinfonias,
que me ocorrem e guiam.
Ainda és o meu sonho lindo,
com que nas noites me brindo,
em serenos sobressaltos
de vagas doces carmesins,
expressas em rubros espasmos.
Só não compreendo este aperto,
este buraco em meu peito,
que tanto dói e desalenta,
e que magicamente deleita.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Valeu...

Valeu para sentir que sou gente.
Valeu para esquecer a esperança.
Valeu para saber que nada vale.
Valeu para me reconhecer vazia.
Valeu para parar de lutar.
Valeu para abandonar os sonhos.
Valeu para me meter no meu canto.
Valeu para desejar partilhar.
Valeu para aprender a não confiar.
Valeu para viver angústia.
Valeu para querer separação.
Valeu para saborear desejo.
Valeu para crescer pela dor.
Valeu para dominar a paixão.
Valeu para amordaçar o coração.
Valeu para idealizar o céu.
Valeu para conceder o perdão.
Valeu para escrever emoção.
Valeu. Mas, já não vale mais...

Deixa-me ser contigo!

Deixa espontaneamente dizer-te
o que me vai na alma.
Permite acariciar-te,
fazer-te um mimo ternurento,
observar-te longamente,
sem pressas e sem entraves.
Deixa perder-me no teu olhar,
relaxar em teu abrigo,
encontrar-me no teu sorriso,
descansar no teu ombro,
esconder-me no teu abraço,
adormecer no teu regaço.
Deixa-me ser contigo!...

sábado, 20 de outubro de 2007

E...

E, há vezes que por vezes,
apesar de parecer,
as vezes não são vezes,
infelizmente...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Às vezes...

E, às vezes a vida encolhe...
por nada ou por tão pouco!...

Às vezes,
as vezes são vezes,
que por vezes não tememos e,
outras vezes as vezes não são vezes
que iluminem os percursos
e facilitem as opções...

Às vezes são vieses que nos dão,
são amarras do coração,
são inoperâncias do sistema...

Às vezes dói-nos o ser e o parecer,
a vontade e o desdém,
e por vezes soi dizer,
que desistir é mesmo um bem...

Às vezes, valia mais adormecer,
baixar os braços e de vez perder ,
o sonho ideal que nos guiou,
por inúmeras veredas do caminho
que por vezes perdurou...

Há vezes em que as vezes morrem
e com elas os desejos e os anseios...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Duros vendavais trajam tua ausência

Soterram-se os abrolhos
que tendem a jorrar,
nos longos cinza matinais
dos dias outonais.
Esses duros vendavais,
trajam a tua ausência,
na distante permanência,
de imprevisível silêncio
que causam feio sofrimento.

Bailam as emoções...

Bailam as emoções.
Entrecruzam-se.
Volteiam em arcos,
sinuosos percursos,
de vai-vem encrespados.
Brotam enfeitiçadas,
seduzidas, fascinadas,
saltando escolhos,
ritmando os sonhos,
de futuros risonhos.
Ressurgem nos gavetos,
esquecidas dos prantos,
presas irrequietas,
de um poderoso encanto.
Reavivam-se labaredas,
olvidam-se degredos,
renovam-se espectativas.
Constroem-se esperanças,
organizando danças
de damasco e cetim,
presas desse jasmim
que enlevam meus olhos,
porque quando te revejo
reacende o meu desejo.
As velhas-novas emoções,
cantam suave fantasia,
no segredo do dia a dia,
para eu não soçobrar,
nas sequelas deste mar,
que entre nós tu interpões.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Eras tu mais eu

Eras tu mais eu,
no meio da multidão.
Apenas nós valíamos,
somente tu e eu,
diferente sentíamos...
Eras tu mais eu,
no meio do mundo,
sabendo-nos próximos,
mais juntos,
mesmo no silêncio,
e apesar da distância...
Eras tu mais eu,
apenas nós no olhar,
e também no querer.
Tudo o resto figurava,
no plano da alvorada,
como se sombras fossem,
de névoa ou algodão doce...
Eras tu mais eu,
apenas nós de novo,
capazes de lutar,
felizes pelo fado,
nosso ideal buscado,
tornado mais real,
no quotidiano, concretizado...

sábado, 13 de outubro de 2007

Olhar balsâmico

Ávida de um beijo
que pudesses dar-me,
desejosa de um mimo
que pudesses oferecer-me,
reinvento o quotidiano,
reaprendo a serenidade...
Apesar da presença,
e da intensidade do olhar
com que me presenteias,
deve cumprir-se a distância,
tem de garantir-se o silêncio...
O teu doce olhar,
é o bálsamo do meu anseio,
o serenar do meu desejo...

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

D. Quixote em demanda

Constrangida a palavra,
Cansada, aniquilada
Na côncava esfera,
Apaziguada pela chama,
Envolta em teias senhoris,
Revolta de puros ardis,
Cuja retoma se renova,
E ora reacende e apaga,
Face ao vento e ao lamento,
Numa chama de carmim,
De desejo e frenesim.
Eis que sou tal entusiasmo,
Tal qual um cavaleiro andante,
Um D. Quixote em demanda,
De um puro Graal,
De um milagre forçoso,
Doce e generoso,
De emoção ao rubro,
Reflexo de fascínio e sedução,
Transparente e sereno,
Aconchego do meu coração.
E do teu, por que não?

Tenho medo de viver...

A cada nova tentativa,
a dureza da investida,
de não poder ser por agora,
de evitar a dupla vida,
de esconder a deriva
que o coração não tem
porque não gosta,
porque não teme o desdém...
Face à desdita sentida,
aos solavancos do percurso,
nos vai-vem e nas arrecuas,
do desalento disforme,
do desencontro provocado,
de desejos negados,
de promessas desavindas,
de compromissos escusos,
promíscuos mas difusos,
de um ser que parece,
de um parecer que padece,
por não poder ser,
por não querer sentir
e que por isso esquece...
Tenho ganas de fugir,
tenho medo de viver...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

És tu e eu...

Vale tanto o silêncio
quanto a palavra redonda,
e o que ela silencia,
em sua doce presença,
devota e com premência,
e que ignóbil denuncia,
a tormenta do espírito,
a dor do pensamento,
e o pesado sofrimento,
do inglório martírio.
É na certeza do mistério
que me confundo e me espanto,
e derramo enorme pranto,
de inefável desalento,
cujo desejo recalcado,
reaviva e promete,
novas formas de alimento,
de ausências permanências,
com constantes afastamentos...
És tu e eu, num esconde-mostra,
num diz que sim, mas que não,
que consdescende e aniquila,
que acarinha e maltrata,
que rude lança e desalinha,
acertos e desacertos,
numa indefinida ladainha,
irreal, ilusória, mesquinha,
tão inglória quanto tontinha...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Sei que hei-de amar-te...

Sei que hei-de amar-te
ainda e tanto,
que espero fugir ligeira
do pranto da tua ausência...

Espero caminhar vida fora,
ganhar com a tua demora,
uma carapaça dura e sorrir,
lograr esquecer de vez
este inoportuno sentir...

Desatei a tristeza... derramei a saudade

Caminhei por entre o silêncio
das giestas, dos carvalhos,
dos pinheiros e das urzes,
saboreando amoras silvestres,
enroscada em silvas e bogalhos,
e xistos de quartzo,
sem presenças vis,
à procura de memórias infantis:
- Olha a casa do Ti'aniel!!!
- Aqui caímos da burra...
Fui encostada ao riacho,
ao encontro da história,
olhando o agrião agreste,
as meruges, as urtigas,
os choupos e os ciprestes...
Desatei a tristeza,
derramei a saudade
e as lágrimas saírem,
sorrateiras, presas ao âmago...
Chorei a credulidade "abusada",
de infância e inocêcia amputadas...
Chorei a verdade inesperada,
e a dor deste amor impossível.
E, nem as memórias e o cansaço,
me libertaram desse abraço,
que há tanto tempo recordo,
e dentro do peito transborda
e o revivo e reinvento,
e em cada esquina o lamento
e o espero e o sufoco...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Ir...

Fugir?!... Ir:
Ocupar a mente,
baixar às raízes,
às memórias recônditas
das saudosas meninices,
relembrando o tempo,
cujo tempo não passava,
apesar da brevidade
com que os jogos acabavam,
nos dias afinal curtos,
para tantas folias...
Até o sol era outro,
num céu de um azul profundo,
minha terra, minha gente,
semente do meu fazer...
Relembrar felicidade,
única fase prazenteira,
de tão amena cavaqueira,
num crescimento sereno...
Ir e ficar. Por que não?
Talvez limpasse o coração
desta dor alucinante,
de me saber só e incapaz,
de garantir realização,
com menor frustração...

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Encalhei no lusco fusco...

Vesti o manto triste
bordado de vendavais,
em fria noite esculpido,
na rocha deslavada,
no cristal esfacelado,
traduzindo pedaços,
em espaços sinuosos
de cansaço desilusão...
Despi o sorriso cristalino,
banquei a alegria dourada,
para soletrar verdades,
inevitavelmente encarceradas,
retesadas pelo silêncio,
grávidas de desejo,
tentadas pelo encanto,
definhando em pranto,
como se nada fosse...
Perante meu peito nu,
construí robusto muro,
como se o fazer de conta,
não fosse o meu futuro,
e houvesse ainda esperança,
latente, brilhante, ofuscante,
fio de luz transparente,
alumiando o presente...
Encalhei no lusco fusco
que mal vislumbrei outrora
e que se extingue agora,
valente mas agonizante,
oprimido, definhante,
com planos obstruídos,
por não ditos consentidos,
opções imprevisíveis,
brutais punhais de desenganos...
Caminharei(?) ciente do vazio
que o teu corpo não preenche,
porque o cérebro teima,
e o coração obedece,
apesar do logro,
apesar da chama
que a tua razão esquece...

Pensamento

"Ainda que eu conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver amor, nada serei. O amor é paciente, é benigno, não se exaspera..."
(Paulo de Tarso - sec.I)

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Queria dizer-te...

Acabou, tudo. Findou...
E, o soluço seco no peito,
endureceu, potenciou
a certeza da queda,
o desespero da "perda",
a agonia da tristeza,
intrínseca, plena,
a "bruteza" da frustração...
Queria tanto
dizer-te

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Nãooooo!!!!

Não tenho vontade de ser,
nem de pensar,
nem de saber...

domingo, 30 de setembro de 2007

Curtindo a fossa...

Curtindo a fossa,
da lua minguante,
calcorreio à chuva,
peregrina, caminhante...
Batem-me no rosto,
os pingos frios,
as gotas gordas
escorrendo,
por entre os olhos,
pelos desânimos,
e pelos desenganos,
sem controle e sem limite,
irrompendo sem contento...
Choro com a chuva,
a dura desilusão,
e também a crua sina
de me saber sozinha...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Inutilidade

Se o mundo não estivesse a desabar,
seria tão mais fácil...
Apetecia-me desistir de vez.
Largar tudo, fugir...
Estou sem força para me sustentar...
Dói-me reconhecer-me cinza e pó...
Sinto-me absolutamente inútil...
Hoje tenho vontade de morrer...

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Equívocos...

Equívocos, vários,
sempre com afastamento,
tensão e constrangimento...
Eras outro, outrora...
Que suplicio esta vida,
este enorme vazio,
eterno desejo de cristal,
plantio de vendaval,
incontrolável, avassalador...

É silêncio adunco, defunto de solidão...

"O silêncio é a mais perfeita expressão do desprezo" Bernard Shaw

Se, como diz Bernard Shaw, o silêncio é a expressão do desprezo, realmente sinto-me profundamente desprezada, completamente humilhada...
Por que me desprezas tanto? Será que o silêncio pode ser outra coisa, poderá querer dizer algo diferente?
Porquê a existência de tão profundo silêncio? Por que razão esse silêncio se torna leitoso com o findar das manhãs, se adensa no decurso das tardes, tornando-se pastoso como o desencadear da noite?
Dói-me a balbúrdia do silêncio, o barulho ensurdecedor da tua presença na minha memória, o ruídoso silêncio do teu olhar quando me interpelas...
Dói-me a arrojada vertigem de me saber intocável nos ecos do silêncio que as tuas palavras constroem quando comigo conversas...
Dói-me fixar-me nas amarras deste meu decrépito desejo de me superar nas palavras que aos atropelos se me colam nos silêncios assumidos dos sentidos inaudíveis que teimam em prevalecer em não ditos, para descomprometer.
Desprezo? Sim. Sentido na feira, na eira, na beira e à soleira do interior do meu castelo... É silêncio adunco, defunto de solidão...

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Explode Coração

Vou até onde me doam as mãos...

E a fada sorrindo,
depressa saudou
a gota de espuma,
que rapidamente secou...

Estrela cadente,
vestigio de luz,
letra agonizante,
que ainda seduz...

Rosto de ternura,
carícia de sonhar,
segredos de ser,
retidos no olhar...

E a fuga serena,
de desejos contidos,
valendo sorrisos,
resgatando abrigos...

Resisto a custo,
intensifico o muro,
escolho não pensar,
caminhando no escuro...

E vou, até onde me doam
as mãos que me libertam,
caminho, até onde me guiem,
os olhos que me matam...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Ainda dói o silêncio...

E ainda, de novo,
aquele sentimento louco,
o desassossego intenso,
o desespero e a dor,
de te reler e me entontecer,
e me perder nas tuas graças,
no teu encanto sedução,
e reconhecer vazio,
angústia e decepção...
E o aperto do peito,
o soluço seco perdido,
por entre as palavras vãs,
tão inúteis e insignificantes...
Ainda dói o silêncio...

A dádiva de uma entrega adiada...

Em vez de apaziguar minha ânsia de ser,
Tua presença/existência,
Potencia e intensifica o desejo.
Embora pacificando o quotidiano,
Colmatando incertezas e descrenças,
Glorificando ideais e verdades defendidas,
Provoca(s) torrentes impetuosas,
De sentimentos contraditórios,
Incontroláveis emoções em conflito…
De cada vez, um pouco mais me obrigo a viver,
Resignadamente, cada silêncio do tempo,
Cada momento sem planos, sem lamentos,
Com um maior isolamento interior,
Uma maior solidão não partilhada,
Assaz intranquila…
Lutei tanto contra este sentimento!...
Quis deliberadamente fugir,
Esquecer o deslumbramento
Evitando a louca caminhada, sem retrocesso,
Em que acabei por investir,
Oferecendo-me e expondo-me,
Na dádiva de uma entrega adiada…
Porém, não foi possível escapar ao fluido, ao flash…
E, em abandono completo, revivo cada segundo
Do instante de intenso e pleno prazer
Que espero ainda, um dia, viver…

domingo, 23 de setembro de 2007

Foi-se o bulício...

A rotina espreita,
anunciando sacrifício.
Foi-se o bulício,
e com ele o desafio,
a densa presença,
na pertença de um sonho,
trazendo de volta,
o cansaço medonho...
Mas, com ele virá também,
a espera abnegada,
de intencional fervor,
a vontade iluminada,
pelo intenso entusiasmo,
de partilha e amor,
com que te espreito
e reparto com alguém.
E, se nada mais valesse,
restava a satisfação
de uma mãe que recebe,
um beijo de gratidão,
depositado no rosto,
com enorme prontidão.
Mas, é já saudade,
a lembrança de então,
pautado de ansiedade,
de desafio e compreensão,
retido na cumplicidade,
na memória da partilha,
fruto de profunda emoção.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Sentimentos soltos

Foi tâo rápido que esqueci.
Mas, serenamente venci,
tamanho deslumbramento...
Pensei os dias cansada,
perdida e solitária,
mas dei-me conta
e quase sempre,
senti-me sorridente,
parecendo-me outro ser,
capaz de tanto acontecer...
Impensável este efeito,
antes deste intenso sentir,
mesmo antes deste viver...
Porém, houve gestâo de mestre
e esta intençâo campestre,
realizaçâo proporcionou,
com crescimento profundo.
E, foi quase de afogadilho,
que desliguei qualquer rastilho,
para poder ser outra ser,
lembrando quem me encantou...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Quis-te mais do que outrora

O marulhar das ondas,
a agitaçäo da manhä,
o silêncio da luz,
o fresco da brisa,
o sorriso nervoso,
a singularidade
e a certeza da vida,
em cada esquina escondida,
o vaguear pela cidade
e a maresia, saudade...
Quis-te mais do que outrora,
penso-te a cada hora,
(re)invento-te
e (re)definindo-me,
espero-te convictamente,
reganhando expressamente,
a certeza de te querer...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Eis-me de volta

Aqui estou de volta,
capaz de sorrir,
alegre por caminhar,
saudosa por compartir
na ausência do modelo,
sem garantia de retemperar,
da agonia de te nño ver,
desejosa de me dar,
para também receber.
Aqui estou, de volta,
fresca e sem perceber
como a vida pode ser
um eterno devir,
um profundo acontecer...

Vou ali, já volto...

Com pezinhos de lã,
pela manhã,
sem que se ouça,
sem que se saiba,
vou ali, já volto,
despir a saia...
Sonho-te esperança,
maduro o desejo,
verde a temperança,
vou ali, já volto,
um poema num beijo...

domingo, 16 de setembro de 2007

sábado, 15 de setembro de 2007

A ti, a minha eterna gratidão.

Fizeste-me acreditar que o sol está sempre no horizonte, por mais que as nuvens o tapem... Rasgaste horizontes, proporcionaste-me outros olhares pelos desenhos que foste delicadamente construindo nos meus dias de labuta inconsistente...
Num complemento de imensa partilha, acreditei que poderia ser outra, pela profunda cumplicidade pressentida, apenas possível entre sensibilidades especiais e próximas dos ideais e dos sonhos de mudança das realidades estáticas, tão tradicionalmente aceites e estanques e tão absolutamente cristalizadas e redutoras, tal qual o descrito em "O Nome da Rosa" de Humberto Eco, secundado pelo "Mundo Imaginado" de June Goodfielf e cuja figura do "velho do Restelo" tão bem caracteriza e evidencia... Senti-me par, alma gémea, com tanto em comum e tão necessitada de um ombro amigo, de um peito aconchegante, de uma mão orientadora, de um colo balsâmico, de uma aceitação protectora que me proporcionavas... Senti-me de novo menina, jovem e princesa de um reino que se me apresentava sedutor, que desabrochava num tropel de cores, sabores e odores, tão vivo e tão intensamente rico e cativante que, a custo, a muito e pesado custo, poderia olvidar-se no seu deslumbrante reflexo espelhado, qual arco-irís engalanando o céu em tarde de tempestade... E, foi neste encantamento sublime que construí os alicerces que hoje me dão algum conforto e me fazem sentir com uma enorme segurança (totalmente desconhecida e impensada), relativamente ao que quero e espero da vida... É bom quando, como hoje, sinto que há carinho e valor e ... calor, nas gentes que me rodeiam.

Beijos lassos

Beijos lassos,
húmidos, gostosos,
línguas vibrantes,
mansos amassos,
imensos abraços,
verdes e longos,
grandes espaços...
E, que é dos laços?
Dava jeito...
Óptimo seria,
criar compassos
e neles satisfação:
a libertação da pulsão...

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Faz de conta...

Faz de conta que a vida, lá fora é apenas penumbra e que se vislumbra já sem valor, somente por entre as lentes difusas, gastas e desbotadas, velhas e desfeitas...
Faz de conta que não aconteceu nada, nunca, nas manhãs de nevoeiro...
Faz de conta que os sentidos são vazios, ocos de sentimento...
Faz de conta que fazemos de conta, que somos gente feliz...
Faz de conta... Por que não?
Hei-de abrir as asas e também fazer de conta, porque sim...

Sinto desejo de ser...

Por entre rosas e cardos,
vagueio ensandecida,
presa embevecida,
de um desconsolo profundo.
Coloquei em lume brando,
toda a minha fantasia,
descobrindo, acabrunhada,
que perdia, a cada dia,
cada vez mais,
a companhia,
a cumplicidade,
a partilha,
que para outra fugia,
desta feita,
para uma vadia.
E, com algum à vontade,
(apesar de chorar saudade)
aceitei mergulhar no nada,
e esperar pela madrugada,
de um novo amanhecer,
lento,
na bruma do parecer.
E, neste louco padecer,
de ter deixado de lado,
o terno e doce querer,
na fuga do desprazer,
sinto desejo de ser,
apenas a namorada,
da sombra,
ao entardecer...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

E tu...

E tu tão longe,
tão distante e ausente,
na presença eficiente,
do silêncio assumido,
da razão soberana,
"ice player", seguro,
com percurso firme traçado,
num desenho aprimorado,
dorido de espartilhos,
mas recto de ideais,
e de sonhos alicerçados,
que te fazem mais humano
e tão fielmente amado,
apesar dessa distância,
desse silêncio marcado.

11 de Setembro: memorável espanto

Neste diário do meu (des)encanto,
foi um dia de memorável espanto
e de excelsa riqueza,
pelo empenhamento de tantos,
na verdadeira sinfonia,
da verdadeira partilha
de valores e anseios...
Quanta gratidão,
por este lugar charneira,
este cargo de eleição,
que congrega na dianteira,
tantos esforços concretos,
para a radical mudança,
abolindo sem sentidos,
promovendo alianças,
num esforço de equilíbrio,
numa atitude de esperança.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Hoje, mais difícil que ontem...

Tanto silêncio e tanta azáfama, tanta luta e tanto atropelo, até me fazem saltar da cadeira. E, ter de suportar tudo, com serenidade, é uma façanha e tanto...

Metáfora.

És a minha metáfora:
a magia de te saber,
a certeza de te querer,
a alegria de te sonhar,
o silêncio de te amar.

Terá valido a pena?!

Terá valido a pena,
dar-me tanto
e tão profundamente
que a limite me desconheça?
Não percebo esta cena,
este escorrer de Afrodite,
esta efervescência de apreço
que por ti nutro,
num turbilhão de emoções,
que desagua na noite,
envolto em silêncio,
com manto de desejo
no suplício de um beijo,
que tarda em chegar...

O fosso adensa-se...

O jogo já vai alto,
a parada foi ao rubro,
os trunfos foram saindo,
um a um, em seu lugar,
fazendo adensar o fosso,
que se avizinha a ressoar.
Aproximando-se do final,
cada jogador mostra a limite,
a experiência triunfal,
observando o maestro,
o desenrolar da estirpe,
de cada apostador lesto,
que se arroga o direito,
de se dar por satisfeito,
porque se julga alguém,
quando inibe o outro além,
sem pesar nem compaixão,
mostrando sem suspeição,
que a equipa é um ideal,
que até nem vai nada mal,
se assim se mantiver.
Ora, esta equipa maravilha,
nada mais é do que um grupo,
cujo valor de partilha,
está muito aquém e devoluto...
Mas, que importa tudo isto,
se com tanta ousadia,
até se celebram largos feitos,
e se edificam sintonias,
em quotidianos solarengos,
ainda que sem grandes pedagogias,
mas sem quaisquer contratempos...

domingo, 9 de setembro de 2007

sábado, 8 de setembro de 2007

O caminho estreita-se...

Calcorreando o caminho,
vou largando nas beiras,
os desejos, as quimeras,
os segredos, as esperas,
os desgostos e os prantos
que delineiam as margens
das desilusões, dos desenganos...
Descubro que os limites,
se estreitam lentamente
provocando enormes quedas.
E, os tropeços são tantos,
que temo que o fim,
também se aproxime de mim.
Já não é o mesmo caminho,
é um carreiro estreitinho,
sinuoso e acidentado,
que me entrava o percurso
e me mostra à evidência
que o amor é um discurso,
vazio e sem consistência...

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

É preciso sentir o encanto

Dizer não chega,
é preciso mostrar
o que os olhos dizem.
Será que dizem mesmo?
É preciso sentir o encanto,
ouvir o silêncio indizível,
da magnética energia fogosa,
que o contacto trará
em faísca imperdível,
do desejo saciado,
da ternura contagiante,
da sedução encantada,
da magia deslumbrante,
do fascínio enfeitiçado
da arrebatada conquista...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Medo: sabor da perdição

Ai o medo, o medo,
que a medo se implanta
corroendo, cerceando
a vontade de ser gente,
o gosto de ser humano.
É um carrasco cinzento
subreptício e sedento,
que instiga ao degredo,
para guardar em segredo
a vontade de ser gente,
o gosto de ser humano.
O medo, expõe-se na anulação
na miséria da recordação,
de se ter sido forte,
submetendo a paixão,
ao demasiado humano
sabor da perdição.

Ligeira a satisfação...

Longo o dia.
Ligeira a satisfação.
Que é do reforço,
perante a abnegação?
Como e quanto dói a falta,
a ausência e o não dito,
o mutismo e o interdito!...
É adiado o carinho,
coarctada a emoção,
desfeita a expectativa,
destroçada a esperança,
transfigurado o sonho,
submergida a ilusão.
E, que é da vida,
e da realização?
Que é da vontade de ser,
do desejo de me perder,
no seio das tuas mãos?
Que é de mim e de ti,
se ignoramos os sentidos,
e sempre anulamos a emoção
para validar a razão?

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Hoje...

Hoje precisava de ti capaz de me dizer duas palavras de reforço individual. Necessitava de uns segundos especiais da tua atenção. Tal como outrora, como quando esperavas os meus "diários desabafos" de final do dia, tive necessidade do teu afago. Foi há tanto tempo já...
Hoje a nostalgia instalou-se e a saudade irrompeu...
Hoje aguardei a proximidade que se esfumou. Esperei um sorriso explícito que se ocultou...
Hoje ambicionei ser o teu ombro amigo, a tua companhia para poderes ser a minha companhia, o meu ombro amigo...
Hoje desejei um abraço franco, apertado, onde a emoção não se escondesse e a tua natureza apaixonada fosse espontaneamente vivida...
Hoje senti o apelo do meu coração pelo teu encanto. Imaginei-me puro espírito e enlacei-me em ti, toquei-te em pensamento...
Hoje suspirei por ouvir dizer-te que me queres e quis-te mais ainda... ...
Hoje almejei ser princesa de novo...
Hoje... quero ao menos sonhar contigo...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Achei um rumo

Achei um rumo,
aceitei um percurso,
descobri um sentido,
acolhi um tesouro...
Escolhi o diferente,
renovei o desejo,
sancionei a culpa...
Valorizei o riso,
defini a meta,
iniciei o roteiro...
E, hei-de ir assim,
andante, caminheiro,
no presente construindo,
o trilho brilhante,
do meu sonho latente.

domingo, 2 de setembro de 2007

Surge o mote.

Lanço a pena,
qual enxada batalhando
na rugosa assimetria
de chão arável,
seco de tanto pranto,
sedento de maresia.
Conjugo acordes,
irregulares elos
de vagares e desvelos,
que cantam a inspiração,
em secretas sinfonias,
desabafos de emoção.
São maravilhas balsâmicas,
de enorme gratidão,
pelo regresso do mote,
pela clareza do norte,
na certeza da realização...

Regresso do sonho

Regressa o sonho
e também a vontade,
o desejo,
a coragem renovada,
a certeza,
o lampejo da emoção.

sábado, 1 de setembro de 2007

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Rasando o precepício...

Em cada instante,
anseio longa e profusamente,
por um pouco de calor.
Cada pedaço do meu ser,
espera nesgas de sentimento,
no encalce da ilusão de felicidade,
pela garantia de liberdade,
reconhecida na partilha,
na vastidão da pertença,
no silêncio do não dito,
inaudível, porque infinito.
Rasando o precepício,
da soberana entrega,
hesito, vacilo perplexa,
perante o matreiro sorriso,
do sedutor e zombeteiro desejo,
transformado sem pudor,
e sem remédio,
e sem jeito,
em estranho sobressalto
de irredutível esquecimento,
negando o deslumbramento...

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Total incompreensão

Novos rumos, por que não?!
Para quê lutar, correr, saltar?
Se o ganho for a serenidade,
vale a pena desistir,
apesar e por causa
do aperto contido,
do sofoco,
da mágoa da perda,
da ausência do abraço,
da fuga da partilha,
da distância,
da negação,
e também e mais ainda
da total incompreensão...

Fui e ...

Fui e eis-me de volta,
sem volta, nem anseio...
Desligada,
sem elos, sem interesse:
desunida...
Desprendida, abnegada:
vencida...

Quero enfrentar o dia,
qual fénix renascida,
impávida, destemida,
arrojada, decidida,
sem desejos ou sonhos,
sem desatinos,
sem devaneios...

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Vou...

Vou...
Levo a saudade comigo,
não apenas por vos deixar,
mas também pelo degredo,
em que me vou encontrar...
Vou...
Sei o sabor da insatisfação
e tudo pelo que passar,
terá verdadeiro sentido,
se teu aconchego (re)encontrar.
Vou...
Mas voltarei a este lugar
para contar como foi,
e também me (re) confortar,
no (re)encontro comigo mesmo.

Até um destes dias!...

Cause to love you

Quem me leva os meus fantasmas?

Oportunismo calculista

Palavras. Músicas. Imagens.
Emoções. Razões. Desrazões.
São os ingredientes da vida,
os faróis de nevoeiro
que alumiam sem parceiro,
e cuja luz guia humanos passos.

Poesia suportada em esteios lassos,
valores dignificados mas não intrínsecos,
achegas de "raposa" em cio perigoso,
como perigosa é a aproximação...

Reconheço-a ao longe,
ainda distante mas já assumida,
com cálculos precisos, frios,
e a finalidade promovida...

É louca a impressão,
mas certo será o objectivo,
não importando os meios,
nem os sentimentos...

Com tantos acertos e desacertos,
não será a vida matreira,
quando a verdade derradeira,
vier ao de cima um dia?...
Quem sabe, serei ainda viva!...

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Parto

Parto.
Com o coração preso,
amarrda ao sentimento,
sofrendo pelo abandono,
pela saudade de nada.
Parto.
Com os olhos rasos de água,
e o coração apertado no peito,
feito azeitona em conserva,
desesperado, plangente.
Parto.
Levo no peito a certeza
que a ilusão foi sobremesa
e o acreditar, devaneio.
Parto.
E o soluço seco corrói,
tanto que dispara o medo,
de não poder usufruir,
do sol de cada manhã,
do delírio da mamã,
de me sentir em degredo.
Parto.
A estranha sensação de leveza,
desta vez não me acompanha,
e, de mim, tenho tanta pena...

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

terça-feira, 31 de julho de 2007

No More Lonely Nights

Investir em "novas" farpelas...

Se a saudade fosse comum,
teríamos ambos a necessidade
de verbalizar a alegria,
de dizer o sentimento,
de cantar a presença.
Tal não foi o que aconteceu...
E, suspeito que tal
jamais acontecerá,
inexoravelmente. Infelizmente!...
Tanta saudade, para nada!...
Resolveu-se o delírio,
esbanjou-se o sentimento,
gastou-se a vontade,
esgotou-se a tolerância,
foi-se a ilusão,
subjugou-se o desejo,
perdeu-se a esperança...
Ganhou-se mais resistência,
construiu-se maior carapaça,
criou-se resiliência...
Investirei em "novas" farpelas...

segunda-feira, 30 de julho de 2007

A insustentável leveza do amor...

Certa do inviável,
e do inevitável vazio,
fruto do improvável,
da ilusão que se perde,
em cada detalhe,
nos momentos de magia
e de delírio pleno...
Como ingénua sou!...
É a insustentável
leveza do amor,
incondicional,
que se declara
e se reflecte,
na certeza da emoção
que se reconhece,
na impossibilidade
da retribuição...

Com estas palavras te sinto...

Com tua imagem me deito,
e com palavras (estas) te pinto,
e sinto disparar no peito,
ainda um louco galopar,
quem dera, já desfeito...
Enquanto te canto,
invento novas horas,
novos rumos,
outros arco-irís,
diferentes matizes,
de um querer inesperado,
tolo e enfarpelado,
a cada vez, mais desolado
e tristemente seguro,
de nada...

Se II

Se, como ao cair da tarde,
em pleno verão magnetizado,
em maresia e amena cavaqueira,
meu corpo descobrisse,
naquele fantástico pôr de sol
de absoluta sublimidade
num esplenderoso entardecer,
cuja doce proximidade,
o revela tão belo e quente,
tão airoso e pleno
(eternamente delicado,
infinitamente dourado),
seria querida, certamente...

QUARTO EM DESORDEM

"Na curva perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor

que não sabe como é feita: amor
na quinta essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar

a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objecto mais vago do que núvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo

verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama".


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Que é da poesia?

Que é da poesia,
neste relato incerto,
neste desumano deserto,
despido de sensibilidade,
sem conforto e humanidade?
A supremacia da razão,
ocultando as maresias,
que de tanto se expraiarem,
em espasmos valentias,
se resumem e harmonizam
em eternas sinfonias,
que se entrecruzam
em nus silêncios profundos
de sobressaltos dançantes,
plenos de diamantes.
Que é da poesia?

Catarse

verdadeira catarse
na alva brancura
da página que me acolhe
em desventura
e me aceita
a impressão
e sem condição
que não seja
o negrito da letra
o sentido da escrita
a lucidez da vida

Sonho que sou...

No sonho tudo acontece,
o real e o ilusório:
vejo o que não observo,
sinto o que não prevejo.
Nele não iludo o afecto,
não escondo a esperança,
não subordino a expectativa,
ao controle racional.
No sonho, envolvo-me,
em nesgas de emoção.
Mas, não quero o sonho!...
Quero viver (ou não)!
Mas de vez,
plena e intensamente,
como deve sempre viver-se.
Porém,
apenas sonho que sou,
e que sinto,
e que vivo...

Como o tempo muda tudo e nada !...

Quisera afundar-me no poço,
lançar-me ao vento,
libertar-me e voar,
não só no pensamento!...
Desintegrar-me,
deixar de ser,
entrar no silêncio,
transmutar-me...
Esquecer o devir,
e a mudança
que sempre acontecem
num eterno sempre,
absoluto e indefectível?...
(Re)conhecer como o tempo,
muda tudo e nada,
como transforma e altera,
toda a realidade,
toda a vida,
todo o ser,
com o lancinante passar dos anos,
com o crescimento provocado,
com o desejo tolhido!...
E o eu que então se estilhaça,
que implode e se desvanece,
nas lentas e sofridas luas,
nas sombras dos vendavais,
no breu das noites profundas,
semelhantes ao latejo do medo,
ao degredo dos sóis,
ao inferno do outro (dos outros),
no purgatório da ansiedade,
cuja sublimidade,
em vez de enaltecer,
inusitadamente, fenece...
...

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Fim

Starry Starry Night - Don McLean



"(...)
Agora, acho que sei
O que você tentou me dizer
E o quanto você sofreu por causa da sua sanidade
E como você tentou libertá-los
Eles não ouviriam
Ainda não o estão escutando
Talvez eles nunca ouçam..."

terça-feira, 24 de julho de 2007

O teatro da vida...

Faz de conta que tudo está bem,
que somos todos amigos,
que nos respeitamos,
como pessoas e profissionais.
Faz de conta que a vida caminha,
em passos precisos e seguros,
capazes de nos conduzirem,
a novas etapas de realização.
Faz de conta que tu não existes,
que não cruzaste a minha vida,
que não és "importante",
que te não quero e te esqueci.
Faz de conta que a vida é bela,
sem senãos e injustiças,
sem amores e desamores,
sem indiferenças e vazios.
Faz de conta que eu vivo,
que sou querida e "importante",
que me revejo e revelo,
num sorriso deslumbrante,
garante de felicidade.
Faz de conta...

Como acreditar no nosso poder interior?

Era o quê, mesmo?
Diferente? Circunspecta?
Leve e sã? Não, concerteza...
Que nódoa seria?
Melhor, que nódoa fui?
Ainda hoje lamento:
a indecisão na voz,
a incerteza na razão,
a descrença e a dúvida
nas palavras, nos planos,
a mágoa da desilusão,
do desencanto,
o soluço apertado da perda...
E, uma vez mais emerge o desespero.
Rolam lágrimas silenciosas
que sulcam o rosto,
que mancham a pele...
Libertam o desgosto.
Expelem a tristeza
da descrença no outro,
no mundo, na vida.
Reflectem a ingenuidade
de confiar que se é alguém,
que se tem algum valor...
Como acreditar no nosso poder interior?

segunda-feira, 23 de julho de 2007

O silêncio...

"O silêncio é a cor das ocorrências da vida: pode ser ligeiro, denso, cinzento, alegre, venerável, aéreo, triste, desesperado, feliz. Colora-se de todas as infinitas tonalidades das nossas vidas... Se o escutarmos, o silêncio fala-nos e elucida-nos constantemente acerca do estado, dos lugares e dos seres, acerca da textura e da qualidade das situações que enfrentamos. É o nosso companheiro íntimo, o âmago permanente do qual tudo se liberta.
Lugar da consciência profunda, estabelece o nosso olhar, o nosso escutar, as nossas percepções."

domingo, 22 de julho de 2007

Tenho saudades de mim...

Calma, tranquila, acomodada.
Serena, apesar do vazio.
Segura, apesar da solidão...
Se os teus e os meus olhos
não tivessem faíscado;
Se o teu "por que não?"
não tivesse sido pronunciado;
Se o tempo... Se a emoção...
Se a vida...
Se...
Tenho saudades de mim,
saudades de então...

sábado, 21 de julho de 2007

Tenho saudades de ti...

"Tenho saudades de ti, meu desejo.
Tenho saudades do tempo de amar..."


Encontrar-me,
nesta procura de mim,
reconhecer-te reflexo
(mais do que espelho),
saber-te o centro da vontade,
deste querer dilatado no tempo,
expandido no espaço,
é o primeiro pensamento,
o único pensamento
que vagueia pela minha mente,
durante os dias,
todos os meus dias...

Aceite o vazio,
a ausência da presença,
a espera incondicional,
contrasto-os com o inaceitável:
a inexistência de um sinal...
Tenho saudades de ti...

Atormenta-me o sentir unilateral.
Mas, irei até onde for preciso,
até onde o coração me levar...

sexta-feira, 20 de julho de 2007

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Língua de ansiedade

O medo e o vazio do silêncio
são dois animais raivosos
presos aos meus calcanhares...
Luto desesperadamente,
tento afastá-los,
mas são mais fortes,
mais persistentes...
Anda por mim
uma língua de ansiedade.
Atrever-me-ia a dizer, de medo.
Algo que se adensa no silêncio...


Não!!! Não quero desistir agora!...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Confiar, outro patamar de ser...

Aprender a confiar...
Confiar e aprender,
duas palavras mágicas,
ambas com poder imenso,
indescritível, indizível,
absolutamente inimaginável...
Apre(e)ndi hoje o mundo,
com os teus olhos,
com os teus ensinamentos...
Hoje vi o invisível,
o que no imediato
não se deixa observar,
o quotidiano que não se diz,
o escondido sob o véu,
o fugidio na permanência,
o perene na mudança...
Apesar das dores de crescimento,
foi uma mais valia,
reconhecer os ensinamentos do mestre
nos processos e nos percursos
que construo com segurança
e me devolvem confiança,
reflectindo novas etapas,
outras formas de existir...
Aprendi a confiar:
eis-me noutro patamar de ser...

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Telepatia...

Percorro os canais,
apenas sinto vazio
nas saladas de arrozais
que outros desafiam
nesta brancura virginal
de valor incalculável,
apesar da solidão
da ausência de companhia
para uma e outra folia
desejada, mas negada...
Ter notícias, sinais,
valer um pouco no tempo,
saber os dias, os ais...
Ouvir a voz, o pensamento,
sentir a energia fluir,
ver a alma ser, despontar,
botão de rosa a florir...
Quem dera ser puro pensar,
nesta cinzenta melancolia
para num ápice interceptar
as inúmeras redes neuronais:
tua lide, tua alma, tua vida,
telepaticamente...
Quem sabe te esqueceria,
como a um qualquer dos mortais...

Às vezes...

Às vezes tenho ganas de partir,
deixar tudo: fugir.
Largar, alto mar adentro,
navegar rumo ao infinito,
deambular pelo firmamento,
esconder-me na neblina
e aí ficar escondida,
até se fazer dia,
até doer de solidão...
Às vezes em devaneio,
anseio outra de mim,
partilhando outro de ti,
feito antes, e depois
de abraços e amassos,
desses cujas maresias
às vezes eram surpresas
e outras promessas
de mistérios e magias
de estranhas sinfonias,
inventadas e vividas
em louca sofreguidão...
Às vezes queria ser Deus
para te poder ver
em todo o teu esplendor,
pleno, sempre galante,
de sorriso fácil e
contagiante,
olhando com atenção,
para poderes dar a mão...
Às vezes não queria partilhar-te,
queria-te apenas meu:
amigo, amado, amante...
Às vezes ...

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Opressão

Com o coração do tamanho de uma azeitona, sente-se o desespero da solidão e também a insegurança do valor... Oprimida leio outros pensamentos e nada encontro que me tranquilize. Desenvolve-se a insegurança e o receio do esquecimento neste afastamento higiénico... Contudo, quero elogiar o silêncio, ainda que o ruído seja ensurdecedor no quotidiano ausente... Quanto daria por um sinal?...

mon homme

Just the way you are

Distracções

Realmente a vida proporciona-nos imensas coisas e, por vezes esquecemo-nos de as desfrutar, infelizmente...
Quantas e quantas experiências e sorrisos ficam então por acontecer, devido a essa "distracção", chamemos-lhe assim...
Sinto que, uma vez mais, alguns sorrisos ficaram comprometidos por ser mesmo muito distraída...
Tenho pena que esta minha característica iniba tantos sorrisos...

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Tatuagens

Porquê a vergonha?
E o medo?
Porquê?!!!

Encosta-te a mim

terça-feira, 10 de julho de 2007

Confiar?!

Confiar?!
Como fazê-lo?
Confiar?!
Como, face ao desespero,
ao inexplicável,
ao sentimento que de tão intenso,
quase aniquila?
Confiar?!
Que interpretar
perante o quotidiano,
o inesperado,
o inacreditável?
Confiar?!
Que significado tem o sentimento
face ao inusitado,
ao impossível,
ao estranho emergente?
Confiar?!
Que fazer quando tudo indica
que se está ultrapassada,
quando se sente
que afinal, nada se vale?
Confiar?!
Como?
Se a vontade é morrer?
Se há dó de mim mesma?
Se a duvida se instalou?
Se a vida é um fardo?
Se a verdade é aparência?
Se...

Faça o que fizer,
que é do reconhecimento?
O valor é o mesmo,
e a medalha de mérito,
...
Confiar?!
Como???? Para quê????

Princesa Desalento



Minh'alma é a Princesa Desalento,
Como um Poeta lhe chamou, um dia.
É magoada, e pálida, e sombria,
Como soluços trágicos do vento!

É fágil como o sonho dum momento;
Soturna como preces de agonia,
Vive do riso duma boca fria:
Minh'alma é a Princesa Desalento...

Altas horas da noite ela vagueia...
E ao luar suavíssimo, que anseia,
Põe-se a falar de tanta coisa morta!

O luar ouve minh'alma, ajoelhado,
E vai traçar, fantástico e gelado,
A sombra duma cruz à tua porta...

Florbela Espanca

domingo, 8 de julho de 2007

Como?

"Mas quem pode livrar-se por ventura
Dos laços que Amor arma brandamente
Entre as rosas e a neve humana pura,
O ouro e o alabastro transparente?
Quem de uma peregrina formosura,
De um vulto de Medusa propriamente,
Que o coração converte, que tem preso,
Em pedra não, mas em desejo aceso?"


Luis de Camões

Hoje e sempre

"Quando penso no mar, o mar regressa
A linha do horizonte é um fio de asas
E o corpo das águas é luar;

De puro esforço, as velas são memória
E o porto e as casas
Uma ruga de areia transitória".




Vitorino Nemésio

sábado, 7 de julho de 2007



Mozart's Requiem part 1

Nãooooo!!!!

Nada mais interessa mesmo...
Pronto...
Para quê continuar...
Nada mais vale porque tudo é ilusão,
presente ausente com promessa que esvai,
num futuro que não é,
ficando passado que dói...
Não! Chega!...
Não quero mais!...

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Chegar a Ti

Ou...

Não sei por que razão decido desistir de vez, baixar os braços e parar e, a meio do percurso, arrepio caminho contra a decisão...
Que razão escondida me orienta nesta luta sem tréguas?
Que lógica me governa neste desejo profundo de sentir o usufruto da cumplicidade e da partilha?
Que norte me guia neste zig-zag racional?
Que loucura me alimenta nesta esperança de felicidade, nesta metáfora de sintonia?
Que ilusão comanda a minha vida neste incumprimento de coerência, nesta instabilidade inóspita que me desgoverna e me faz sofrer?
Quantas dúvidas por responder, por esclarecer, por compreender...
Eis-me retalhos de ser, e flocos de parecer...

Aprender sempre

Os desafios proporcionados,
implementados, criados,
são motivo de aprendizagem,
são superação contínua,
"local" de partilha,
finalidade mais além
que num profundo rasto,
persegues buscando o ideal,
a ultrapassagem do mediano,
encontrando a cada passo,
alternativas credíveis,
resoluções criativas,
percursos/processos inovadores...

Reconheço a ignorância
face ao modelo...
Na soberana presença do mestre,
sou autêntica criança,
confiante e crédula,
e discípula assumida.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

E, ainda assim...

Descobrir-te na ilusão do presente,
descrever-te no reflexo do passado,
registar-te na promessa de um futuro,
olhar-te no impasse do dia,
cantar-te no segredo do tempo,
sentir-te na presença do norte,
definir-te na esperança da vida
dizer-te no orgulho do ser,
seduzir-te na certeza da morte...

E, ainda assim...

Querer-te no silêncio da voz,
acariciar-te na verdade da manhã
beijar-te no arco-íris do sonho,
desejar-te na intenção do querer,
amar-te no desalinho da noite...

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Still Loving You

Desabafo

Je t'aime

Querer e não querer...

Queria ser outra de mim mesma, em cada instante que me descortino tão intensamente terrena, tão previsivelmente humana, tão insaciavelmente criança...
Queria em cada segundo do meu existir para ti, reconhecer-me na tua mensagem, reflectir-me na tua decisão, rever-me no teu orgulho...
Queria nos espaços em que te imagino e te invento, dar-me conta do quão intrusa posso ser, de quanto inoportuna me apresento e me confundo com medo de não ser...
E em cada noite madrugada que incólume me aceita e me acolhe na limpidez da página virgem que se me oferece, reinvento-me outra diferente, ainda que com os mesmos trages e as mesmas crenças inconfundíveis que transporto nos genes do desejo que enfrento até se fazer sol, na manhã de um outro dia. Aí socumbo uma e outra vez mais à sedução dos teus encantos e afundo-me novamente nos tormentos da paixão, querendo e não querendo, sorrindo e chorando, amando e sofrendo, chegando a sentir náusea de mim mesmo...

terça-feira, 3 de julho de 2007

Es Mejor Vivir Asi

Confiar: palavra de ordem

Tudo na vida é dádiva...

Gratidão é o sentimento nutrido
pelas dádivas que foram sucedendo,
especialmente nos últimos anos...

Serenidade é o sentimento face ao futuro.

Confiar, a palavra de ordem
que fez olhar a vida n'outro prisma:
acreditar, é o lema,
esperar, é minha convicção,
intuir, é natureza,
amar, é minha condição...

segunda-feira, 2 de julho de 2007

domingo, 1 de julho de 2007

sábado, 30 de junho de 2007

Sorrio, apesar de ...

Sorrio, apesar
da inutilidade da vida,
da impossibilidade de ser,
da tristeza da solidão,
da angústia do desapego,
da insuficiência do desejo,
da falta de carinho,
da inexistência do amor,
da desilusão do outro,
do desânimo da vontade
do desgaste do entusiasmo
do desacreditar na humanidade
da desistência de ser feliz...

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Como?

Como idealizar metáforas de esperança?!
Como sair do beco sem saída?!
Como afogar a mágoa?!
Como sobrepor-me ao imediato?!
Como desfazer o aperto, o nó?!
Como entrangular o constrangimento?!

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Chorei(te)...

(Re)lembrar o passado, (re)viver os fios suspensos que entrelaçaram a vida, as vidas, (re)ler textos em que se expuseram sentimentos, emoções, desejos, foi o trabalho do serão de hoje.
(Re)mexer, fez doer...
É difícil contar histórias quando nelas há interstícios da nossa estória.
Mas as etapas ultrapassadas, os pontos de chegada, as expectativas, são estadios de crescimento e, as cicatrizes servem para (re)lembrar, (re)ter ensinamentos...
Apesar de tudo a melancolia envolveu-me e não resisti à saudade: chorei...
Chorei(te)!...

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Sedução e conquista

Quando o amor resiste
saltando em riste,
e não desiste,
provoca o despiste,
mas ainda assim insiste,
e em desejo consiste,
é necessário amar...
E mais ainda se persiste,
num deslumbre encantado.
Sedução e conquista,
de querer viver,
a doce ventura
de um pleno amanhecer,
que não tenha de se contentar
com poucochinho...

terça-feira, 26 de junho de 2007

Semana do dizer bem

Aderi também a esta iniciativa proposta e quero aqui dizer bem e agradecer a existência de tantos sítios interessantes que nos fazem crescer e ver o mundo de uma outra forma. Obrigada por existirem e me permitirem crescer com o V. contributo. Um bem haja especial ao Correio da Educação e ao seu Director por mostrar como se clareiam alguns dias...

segunda-feira, 25 de junho de 2007

A interiorização do encanto

Ouço e vibro.
Vejo e sorrio.
Imagino e suspiro.
Penso e confio...
Quero manter-me fiel
à estranha loucura
que a ti me une
(e ao diverso),
à doce ilusão
de me sentir querida,
à certeza íntima
de me saber complemento,
à razão segura
de me reconhecer cúmplice,
à magia envolvente
de ser companheira...
O espelho devolve confiança,
na lembrança do percurso.
Assumo o sentir,
a interiorização do encanto,
labareda (re)acesa,
no espanto do querer,
no frémito do acontecer...

domingo, 24 de junho de 2007

sábado, 23 de junho de 2007

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Norte assumido

Constelações.
Conjugações.
Interacções.
Ligações inusitadas,
deslumbradas.
Cumplicidades assumidas,
desajeitadas, omissas...
Feed-back inexistente.
Desempenho sem fio-norte,
ao sabor da corrente,
à deriva pelo poente.
Destroçada pelas escolhas,
plenas de ambiguidade,
imbuídas de dúvidas,
destituídas de força,
sou timoneira assumida...
E, estarei sempre lá,
quando for preciso
e tu me queiras,
do outro lado das fileiras,
mesmo que isso seja
o desafio maior,
do tamanho do mundo:
tomá-lo-ei como via
para a minha salvação...

Pranto, por mim e ...

"Nunca choraremos bastante quando vemos
O gesto criador ser impedido
Nunca choraremos bastante quando vemos
Que quem ousa lutar é destruído
Por troças por insídias por venenos
E por outras maneiras que sabemos
Tão sábias tão subtis e tão peritas
Que nem podem sequer ser bem descritas"

Sophia de Mello Breyner, Livro Sexto, 1962

Copiado do Blog Terrear de José Matias Alves

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Momentos difíceis...

Acreditar é difícil quando o deslumbramento que se observa, é tão notório...
No entanto continuo a acreditar plenamente, apesar das revelações que por vezes ocorrem...
Acredito assim mesmo, apesar de às vezes me sentir completamente "tola" e sem jeito...
Nos momentos de maior solidão, pergunto-me se não estarei totalmente enganada...
Vivo um momento de profunda solidão.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Dúvida corrosiva...

De novo a dúvida que corrói,
magoa, aniquila...
Preciso de reforços,
de colo e de mimo...

terça-feira, 19 de junho de 2007

Hello

Reavivo o gosto do chocolate


Reavivo o gosto do chocolate,
imaginando-o derretido,
sofregamente lambido,
gostosamente saboreado.
Treino as letras frente ao espelho
e sorrio antecipando o frémito,
o desejo levado ao rubro,
o corpo em desalinho...
Delicio-me...
Sinto o formigueiro invadir-me,
melhor que o torpor,
mais agradável e prazeiroso
do que a brisa em dia de calor...
Renovo a memória do cheiro.
Inspiro profundamente
e sinto o desejo crescente,
em catadupa, até à explosão...
Relembro, em flashes, alguns momentos,
reavivo memórias,
cujas emoções guardo, com afecto...
Resumo a espera à expectativa,
ao devir que em delirio anseio,
pronta para a reconciliação serena,
consequência do querer saciado,
Descortino realização plena...

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Superação...

O filtro com que vejo a vida,
dá-me o disforme,
o não organizado...
Troco o humor e observo:
o mundo reflecte-se,
dominando o preto e o branco...
O medo inibe-me:
não contemplo o arco-íris...
A insegurança assusta-me,
impede o vislumbre
da claridade das cores...
Descubro, consciente
o mote da revolução do eu!...
Defino-me, qual fénix renascida,
destacando minha ambição:
serei superação de mim mesma,
eis o meu objectivo de vida,
minha defesa...

I Believe in You

domingo, 17 de junho de 2007

Pobre coração...

O coração não aguenta tanta emoção...
E, o aperto, e a formigagem, e o suspense e a saudade?!...
Pobre coração, assim não resistirás por muito tempo...

sábado, 16 de junho de 2007

Será isto o envelhecer? (II)

Mais um final e com ele o balanço que se impõe. Na hora de avaliar, tudo vem, tem de ser...

A vergonha sentida perante alguns procedimentos, alertam-me para a necessidade da
serenidade e para a exigência de repensar as actuações e o desempenho de forma mais profunda, procurando encontrar razões escondidas para as acções...

Questionar-me, também faz parte: Que aprendi em tantos anos de experiência e vida? Como tenho interiorizado experiências de aprendizagem? Como auto-regulo os fracassos e os êxitos? Cada vez me conheço menos e me descubro com mais dúvidas, porquê? Seria suposto ser assim?

Se fosse ao menos capaz de escrever sobre essas aprendizagens, teria ideia clara e racional do que me constitui por dentro...

Tenho sentido na pele o que costumo dizer aos meus jovens alunos: Crescer faz doer, tanto quanto o pensar...

Eis-me, de novo, em fase de mudança... Novo ano se aproxima perspectivando vida nova pelo "calo" formado no (per)curso/processo individual que forçosamente terá
repercussões no meu trabalho e no das equipas...

Sinto e sei que se não fossem algumas raízes que me prendem à terra: ser mãe (filhos - o meu orgulho) e amar (a minha paixão - meu encanto/sonho), aliadas aos ideais que o trabalho me proporciona, "socumbiria" fácil, fácil...

Apesar dos pesares, sinto-me serena. Tal sentimento amedronta-me, por um lado, mas por outro, descansa-me... Será isto o envelhecer?

Only The Lonely



Roy Orbison

Crying



Roy Orbison

La copa de la vida

Bem vindos!

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