sábado, 4 de dezembro de 2010

Les feuilles mortes



Autumn Leaves (piano)
Xianning

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

QUIERO TOCARTE

"Quiero tocarte;
Borrar distancia,
Y sentir
De frente tu respirar.
Mirada que traspasa
Mi alma
Para fundirse en el tiempo.

Quiero palpar;
Tu piel y tu corazón.
Beber de tu vida,
Nutrirme de ti.
Perderme y hallarme
En superficie y profundidad."

Mercurio
Maestra, traductora y psicoterapeuta norteamericana residente en México.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Soldadinho...

Soldadinho de vintém,
sem ninguém.
Guarda a alma
e a arma também...
Que importa a vida
se a morte é espera
e a sorte uma quimera?
Soldadinho de vintém,
sem ninguém,
és alguém?
Tão só sonhos,
arco-íris sensação,
nas chuvadas de então
sem ninguém na contramão.
Sózinho sem solução,
destemido, pois então,
mas carente e omisso.
Contenção e suplício,
porque sem vintém,
soldadinho,
não serias, jamais, alguém...

Desespero...

Feita de esperas
entardece a tarde
de merendas e quimeras
sem vontade,
sem desejo de controlar.
São as demoras nas horas
que os quartos não contêm
e as meias contrariam
nas intensas maresias
que os crepúsculos
sorrateiramente descaiem
em paráfrases e metáforas
de cambraia...

São milessegundos de ser
que se entretecem
nas agonias do padecer
que os ensombrecem.

Horas e demoras
de esperas em desespero
de te ver.

Dizer-te amor...

Dizer-te amor, numa palavra,
num tempo que se perde,
no vazio dos dias
que se seguem, tristes,
nos distantes acenos,
de lenços que se não vêem
e apenas se pressentem...
Dizer-te amor, num sussurro,
dos gritos de silêncio
que se me afogam,
na desdita de os sentir morrer
no fundo da minha garganta muda...
Dizer-te amor, num eco
que se esfuma,
nas saliências recônditas
de incríveis âncoras,
prisões de ínfimos rumores,
de desejos incansavelmente repetidos
e ininterrupatmente adiados...
Dizer-te amor, num sinal de saudade,
dum roteiro de ilusão
levianamente projectado
em promessas impossíveis,
de sonhos irrealizáveis,
inolvidáveis utopias...
Dizer-te amor, num sorriso
de despedida,
de fácil e serena aceitação
do nada que é, que foi tudo,
em singela abnegação...
Dizer-te meu amor,
no íntimo da solidão
que habita e preenche,
este meu pobre coração
que de memórias vãs,
se enfeita e se enfrenta
e se transmuta e reinventa...

domingo, 10 de outubro de 2010

AMAR

"Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...


E dos meus olhos fechados
desceram lágrimas que não enxuguei,
E da minha boca fechada
nasceram sussurros


E palavras mudas que te dediquei..."


Mario Quintana

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Amor

"Si grand soit le monde, si loin que je sois, à chaque seconde, moi, je pense à toi... Mais quand tout se voile...quand meurt le soleil, il y a notre étoile...là haut dans le ciel... Dis lui que tu m'aimes, en la regardant, je dirai je t'aime, à ce même instant..."

Era assim faz algum tempo... E hoje, como será? Valerá ainda?

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Em vão...

Escondida num imenso areal desértico,
de ausências densas de solidão,
albergando sentidos solipsistas
de irrespiráveis memórias,
reequaciono os segundos de ser,
que o viver, presente, concede ao pensamento,
no instante perplexo do amanhecer,
fruto de insónia irreverente.
Desnudados os afectos (im)possíveis
tornados carapaças de saudade
albergados em ínfima fímbria
de desejo incontornável de saber
a vida sob a égide da emoção
feita palavra e sedução,
se é ainda anseio cúmplice,
de amantes insanes de paixão
ainda e sempre em efervescente exaltação
de lembranças criativas solarengas
pródigas de cândida satisfação...
Ai como a vida passa, ao de leve,
nos minutos de glória, tempo
que a memória persegue, em vão...

domingo, 27 de junho de 2010

Viver...

A vida. A sorte. O norte.
Um elo que se move,
um fio que se transcende,
que ruboriza o sentir.
É uma cadeia que se perde
e subsume no passar morno das horas,
nos silêncios dos segundos
que envolvem, nos envolvem...
É um frémito, um grito aflito
que agoniza mesmo antes de surgir,
um silvo que destabiliza
o infinito do ser:
Padecer, perecer...

domingo, 6 de junho de 2010

Silêncios de silêncio II

Soletro teu nome no silêncio de mim
enquanto deambulam cerejas,
num carrossel de sabores diáfanos,
memórias de branco acetinado
dos macios e quentes leitos,
guardiães de sonhos e desejos
com que inocentemente te amava .
Aí despertaram voluptuosas fantasias
inusitadamente travadas,
(por medo, dizes tu...)
São sombras de um LUAR de prata
encastrado num futuro incerto,
inesperado, escondido e desvelado,
em sussurros de vidas intrincadas
que hoje nos damos,
fazendo-nos promessas de amor...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Utopia

Suspensa em etérea espera,
de inesperada lambra
em aconchego improvável,
desacerto acertado,
sem culpa ou mácula,
ou controvérsia consciência
de ser e acontecer
sou, sem lei, utopia.
Com inolvidável esperança
no inteiro desapego do dizer,
com o desejo incontornável
do querer que transborda e se anula,
no vazio da verdade que se inventa,
segue imberbe o tempo,
deslavado trapaceiro,
escondendo os segundos
e os silêncios,
na ilusão do possível,
num inviável esteio, requerido,
em inegável enleio,entretecido.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Ousadia...

Apostada no desfrutar
dos pequenos nadas quotidianos,
maria anula a chama,
projectando-se
na trama da saudade,
que na vida reproduz...
Vai olvidando o desejo
que ecoa
na imaginação dum beijo,
claro fogo de paixão
dum puro e eterno enleio,
Amor de seu coração...
E, num ínfimo relampejo,
insiste em se confundir
numa triste simetria
sua veia declarada,
que ousadia,
tão longamente usada,
de envergonhada poesia...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Resvala o sentir...

De soslaio olhando o mundo,
destemido, o querer se ensombrece,
frente ao amanhecer em devir
que acontece e desfalece,
sem certeza de futuro...
É a esperança que fenece,
no assombro da labuta.
A obrigação feita dever,
num ter-de-ser incontornável,
exige a anulação do querer,
que se isola e amofina
e se adensa,
numa perda de vontade
do que anima, vivifica.
Sem desespero expectável,
a saudade enclausura,
inflinge dor,
sem limite e sem permuta,
numa descrença infinita...
Resvala o sentir, para o pensar,
e a tristeza explode,
na certeza do querer profundo,
que soçobra à força bruta do mundo,
na fraca esperança dum viver melhor...

Num suspiro de incerteza, compungido,
o real submerge o sonho,
como num acto de contrição...

sexta-feira, 5 de março de 2010

"Deus! Tão ingénua!...
Chega a ser estúpida de ingénua..."

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Demência...

Dormência. Decadência
Fosforescência.
A permanência da ausência,
na urgência do querer,
no desejo e no sentir.
A inteligência na incumbência.
A falência de e do poder.
A aparência de ser.
A ignorância do saber.
A demência: premência.
A insistência: indulgência.
Incoerência inconsistente.
Incongruência. Insolvência...

domingo, 24 de janeiro de 2010

Palavras e tempo

Na música te escondes de dia,
como as palavras (nostalgia),
nos silêncios se concentram,
de tempo e lamentos.
Do tempo das palavras
que se transformam, imberbes,
no deslindar do encontro,
na (consentida) avenida,
de vida e de saudade, vivida.
De tempo com tempo
na presença da memória,
cuja ausência determina a aurora,
do nosso amor, agora.
Celebração de abraços
nos amassos devassos que nos ofertámos,
desejos sedentos,
de esperas e quimeras inebriados.
Alentos que intensificámos.
Palavras ao vento,
poesia e tanto.
E sempre lamentos, palavras e tempo...

sábado, 23 de janeiro de 2010

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Este é o orvalho dos teus olhos

Este é o orvalho dos teus olhos.
Esta é a rosa dos teus vales.
O silêncio dos olhos está no silêncio das rosas.
Tu estás no meio,
entre a dor e o espanto da treva.
Arrancas-te ao mundo e és a perfumada
distância do mundo.
Chego sem saber, à beira dos séculos.
Despenho-me nos teus lagos quando para ti
canta o cisne mais triste.
O pólen esvoaça no meu peito, junto às tuas
nuvens.
Esta é a canção do teu amor.
Esta é a voz onde vive a tua canção.
As tuas lágrimas passam pela minha terra
a caminho do mar.

José Agostinho Baptista - nasceu no Funchal em 1948

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Encontro encantamento

Soube tão a pouco. Como o doce
que sempre estamos dispostos a repetir,
como a água que devoramos na canícula do estio
ou no sufoco do deserto.
Valeu a infinitude. A medida do mundo.
A certeza do querer, na vontade de ser.
O aconchego na "madrugada" de Inverno.
Renovar, redizer, redescobrir, reviver,
no olhar que enternece,
no sorriso que regala e abastece.
Reduzir a saudade a um esgar, a uma nesga.
Registar o amor, no silêncio, de mãos dadas.
Capaz de energizar cada novo acontecer,
foi nossa entrega: rendição...
Nos interstícios do encontro,
a rescisão da distância,
num placebo encantamento.
Activado o balsâmico odor dos eus,
cujas endorfinas ameaçam revoluções,
conjugámos as línguas, em várias dimensões,
fomos amados amantes até no adeus
(que não foi senão um perene até depois),
numa enfeitiçante presença ausência,
que faz perdurar miríades,
capazes de eternizar ecos, distantes,
sinfonias de sabores estonteantes.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Não te ausentes de mim

Acalenta-me, agasalha-me, ameiga-me,
adoça-me, amima-me, abraça-me.
Sobretudo, não me magoes. Ama-me.
Não deixes que as ausências se instalem,
por muito que o tempo seja curto...
Ata os nós que se estão desatando
na borrasca de um tempo inacessível,
na inclemência do vão que se aperta,
na braveza dos conclaves que se inventam...
Encara o real que se esgota dia-a-dia,
como um manancial de possibilidades
que ao não serem aproveitadas ao milímetro,
apenas corrompem, qual ferrugem,
as estruturas alicerçadas do desejo...
Ameiga-me esta certeza do nada,
este vazio aniquilador do entusiasmo,
esta negretude opaca que sufoca...
Não te afastes de mim, nem pelo silêncio.
O nó que ele provoca, não me deixará respirar.
Não te ausentes de mim, por tanto tempo,
porque me afogo...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Voar

Esconjuro os limites
do meu querer espartilhado.
No braseiro da minh'alma,
nos interstícios do meu ser,
na membrana da minha consciência,
da minha vontade, ferida,
da minha memória, sofrida,
enxoto, escorraço, afugento
esta tendência abrupta,
intrínseca,
de me sentir menor.
Expulsar este demónio,
ousar ser gente.
Antever na infinita certeza
de me saber igual e sentir princesa.
Afastar, espantar, repelir
o estigma da menoridade
que corrói as entranhas
do meu sentir com insistência
é coragem tamanha de força
e desejo valente
que hei-de conseguir e vencer,
para poder finalmente voar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Teço teias de fantasias

No etéreo presente do meu diário
reencontro os abraços ora desfeitos,
perpassando nas palavras proferidas.
Teço teias de fantasias,
nos cantos da mansão
em que escondo meus anseios.
Reconheço nos silêncios
apenas cansaços da ausência dos abraços.
E nas desfolhadas páginas brancas,
encontro versos de amor
em espera inventada, desgastada.
No segredo do meu ser transido,
vislumbro-te em cada esquina do meu corpo,
como se fosses mais do que uma ilusão.
Escrevo-me, pincelando penumbras.
Reencontro a fimbria do desejo,
de reconhecer-te real, ainda,
para além do meu imaginário...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Apeteces-me...

Apeteces-me. Tanto como o aconchego do leito em que te lembro, como a luz do sol no quente entardecer do estio...

Apeteces-me. Sumarento e fresco, presença forte,enebriante, qual néctar ingerido ao som de MOUSKOURI . Apeteces-me. Tanto quanto uma taça de champanhe saboreado sem pressas, já que o tempo é longo e tanto.

Desalento quando o pensamento te traz saudade e desperta nas curvas do passado o eterno silêncio que brada o sentido e o ser no espaço infinito de um acontecer inventado, se define no sabor dos beijos inesquecíveis que acalento. Memória da minha lembrança de nós.

Espero-te,encostada aos dias, devorando nadas que ora me distraem, ora me levam de novo a ti em passos densos, lentos. Através de MOUSKOURI ainda. E sempre, nós.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Rebeldia d'ilusão

É em cada gota de orvalho deslizante,
em cada teia tecida reluzente,
que os dias cantam anos de silêncio,
que as noites contam a tétrica solidão,
cenas de vida. De hoje. E de então...
É assim em cada instante. De rompante,
na neblina do sentir profundo,
renascendo do âmago do desesejo ardente,
valente, estonteante d'emoção,
o deserto d'um querer eterno,
de lúgubre paixão. Trama inocente,
pintada, dia a dia, d'ilusão...
Pinceladas sorrateiras. Cores fulgentes.
Telas construídas de brumosa fantasia,
em encontros fugídios,
plenos de segrado segredo e atenção,
em cujas mãos se venceram anos,
de fios frios desenganos,
que se extinguiram se unindo...
Redes, laços, filamentos desfeitos
nas noites quebradas de ironia
na esperança de um acontecer,
de um só dia,
vivido ao entardecer,
até ao anoitecer, com rebeldia.
Eis o sonho. Eis a ilusão!...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Outra vez mulher...

(Re)nascida. (Re)vigorada do transe,
(re)tocada no anúncio do novo,
(re)surgiu a salvação:
o sabor de (a) mãe,
o esquecimento da mágoa
na passagem ao além.
(Re)saber-me filha,
também (re)definiu a paisagem,
(re)pintou os reflexos
do ser e do querer.
E, num vislumbre de emoção
(re)encontrei os liames,
juntei as pontas,
fortaleci os nós,
(re)estreitei os laços.
Sou novo argamasso,
moderno espaço. (Re)novado.
Velho espírito (re)visitado.
Eis-me: (re)vivi(ficada), a(ni)mada.
De novo mãe. Outra vez mulher...

Bem vindos!

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