Quem me dera...
Se ao passar uma esponja mágica,
pudesse fingir que tu eras outro,
e isso resultasse em profunda amnésia,
era como estar, ao teu pescoço presa,
dançando enleada em teus braços,
unidos, teu corpo no meu,
feito uma alma só,
cientes dum único viver,
cativos dum eterno olhar...
Vislumbro essa união de facto
com outro, não contigo...
E, sem amnésia, pressinto
a certeza de um sentir mais grato,
pleno de amor e realização.
Quem me dera poder esquecer-te,
na urgência deste desejo
que me enebria e entontece
e me mostra, de soslaio,
que um amor primeiro, permanece,
jamais se esquece...