quinta-feira, 31 de maio de 2007

Magia

Memories of Us (Original Music by Ryan Stewart)

Porquê?

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Estranha sinfonia




Estranha melodia,
eterna sinfonia:
"eras tu a falar,
para esconder a saudade,
eu a esconder-me
do que não se dizia..."

Resilientes

Depositar beijos de chocolate,
despertar singelas emoções,
cativar e sentir
o desejo subir,
nas carícias abandonadas
aos refegos,
nos segredos,
em acervos de excitação...
Esperas despertas do adormecido hibernar,
despoletam torpores,
rubores de acesa paixão...
Em serenos sobressaltos,
descalços,
sentindo, plenos,
os sabores do asfalto,
os odores da terra
sob a penetração
da chuva húmida,
acordando o frenesim,
carmim da sedução...
Deixa-me soprar-te ao ouvido
sons perscrutados,
sabores amados,
em afagos desejados,
compartidos,
ávidos,
projectados em acção...
Resilientes,
plenos no momento,
deuses alados,
rejuvenescidos,
enaltecidos,
retemperados,
absolutamente humanizados:
Satisfeitos, serenos, livres...

terça-feira, 29 de maio de 2007

O essencial é invisível para os olhos...


«(...) E ela, que se preparava com tanto esmero, disse, bocejando:
- Ah! Eu acabo de despertar... Desculpa... Estou ainda toda despenteada...
O principezinho, então, não pode conter o seu espanto:
- Como és bonita!
- Não é? Respondeu a flor docemente. Nasci ao mesmo tempo que o sol...
O principezinho percebeu logo que a flor não era modesta. Mas era tão comovente!
- Creio que é hora do almoço, acrescentou ela. Tu poderias cuidar de mim...
E o principezinho, embaraçado, fora buscar um regador com água fresca, e servira à flor.
(...)Um dia por exemplo, falando dos seus quatro espinhos, dissera ao pequeno príncipe:
- É que eles podem vir, os tigres, com suas garras!
- Não há tigres no meu planeta, objectara o principezinho. E depois, os tigres não comem erva.
- Não sou uma erva, respondera a flor suavemente.
- Perdoa-me...
- Não tenho receio dos tigres, mas tenho horror das correntes de ar. Não terias acaso um pára-vento?
"Horror das correntes de ar... Não é muito bom para uma planta, notara o principezinho. É bem complicada esta flor..."
- À noite colocar-me-às sob a redoma. Faz muito frio no teu planeta. Está mal instalado. De onde eu venho...
Mas interrompeu-se de súbito. Viera em forma de semente. Não pudera conhecer nada dos outros mundos. Humilhada por se ter deixado apanhar numa mentira tão tola, tossiu duas ou três vezes, para pôr a culpa no príncipe:
- E o pára-vento?
- Ia buscá-lo. Mas tu falavas-me...
Então ela redobrara a tosse para infligir-lhe remorsos.
Assim o principezinho, apesar da boa vontade do seu amor, logo duvidara dela. Tomara a sério palavras sem importância, e se tornara infeliz.
"Não a devia ter escutado - confessou-me um dia - não se deve nunca escutar as flores. Basta olhá-las, aspirar o perfume. A minha embalsamava o planeta, mas eu não me contentava com isso. A tal história das garras, que tanto me agastara, devia-me ter enternecido..."
Confessou-me ainda:
"Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela perfumava-me, iluminava-me... Não devia jamais ter fugido. Devia ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar."
(...) E, quando regou pela última vez a flor, e se dispunha a colocá-la sob a redoma, percebeu que estava com vontade de chorar.
- Adeus, disse ele à flor.
Mas a flor não respondeu.
- Adeus, repetiu ele.
A flor tossiu. Mas não era por causa do resfriado.
- Eu fui uma tola, disse por fim. Peço-te perdão. Trata de ser feliz.
A ausência de censuras o surpreendeu. Ficou parado, inteiramente sem jeito, com a redoma no ar. Não podia compreender essa calma doçura.
- É claro que eu te amo, disse-lhe a flor. Foi por minha culpa que não soubeste de nada. Isso não tem importância. Foste tão tolo quanto eu. Trata de ser feliz... Mas podes deixar em paz a redoma. Não preciso mais dela.
- Mas o vento...
- Não estou assim tão resfriada... O ar fresco da noite me fará bem. Eu sou uma flor.
- Mas os bichos...
- É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas! De contrário, quem virá visitar-me? Tu estarás longe... Quanto aos bichos grandes, não tenho medo deles. Eu tenho as minhas garras.
E ela mostrava ingenuamente seus quatro espinhos. Em seguida acrescentou:
- Não demores assim, que é exasperante. Tu decidiste partir. Vai-te embora!
Pois ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor muito orgulhosa...


(...) "Que planeta engraçado! pensou então. É todo seco, pontudo e salgado. E os homens não tem imaginação. Repetem o que a gente diz... No meu planeta eu tinha uma flor: e era sempre ela que falava primeiro".

(...) Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo, a teus olhos, de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
(...) a raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até à vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias! Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria fazer-te mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez a tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
(...) - Os homens do teu planeta, disse o principezinho, cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim... e não encontram o que procuram...
- Não encontram, respondi...
- E no entanto o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa, ou num pouquinho d'água...
- É verdade.
E o principezinho acrescentou:
- Mas os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração...
Eu havia bebido. Respirava facilmente. A areia é cor de mel quando amanhece. E a cor de mel me fazia feliz. Por que haveria eu de estar triste?...
- É preciso, disse baixinho o príncipe, que cumpras a tua promessa. Ele estava, de novo, sentado junto de mim.
- Que promessa?
- Tu sabes... a mordaça do meu carneiro... eu sou responsável pela flor!
(...)Mas eu não estava tranqüilo. Lembrava-me da raposa. A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar...»

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Fala-me de amor

domingo, 27 de maio de 2007

Tropel de mágoa

A cada instante me fortaleço,
ouvindo-me frente ao espelho
dizer-me que serei capaz de voar
sem que um qualquer pássaro me guie,
ou me acompanhe em meus voos,
a caminho do infinito,
galgando velozmente o tempo,
em busca do absoluto...

Sei que terei de caminhar,
apenas com a minha sombra,
desligada do resto do mundo
de todos, de ti também,
ainda mais do que dos outros,
se afinal nada sou e,
do que fui, apenas sobrou
sabor amargo, vazio...

Serás meu imaginário suplício,
que estarás sempre aí para outros,
mas para mim, serás apenas desejo,
vontade de afirmação, realização,
a expectativa que se esfumou
mesmo antes de ser pereceu,
num tropel de mágoa sem sentido...

Engulo o soluço profundo no peito,
reafirmando o desassossego sentido,
perante o percurso deslize assumido,
batalha de minha paixão,
remédio de meu enleio,
eterno encanto meu, sedução,
cansaço de busca, espera inglória,
sofrida, sentida desilusão...

sábado, 26 de maio de 2007

Um outro olhar...

A outra face da moeda:
os gomos do quarto ilusão,
a espera inútil,
a desilusão do amor não correspondido,
a página virada,
a perda da confiança,
a solidão na casa cheia,
a tristeza de me saber só,
a angústia na tarde soalheira,
o desespero escondido,
o sofrimento contido,
a melancolia do ontem,
o desejo do abraço,
a falta do beijo,
a autonomia sofrida,
a morte do sonho,
o convívio vazio,
a esperança desfeita,
o acordar sem objectivo,
o caminhar sem norte,
a vida sem jeito,
o medo do nada,
a vontade de silêncio...

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Seduzir/Revoltar


abençoar/abrandar/acalentar/acariciar/aconchegar/ açucarar/adoçar/adormecer/adular/afagar/
agradar/aliciar/ aliviar/amaciar/amimar/amolecer/animar/aplaudir/
aprazer/aprouver/aquecer/arrebatar/atrair/
aureolar/bajular/beijar/bendizer/
cativar/celebrar/comprazer/conquistar/consolar/deificar/ deliciar/deslumbrar/dominar/ dulcificar/elevar/elogiar/embair/embalar/embeiçar/encorajar/
enfeitiçar/enaltecer/ encantar/estimular/exaltar/excitar/
extasiar/fascinar/favorecer/gabar/glorificar/
heroificar/hipnotizar/homenagear/humanizar/imanar/
incendiar/incensar/ induzir/lisonjear/louvar/
magnetizar/obsequiar/oscular/roçar/
saudar/seduzir/simpatizar/transportar/
titilar/tocar/vitoriar/


corromper/desencaminhar/desonrar/enganar/iludir/revoltar/subornar/tentar/viciar/

quinta-feira, 24 de maio de 2007

An expectation...

I waited a little more attention of you...
I'm sad...

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Meu bálsamo, meu anseio ...

Ver-te, por instantes,
breves que sejam,
é um tranquilizador
um bálsamo que anseio,
mas que me retrai e me confunde,
meu encanto que é um sonho
sonhado feito pesadelo...

Estou começando a ser feliz,
na infelicidade de estar só,
na distância que se adensa,
no silêncio que se amontoa
nos interstícios que me envolvem,
e me comprimem internamente...

Sossegada sim,
no degredo de me saber,
sem o teu desejo,
que já não sinto,
que já não vejo,
num desassossego inglório,
frustrado, quebrado...

Procuro cada vez mais,
compreender alguns sinais,
para melhor aceitar,
designíos que não quis,
segredos que não percebi,
soluções que não procurei,
soluços que não controlei...

Silencío o meu lamento,
no insuportável tormento,
de não te reconhecer parceiro,
de não te sentir companheiro...

Liberto a minha dor
deste sentir traidor,
a que não consigo resistir,
porque me dói e me alucina,
e num suplício me aniquila
este amor que não definha...

terça-feira, 22 de maio de 2007

Acordes musicais: valores incondicionais

Quando duas almas gémeas se encontram,
não importa o tempo nem o espaço.

A vida não se esgota nas presenças.
Nem nas ausências de ser e parecer...

És, acordes musicais: valores incondicionais

Escaqueirei-me em pedaços laminados,
esforço de superação,
de mim transmutada
num outro de mim mesma:
solidão concretizada

Que força tem este "destino" ser
que me constrange e me mantém
em desequilíbrio agonizante,
descompensador, permanente?...

Abrir asas: voar.
Rasar o infinito: planar.
Extasiar de absoluto: renascer...

segunda-feira, 21 de maio de 2007

De que vale correr?!...

Sarilhos pequenos,
bem podiam ser os grandes,
para indicar os caminhos
do desejo dos desmandes...

Gizado em papel de embrulho,
fosse pardo ou reciclado,
teria sido mais válido,
apesar de tão bem delineado...

Queria fazer melhor
em cada novo projecto,
acabei por asneirar,
sem saber o dialecto...

Estou cansada de jogar
com baralho de ocasião,
o facto de destoar,
lembra-me a desilusão...

Não sei como fazer,
para sentir o valor,
a certeza de saber,
de que é feito o amor...

domingo, 20 de maio de 2007

Madrugada de domingo...

Ah, se o domingo pudesse ser mesmo domingo!...

sexta-feira, 18 de maio de 2007

E a vida continua...



Afinal acordei...
E, a vida continua
na estrada turtuosa
por onde passo e
me (re)encontro
sempre que me perco...

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Chamo e tu não ouves...

Chamo. Não me ouves...
Grito por ti. Não percebes...
Choro. Estás distante...
Peço ajuda. Não tens tempo...
Desintegro-me. Que interessa?...

Sinto-me frágil...
Estou tão oprimida,
tão magoada e só,
que tenho receio
de não querer
acordar, de manhã!...

Mágoa contida, chorada...

Ouço o silêncio metálico
de pensamentos recorrentes,
disfarçados de ideias,
brilhantes, luzentes,
que escondem o desejo
ausente, distante...

Densas e insistentes,
as lágrimas enfarpeladas,
cristais de mágoa sentida,
escondem a humilhação,
de me saber preterida,
destituída de futuro,
sem ter um porto seguro
que imaginei consistente.

Indiferente ao porvir,
tenho vontade de nada
sufocante e grávida,
que me envenena e me destrói,
cuja melancolia profunda,
preservera e me anula,
conjugando a exaustão,
o desconforto de me saber
sem bálsamo suavizante,
prazeiroso, amaciante...

Quis ser de novo,
viver outra forma de ser,
outra paixão maior,
e a perda em meu redor,
castrou meu íntimo força
e com ele a segurança
de me saber válida, confiança...


Com vagares de enleio
humilhada e sem freio,
sinto de novo o anseio,
de socumbir ao relento,
procurando que o vento
lance as sementes no jardim,
e me "ressuscite" de mim.
Mas, sem ti no horizonte,
duvido do deste meu norte...

Perdi-me ao navegar,
divagando em turvas águas,
perdi-te ao espreitar,
para novas oportunidades...
Choro forte essa mágoa!...
Canto, triste, o entardecer.
Porém, sonho a hora de te ver,
esperando ainda o acontecer...

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Queria apaziguar -me...


De novo o estranho,
o imponderável regresso,
ao complexo quotidiano
que tanto me realiza,
e também me angustia
pelo inerente confronto,
perante o indiferente,
o óbvio...

Minh'alma estaria apaziguada,
se sentisse positivo,
se o sobreaviso da intuição,
não criasse desconforto
perante a permanente desilusão...

Queria ter força e coragem
para apaziguar minha dor,
para me ultrapassar no sentir,
sem desânimo e sofrimento...

domingo, 13 de maio de 2007

Mudanças...


Mudança suposta.
Desejada, definida.
Inscrita, afectiva...

Desgaste estrutural,
confusão hormonal:
vontade de abismo...

Ontem, hoje de novo,
o segredo do desejo,
o silêncio do desgosto...

Cansaços. Desacertos.
Agonia ressurgida
na revolta formigada da paixão...

Sensação...

sábado, 12 de maio de 2007

Ausências...

Uma palavra faria a diferença.
Um gesto e a mudança acontecia...
Um sinal e mais certeza seria,
de estar no lugar ideal,
mesmo que nos separe a distância.

Quanta saudade de ti,
de quando mais tu,
eras menos racional...

São teias suspensas,
os elos que nos ligam,
facilmente descartáveis,
quiçá pensamentos ténues,
que se escapam entre olhares,
e se perdem em entretantos...

Acreditar no que fazemos,
eis a razão desta cumplicidade,
desta tão grande entrega,
em cada instante vivenciada,
e nas experiências partilhadas...

Falta porém o "feed-back"!...
Sinto saudades desse suporte.
Quantas vezes perdi o norte
e com ele a serenidade,
a vontade e o porte...
Quis perder-me. Sobrevivi.
Mas ainda gosto de ti...

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Quimeras de ilusão...


Tenho ganas de me perder de vez,
sem apelo ou qualquer controle,
tal é a agonia que em mim habita,
em todos os momentos que em mim 'caio'
e nem se explica que continue presa
a um sonho apenas meu,
minha invenção de desejo feita,
construida em quimeras de ilusão...

E, apesar do muito a fazer,
eis-me novamente frente ao vazio
que cada paragem semanal desencadeia...

Que profundo cansaço! Que agonia!...

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Confissão


Confesso-me:
triste e sem vontade
de me levantar
amanhã de manhã cedo...

Loucura?!...
Mas, também: sofrimento,
solidão, desassossego,
desacerto, saudade, melancolia,
desejo, nostálgia...

Como manter-me em equilíbrio?

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Dói-me a espera ...

Queria ser capaz de perceber
como fazer sem me sobrepor,
sem oprimir ou sufocar,
sem ferir susceptibilidades,
com a garantia de ser apenas eu,
sem constrangimentos e sem mágoas...

Pensando em teu caminhar,
nessa labuta sem freio,
imagino-te cansado, tenso,
desfigurado e em silêncio,
só, apesar de acompanhado
e eu sem nada poder alterar...

Quem pudesse ser grilinho
e lembrar-te de mansinho
que o amor não se desbarata
se queremos um dia,
estar em plena harmonia,
depois de tão vasta bravata...

Hei-de amar-te assim, perdidamente
por tanto tempo da minha vida
que até duvido completamente,
que possa viver sem esta sina,
sem esta razão de ser, simplesmente...

Que loucura é esta minha vida,
este desassossego incontrolável,
que em cada dia me desafia, me aniquila
e me torna insaciável...

Dói-me a espera e a inércia,
tanto quanto o desejo e a distância...

terça-feira, 8 de maio de 2007

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Com palavras te pinto e invento

Com palavras te pinto,
te invento, te sinto,
te retenho em meu íntimo,
qual pintor, artista, autor,
em plena etapa de produção criativa.

És minha construção diária,
sem pontos e sem vírgulas,
porque sem indumentária...

Sou pura intenção: vontade.
Fugaz consciência: liberdade.
Quando e porque te quero tanto,
encanto da minh'alma?!...

É eterno e profundo o sentir
conjugado e entusiasta,
em homenagem ao deleite
que imagino e invento
em absoluta e inebriada partilha
na paixão carnal, tempestuosa
surpresa inefável e alada
em instantes de entrega voluptuosa...

Inferno maior, é este viver
é esta doce e terna esperança,
que um dia esta agonia,
recrie novos elos de confiança...

domingo, 6 de maio de 2007

sábado, 5 de maio de 2007

Encanto meu redondo de liberdade


Em teu agir solto,
redondo de liberdade,
confiança e sorrisos meigos
plenos, verdadeiros...

Brincadeiras divertidas, mansas,
no teu estar inteiro, feliz...

Foi bom ver-te solto, livre
em comunhão com a natureza
acreditando, sorrindo,
sendo carinhoso,
sempre atento...

Valeu reconhecer-te grato,
ver-te emoção e sentimento,
saber-te humano. Pleno.

Tens a minha gratidão
por assim seres
um tesouro,
meu encanto,
minha eterna sedução...

Perdas...


Ao perder-te,
perdemos ambos:
Eu, porque tu eras
a quem eu mais amava;
tu, porque eu era
quem te amava mais...
De nós dois,
tu perdeste mais do que eu,
muito mais:
Eu poderia amar
outro como te amava a ti,
mas, a ti, jamais te amarão
como te amava eu...

Adaptado de Ernesto Cardinal)

Presente ausente


Vejo o presente,
e nele invento o futuro,
enquanto tu ouves o mar
e nele, o marejar da corrente,
o vai-vem das marés,
a bruma nas cristas das ondas
escondendo a verdade
amarfanhada, escamoteada.
Vejo o presente,
e nele relembro o passado,
o fogo fátuo, estulto
de um sentir sombra,
querer aparência,
transposta em máscara
obscenamente trivializada,
insensatamente negada,
falseada na intenção...
Eis-me fruto ressequido,
aprumado mas castrado,
brioso mas consumido:
Reçachado, naufragado...

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Emurcheci...

Mirrando: o desejo.
Encolhendo: o sentir.
Murchando: o fogo.
Definhando: a vida...

Encapsulada, hibernei
com fingida calma,
numa aceitação imposta,
impávida, inglória...
Na ausência de um feed-back
caminhei por ruelas abrasivas,
em vão descortinando razões
que a emoção escamoteou,
e com dureza, abafou...
Debilitada, emurcheci.
Sem a ânsia da espera,
com a desdita da quimera,
tornada utopia inerte,
ao retirar o véu do peito,
descubro em vão despeito
vislumbrando o desalento
com que me ergo,
exausta de esperança,
esventrada, exaurida...
Terei de sobreviver,
ganhar asas e voar,
esquecer, desprezar...

Bem vindos!

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