domingo, 29 de abril de 2007

Sem tempo, sem nada...

E Abril findando está
sem que mudanças ocorressem
e se vislumbrassem nuances,
nos procedimentos, nas acções...

Resistir ao azedume da desilusão,
procurando soterrar o sentir,
é agora a única preocupação,
o caminho novo a seguir,
para verdadeiramente crescer...

Vem aí o Maio da decisão,
da escolha de caminhos
que me levem à realização,
para sair da loucura
que me aperta o coração
e ensombrece minh'alma...

Novamente numa encruzilhada
eis-me sem tempo e sem nada...

Cansada já de resistir
à tentação da distância,
pela metáfora da esperança
que teima em se esconder
no vaso de Pandora,
receio ter de enfrentar
com seriedade e rigor,
a vantagem de partir,
largar tudo: fugir?

Será essa a solução
para não desiludir,
para me reencontrar
no silêncio da solidão,
e na recolha interior?...

E, por que não?!...

sábado, 28 de abril de 2007

Partir para não mais chorar...

Consentida,
aprovada a presença
na ausência do ser
que se quer,
ainda indisponível.
Aceitar!... Tem de ser!...
Engolir o soluço,
suportar a distância,
tolerar a indiferença...
Destruir o ídolo e a esperança,
abafando a chama que incendeia,
tem de ser a minha luta,
até estar ganha a batalha.
É forçoso que assim seja,
se me quero recuperar
desta tão infeliz peleia...
Não quero estar mais assim,
nunca, nunca mais...
Aceitar. Tem de ser!...
É quase resignação.
Mas, talvez tenha de sair,
para poder esquecer,
para sorrir com prazer,
para não mais chorar!...

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Sonho de Abril



Foi sonho de um Abril,
faz algum tempo já...
Foi um sonho, lindo!
Ainda vivo, ainda intenso,
feito arco-íris de cristal...
Em Abril, que Abril renasça,
e se reinvente de frescura
e aroma de Primavera...
Em Abril, que o sonho se retome
e se redefina com clareza,
como a luz do amanhecer:
Fresca. Segura. Serena. Balsâmica.
Que esperanças e desejos
sejam reafirmados,
presentes conquistados...

Desistir de sentir

Cada momento e cada espaço,
cada pedaço de lugar,
é molécual de lembrança,
remete para a recordação,
dá conta da tua presença
reflexo da ausência do teu ser,
sentida no meu padecer...
Quisera olvidar,
ser amnésica,
amarfanhar,
desistir de sentir
passar a esponja:
para subsistir,
para não lembrar,
para poder descansr,
sendo capaz da opção,
sem constrangimento,
de decidir sem o coração,
utilizando apenas a razão...

domingo, 22 de abril de 2007

A espera adiada e a vida suspensa

Viver o frenesim da espera adiada,
é construir castelos de espuma
na avalanche da vaga oceânica,
na vida entretanto suspensa,
entre parêntesis colocada.

É semear inúmeros grãos
de ofuscante e fresca luminosidade,
tornados efusivo movimento,
puro desejo de liberdade.

É lutar contra a corrente,
encetar batalhas inconsequentes,
fruto de brigas inconsistentes
que a consciência se auto-impõe,
em detrimento da seren(idade),
que a autor(idade)pressupõe.

É viver no fio da navalha,
esperar o tudo e o nada,
em cada dia de agonia,
e de esperança truncada,
mas ainda viva, reafirmada.
Eis-me (ainda) presa a um sonho
a um ideal de realização,
a uma esperança diáfana,
à certeza de que o amor
é verdade sublime,
é eterno bem-querer,
é abnegação total,
é acreditar para além do possível,
muito para lá do visível,
do âmbito do indizível...

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Sonho, melancolia...

Nos artefactos disfarçados,
deixados em desalinho
envoltos em dedicação;
Nos tons aconchegantes
que reinvento
quando, em cada momento,
relaxo em teu amplo abraço
que me envolve e me aquece;
Nas veredas redesenhadas,
de acordes, sintonias,
reflexos de outras vidas;
Nas conversas repetidas
de razão e desrazão,
que retornam ao âmago
do sentido não dito,
para não ser conflito,
interno e externo, predito;
Sou deslize e atrevimento
que expresso num lamento,
de serena e profunda afeição;
Seiva branda em movimento,
sou devir, saudade, aceitação,
encantamento que inebria
arrebatando a razão,
que se inunda e me confunde,
ensombrando o coração...

terça-feira, 17 de abril de 2007

Dás-me a mão para caminhar?

Não quero saber de causas,
de porquês ou indagações.
Apenas quero viver o presente de doação e entrega ao outro,
de suspense,
sempre que "face to face"

Não importa nada mais,
apenas a presença que se oferece,
a confiança que se manifesta,
a "verdade" que se revela,
sempre semi-presente,
quase ausente, distante...

Absolutamente alheado:
absorto, longínquo,
abstracto...

Gerindo o paradoxo,
o verídico perdido,
o deserto encontrado,
o falso escamoteado,
o tonto reflectido,
no definhar do sonho,
não realizado...

No ensejo do velho,
do torpe desejo,
querendo ser etéreo:
de outro plano e modo,
de outra dimensão,
outra galáxia,
outra extensão,
explosão de acordes musicais
deste meu prazer liquefeito,
alinhado,
pleno mas contrafeito:
desejo amordaçado,
relutância desenfreada,
afirmada no degredo do exílio...

Dás-me a mão para caminhar?

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Que importa o tempo?!...

Neste estuário de margens
em que me espraio feita gozo,
colocando de lado a razão,
na reinvenção do fogo fátuo
que emerge do vulcão em erupção,
que fecunda o sentir,
dificilmente me controlo
e em vão me ignoro como querer,
feita acordes musicais,
campainhas e sinais,
que se escondem ao entardecer,
num aviso de subsistência
básico, essencial,
instintivo: permanência...

Quanta tristeza assimilada,
por pequenos nadas, desencadeada,
provocando tempestades tenebrosas,
desenhadas nas afrontas espantosas,
que engulo em cada porvir
e a que herculeamente,
procuro resistir, a cada instante...

Por quanto tempo?
Que importa o tempo!...

Memória inventada


De tempos a tempos,
perpassam, por mim,
memórias de fugazes momentos
de ternura e enleio,
envoltos em mistério e deleite,
de loucura arrebatadora,
onde destemidos nos expunhamos,
despidos de preconceitos,
em busca do sublime,
da certeza de querer...

Foram ternas carícias,
celebrações mansas,
reconciliados com a natureza,
na serenidade do silêncio,
num esplendor de sentir,
o coração largado a tropel,
numa infinita vontade de mais
em busca da apoteose,(pre)dita,
(pre)configurada, (pre)vista
...
Traz-me estes momentos intensos,
a memória presente do ausente...

De que tens (tiveste) medo amor?
Da dádiva? Do segredo de ser?
Da verdade de existir e perecer?
Porque foges (fugiste)?
Vive! Arrisca! Sonha o deleite,
o não adiado, espontâneo, convertido.
Sê apaixonado, livre!...

sábado, 14 de abril de 2007

Corpo espelho


"O corpo expressa o que o coração revela, não deixando nunca, que a linha da mente se intrometa." Autor desconhecido

O piropo semi-escondido,
arremedo de sentir,
reflexo de um querer,
quiça assumido,
ganhou asas, voou...

O gelo derreteu,
e ostra fosse eu
exporia minha pérola,
determinada e feliz,
indiferente ao contexto,
no ensejo do encanto
que provocas sempre...

Espelho do meu sentir,
eis-me corpo feito desejo,
onde gravo a ferro e fogo
a urgência de um beijo,
manancial de quimeras,
janelas de Primavera...

Sou feliz ainda assim,
com tanto de tão pouco,
que me escudo no carmim,
deste desvario louco,
pleno de magia e paixão,
reflexo em meu corpo...

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Paixão ao rubro

Ela: Cobiçando apenas a atenção, as lianas do sentir, um com o outro,
as mãos que sentem o que os olhos não vêem: o enfeitiçamento
do encanto desnudado e exposto na elegância pessoal,
na sedução inteligente...



Ele:Cobiçando, não o corpo, mas a mente, o delírio criativo,
o parece que sim, embora diga que não:
correspondendo aos avanços persuasivos, à sedução, ao charme que transpira
em cada novo estímulo lançado, subrepticiamente, como cada "ele" gosta...

terça-feira, 10 de abril de 2007

Pergunta-me

"Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer"


Mia Couto

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Ilusão de liberdade

Passei por ti e não te vi!...

Mas, sei que eras tu
que corrias esbaforido,
na peugada da novidade!...

Corres atrás do vento,
para dar-te a ilusão de liberdade...

Não te percas na corrida,
que (pre)anuncia falsidade...

E, não esqueças:
quem semeia ondas, colhe náufragos...

Amor em câmara lenta...

Ele - Querendo que sim, mas pensando que não...
Ela - Esperando que sim, mas sabendo que não...

sábado, 7 de abril de 2007

Perdida e frágil

Irremediavelmente perdida,
frágil, tão frágil...
Perdida. frágil e perdida.
Frágil-frágil,
tão frágil e perdida:
frágil-fágil-frágil-frágil-frágil-frágil:
perdida, louca, devoluta...
Frágil, tão frágil,
sem alicerce,
sem âncora e sem porto,
náufraga de solidão e saudade...
Frágil, tão frágil...
Sombra, lusco-fusco,
nebelina a crescer,
horizonte a esmorecer...
Tão fágil e perdida,
sedenta de inacção,
apaziguada, consentida...

Loucura insane que irremediavelmente perdura...

A ambiguidade do sentimento,
que se quer com sentido,
mas não consentido,
permanece invariável,
na fraqueza de um querer
sem retorno, sem afecto,
que ora triste e descrente,
deprime,
ora optimista e esperançada,
"euforiza"...
É nesta dúbia fragilidade
que descubro a tristeza
de te saber sem sentido,
de me reconhecer ingénua,
qual adolescente tola
que se deixa perder
em doces enlaces...
Mudaria toda a minha vida
no lastro desta loucura,
que insanamente perdura...

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Thank You!


Obrigada por teres permitido
que o véu destapasse,
o que o coração já havia visto,
fazia tanto, tanto tempo...

Hoje é mais fácil lidar com a verdade
dos sentimentos vividos
porque senti que estarás sempre aí,
na medida do possível, também para mim...

Obrigada por te me dares,
ainda que menos do que gostaria...

Bem haja por existires
e teres mudado
toda a minha história,
toda a minha vida,
todo o meu universo!...

Thank you...

O valor do tempo

"La perspectiva temporal
es un criterio eficaz
para poner en el lugar debido
aquello
que nos sucede.
Darle tiempo al tiempo.
Pensar que no todo
se circunscribe al minuto preciso del hecho.
La vida sigue, las personas siguen.
Los hechos traen consecuencias, a veces imprevisibles."

Miguel Ángel Santos Guerra

Tenho ganas de partir...

Cada espera de eleição
votada ao desbarato,
no desanuviar dos factos
escusos, esconsos,
são recados mansos:
lúgubres, refractários,
definidos em poemário
de acintoso sofrimento,
num atroz refinamento,
suposto entretenimento...

Renovado o assombro,
parece envolto em véu
cujo procedimento teu
não é redução de escombros...

Quisera até ser autor,
já que actor me confesso,
seria verdadeiro e redutor
a esfinge em pleno reflexo,
brilhantemente multicolor?!
Mas,
seria também tudo muito mais complexo!...

Tenho ganas de partir:
ir sem volta e sem regresso...

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Outras roupagens...


O barulho do pensamento
atropelando o raciocinio,
criando (pre)conceitos,
(pre)posições injustificadas,
fundamento de ocasionais coincidências,
que ora são, ora não são evidências...
São as apostas diferentes que fizeste,
com roupagens antagónicas,
desadequadas e, sem critério,
previamente estabelecidas,
proporcionando desenlaces
inesperados e brutais,
causados na ousadia
de querer ser gente,
à revelia da Autoridade
que ausente se extravia,
por falta de autenticidade.
Desencadeiam-se rumores,
escondidos em anti-valores,
escolhidos e assumidos,
que justificam o injustificável
e permitem o impensável...
De volta a desilusão
no desapego da vida que se inutiliza
em palavreado pensado
reflectindo o sentimento vivido...
Caminho semi-estruturado,
por um querer obnibulado,
num misto de crença perene,
iludida mas também real
na penumbra do desejo,
que se quer realizado...
Retomado o lugar do não ser,
do irreconhecível,
pela desilusão da irrecompensa,
foges do sonho,
tens medo de acreditar,
para não teres de te dar,
escondes o sorriso e o olhar,
nos escritos balbuciantes,
que teimas em apresentar...
Vives, qual lírio frágil,
no deserto das miragens,
rumando ao incondicional
que terás de conceber,
para poderes caminhar,
com o sabor de algum saber...

Dizer saudade...

"Vens na tarde
como os amplos ventos vêm
cheios de desconhecido e de países.
Vens como um fumo que se levanta
de qualquer longínquo lar.
Vens, não se sabe de onde:
- Invisível e lenta
como o abrir de uma lágrima,
como a tácita palavra de mistério."

António José Maldonado,
in Futuros ou não, Presença, Porto,1960.

domingo, 1 de abril de 2007

Domingo ainda...

Saudade...

Circo(?) - Lembrança de outrora...



Circo?
Antes lembranças de outrora ou
de como as marcas do tempo
nos acompanham pela vida fora...
A vida, é também memória
feita percurso, história...
Quem pudesse voltar atrás
para viver de novo,
com outros olhos,
este e outros amores!...

Muros, tantos...

Bem vindos!

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