quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Devaneio...

Desencanto da vida
pela diáspora vivida,
desnuda de presença,
saudosa de concreção,
lamento de condição,
angústia de sentimento,
enredo de indecisão,
desejo de entrega,
anseio de liberdade
devaneio consolação...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Apontamento...

Noto que tudo vai ficando no limbo do depois ou do entretanto, num processo em aberto que escapa tanto à concretização como ao sentido da vida, da existência...

O desejo apaga-se nos silêncios, nas esperas, nas demandas, nos esquecimentos... Esvai-se por entre o presente e a falta, o imperativo e a ausência, a premência e a distância...

O sonho desmantela-se e aperfeiçoa-se na desconstrução inconsciente da fantasia que se esboroa e contamina em laivos de um erotismo renovado e insatisfeito.

É um fado que enfada e entedia os espaços mirrados do existir vagabundo que, sem lei, se emoldura em demência progressiva e espasmódica de contorções orgásticas, corpóreas, que retemperam e destroiem, numa agonia galopante, oprimente...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

sábado, 6 de dezembro de 2008

Entusiasmo II

Foi assim, há dois anos atrás Como se pode ler , nesta mesma data...
Faz hoje anos. Apenas dois anos...
Mas, as vivências, as experiências,
os pensamentos, os sentimentos,
as inquietações, as dúvidas,
os desafios (...)
Foram sulcando,
encantando e desencantando,
foram fazendo das suas...
E, hoje, eis-me de novo vontade e coragem...
Ainda que magoada, ainda que com menos esperança.
Mas, com a alma cheia da certeza de que vale a pena ser.
É com entusiasmo ainda que agarro os dias e às vezes os deixo ir...
É com entusiasmo ainda que me ultrapasso e às vezes socumbo às avalanches...
É com entusiasmo ainda que canto a vida em cada mensagem...
É com entusiasmo que me descubro ainda criança em cada manhã...
É com entusiasmo redrobado que me escuto e me escondo...
É com entusiasmo que vivo a vida em cada instante...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Está frio, muito frio...

Está frio, um frio trémulo...
É Dezembro no seu melhor,
preparando o Inverno, com rigor,
num prognóstico inexoravelmente gélido.
Chove ininterruptamente, amor.
A chuva glacial enregela o corpo
fazendo entorpecer, no íntimo,
o espírito que se refugia, louco...
A noite escura e fria,
está numa sinistra agonia.
É o sombrio sentimento
de um lá fora, cá dentro,
sem luz nem aquecimento...
O dia escondeu o ser,
numa consistência molhada,
desconfortável, oprimente,
subjugando laivos flamejantes,
de um sol recôndito, clandestino,
de devotos e tristes amantes...
E, o amanhecer, prestes a nascer,
traz no seio dolorido,
o vazio luzidio do pedraço...
O gelo açambarca o tempo,
no pulsar húmido e lento,
da noite transida, insatisfeita,
em decadente e torpe maleita...
E a frialdade da hora derradeira,
transporta, zurzindo, o vento
que pelas frestas da manhã,
desenvolve tristes sentimentos,
de lúgubres almas geladas,
laçando-as de frias mágoas
e de profundos desalentos...

sábado, 29 de novembro de 2008

VIII - Quase

"Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além
Para atingir, faltou-me um golpe de asa ...
Se ao menos eu permanecesse aquém ...

Assombro ou paz ? Em vão ... Tudo esvaído
Num grande mar enganador d´espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor ! - quasi vivido ...

Quasi o amor, quase o triunfo e a chama,
Quasi o princípio e o fim - quasi a expansão ...
Mas na minh´alma tudo se derrama ...
Entanto nada foi só ilusão !

De tudo houve um começo ... e tudo errou ...
- Ai a dor de ser-quasi, dor sem fim ...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou ...

Momentos de alma que desbaratei ...
Templos aonde nunca pus um altar ...
Rios que perdi sem os levar ao mar ...
Ânsias que foram mas que não fixei ...

Se me vagueio, encontro só indícios ...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos d' heroi, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios ...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí ...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi ...


Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe d´asa ...
Se ao menos eu permanecesse aquém ..."


Paris 1913 - maio 13
Mário de Sá-Carneiro
Poemas Completos
Edição Fernando Cabral Martins
Assírio & Alvim 2001

domingo, 9 de novembro de 2008

Meu anseio...

Meu anseio, liberdade,
chegou célere de verdade,
na certeza do amor
primeiro e único,
perdido na vaguidade
do ser,
reencontrado na esssência
dum amanhecer mais pleno,
no fresco alvoroço
da minha estrela d'alva,
manifesta prenda,
desta insólita alma...

sábado, 1 de novembro de 2008

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Era eu contigo, sem ti...

Ignóbil pertença,
que na ausência silencia
o sentir,
feito devir de ser...
Indigno penar
que num louco desejar
se manifestou,
sem decência,
sem lei...
Era... Eu contigo, sem ti...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Quis Deus...

Quis Deus que hoje,
ainda fosse um amanhã,
deixando passar a horda
que me ia atropelar
(foi por um triz e estaria morta).
De seguida, senti que a vida
não se deve desperdiçar,
com rebuliços de amar;
Senti que mais vale aproveitar,
se o sol quer brilhar;
sentir o vento se ele quer ventar;
a chuva se tem de diluviar;
Os instantes em que comigo estás
e o tempo em que sonhas comigo estar...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Encanto Desencantado

Desencanto. Desilusão. Degenerescência.
A descrença na humanidade, no homem complemento...
Há franqueza nos simples e puros afectos,
sem chãos, nem tectos, nem teias ou cadeias...
São meus pensamentos discernidos,
de memórias concebidos em aromas,
das ameias de castelos d'areia,
suspensos em desejos, sem lamentos...
Recuperar ideias bizarras,
ser o mesmo, sendo outros,
sem grandes ironias, de amarras arredias...
A distância da paixão inglória,
de tempos idos, famintos,
memória triste de insanes galanteios,
que se perdem em gorjeios
de desalentado querer...
É o desalinho dum amor perdido,
num cobarde saber sem sentido
em ignóbil padecer apaixonado,
tão profusamente magoado.
És já tão ténue, meu encanto,
já tão desencantado...

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Quem me dera...

Se ao passar uma esponja mágica,
pudesse fingir que tu eras outro,
e isso resultasse em profunda amnésia,
era como estar, ao teu pescoço presa,
dançando enleada em teus braços,
unidos, teu corpo no meu,
feito uma alma só,
cientes dum único viver,
cativos dum eterno olhar...
Vislumbro essa união de facto
com outro, não contigo...
E, sem amnésia, pressinto
a certeza de um sentir mais grato,
pleno de amor e realização.
Quem me dera poder esquecer-te,
na urgência deste desejo
que me enebria e entontece
e me mostra, de soslaio,
que um amor primeiro, permanece,
jamais se esquece...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Um corpo em transgressão

Não te queria interposto,
ali especado,
num riso escancarado,
olhando-me sedutor,
ciente da devastação
que provocas,
meu encanto avassalador...
Queria ser outra vez menina,
voltar à memória traquina
do meu primeiro amor
e sentir sem preconceito,
que este desejo no peito,
tem em tudo mais valor...
Mas não. Tu não desandas
e manténs sem qualquer razão
tua presença/distância
na fresta que foste abrindo,
neste meu pobre coração...
E os dois engalfinhados
em teias de ilusão,
desfazem minha sanidade
em lufadas de intenção
despedaçando a identidade
do meu corpo em contra mão.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Largo-te ao vento

As tentatavias, mais que muitas,
socumbiram,
tornaram-se poeira,
poderiam ser poalha,
mas apenas poeira insignificante,
grãos de pó infelizes,
pobres na solidão constante,
nos desacertos falantes,
desta paixão infeliz.
Deixo-te largando-te ao vento
até que, em tormento,
te lembres do sofrimento
e das promessas em vão
que fizeste em segunda mão.

Silêncio Apenas

Volatilizaste-te.
Deixaste o silêncio,
o desencanto assustador,
de não poder saber-te,
de não mais saborear-te.
Por um fio, perdi-te,
sem justificação,
olvidando consequências...
Mais uma repetição
de um episódio rotineiro
na vida em questão,
que me arrepia e aniquila.
Quanta ilusão e ingenuidade.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Travessias tempestuosas...

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os caminhos, que levam aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos".(F.P.)

- Quero abandonar as roupas usadas: deixar-me ir sem cativar e ser cativada... Quero não perder nem lutar mais... Quero esquecer, voltar costas, ultrapassar... Mas, como?

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Quem me dera...

A vontade passou a desilusão,
fruta madura sem ter pão,
sem palavras de sossego ou ilusão,
com silêncios de arremedo e escuridão.
Tenho ganas de me esquecer,
de virar o mundo e no avesso, retroceder,
encantando clareiras e framboesas,
de sons distantes e zombeteiros,
sem o alarido da água no braseiro.

Quem me dera ser um pensamento teu,
introduzido nas rotinas do teu ser...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

sábado, 30 de agosto de 2008

Carly Simon

Coming Around Again

Qué hiciste

Qué hiciste

Ayer los dos soñabamos con un mundo perfecto
Ayer a nuestros labios les sobraban las palabras
Porque en los ojos nos espiabamos el alma
Why la verdad no vacilaba en tu mirada
Ayer nos prometimos conquistar el mundo entero
Ayer tú me juraste que este amor sería eterno
Por que una vez equivocarse es suficiente
Para aprender lo que es amar sinceramente
¿Que hiciste? Hoy destruiste con tu orgullo la esperanza
Hoy empañaste con tu furia mi mirada
Borraste toda nuestra historia con tu rabia
Why confundiste tanto amor que te entregaba
Con un permiso para asi romperme el alma
¿Que hiciste? Nos obligaste a destruir las madrugadas
Why nuestras noches las borraron tus palabras
Mis ilusiones acabaron con tus farsas
Se te olvido que era el amor lo que importaba
Why con

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Chamo-Te

" Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.

Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só de Teus olhares me purifique e acabe.

Há muitas coisas que não quero ver.

Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o Teu reino antes do tempo venha
E se derrame sobre a Terra
Em Primavera feroz precipitado.
"


Sophia de Mello Breyner Andresen

Hei-de querer lembrar-me de ti

"Carpe Diem" quer dizer "colha o dia",
aproveite o dia, o melhor que possa e saiba.
Mas no meu presente,
quando sinto a tua ausência,
e o dia se esfuma na bruma do ser,
invento-te em cada instante a decorrer
nos dias da minha vida.

Vejo-te quando na saudade,
invento a tua presença,
no silêncio do acontecer,
no sorriso do viver.
Não o presente ausente,
sim o ausente presente
em cada instante sentido,
vivido, lembrado, amado.

Ao lembrar,
soltei a saudade,
desatando o orvalho,
da falta de ti,
da tua ausência silenciada
no dia a dia da minha vida.

E, ao lembrar, sorri
a doce ilusão de me saber
querida,
de me sentir acrinhada.

É essa lembrança que me anima,
que me faz viver a vida,
me permite "colher o dia"
em cada potencial manhã
que se estende ao entardecer...

Hei-de querer lembrar-me de ti
assim terno e meigo,
sedutor e seduzido,
pleno.
Mas também insatisfeito e solitário.

sábado, 2 de agosto de 2008

Vazio instalado

Eis o vazio instalado
sempre que me (re)penso,
quando me investigo
e instigo o meu ser
a esconder o sentir,
o acontecer, mentir.
O alvorecer, esse
tarda em surgir.
Caminho por entre a vida,
por escolhas (im)possíveis,
em percursos confusos,
turtuosos,
por veredas sinuosas,
obstruídas, fodidas...
Caminhando,
faço o destino acontecer,
distando do encanto,
que me enfeitiçou,
ao entardecer.
Há tanto vazio no tempo,
que se me escureceu o ser...

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Partir...

Se pudesse abandonar o barco,
partir,
num qualquer amanhecer,
ou dourado entardecer
e encontrar-te então,
pleno de emoção
e livre, de peito são,
num vão de qualquer ombreira...
Poderia ser essa a maneira
de me desnortear,
de me reinventar.
Avivaria minha paixão,
que envolta em ilusão
de encanto perdição,
dia a dia me aniquila,
me anula maltrapilha,
feito uma pobre mendiga,
de sentido,
de sabor a sal, a mar...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Amor

"Quando encontrar alguém e esse alguém
fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa
mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso,
se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem
d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia
for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou
um presente divino: O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um
ao outro por algum motivo e, em troca,
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos
e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um para o outro.

Se por algum motivo você estiver triste,
se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa
sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas
e enxugá-las com ternura, que
coisa maravilhosa: você poderá contar
com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar,
de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar,
sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!"

Carlos Drumond de Andrade

Encontrei, meu amor, o teu amor.
E o tempo, e a loucura quotidiana,
e o "statusquo" fizeram-me perdê-lo,
perdendo-te, sei lá por quanto tempo...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A falta empolada

Desafio provocado, obstinado,
confrontando o passageiro,
momento certeiro de ser
vanglorioso, distinto alvorecer.
Sentido nos sentidos
dos antipodas razoáveis,
de emoções antagónicas,
em riscos incontrolados,
expectantes de sentir,
loucos de ilusão.
Agora o vazio inscrito,
a ausência confirmada,
a falta empolada,
o desespero da saudade.

sábado, 26 de julho de 2008

O teu abraço amasso

Um teu abraço
e nele o espaço
de aconchego,
de partilha,
de descanso.
No encontro do peito
o sabor do beijo,
o aninho do desejo,
o segredo do amor,
num amasso lasso
em descompasso,
vago, longo, manso...
Doce mel,
afago mágico,
sabor a pele,
a mais de ti, em mim,
num peito cheio,
num cheiro marfim...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Um dia...

Um dia, faz tempo, fiz escolhas, em consequência do meu encanto por ti e do encantamento que foste para mim. Desde então envolvi-me num sonho, reagi ao convite expresso de ser, de voltar novamente a sorrir com plenitude, pela partilha a dois de um mesmo encanto, de uma chama feita lume especial, de cumplicidades e vontades tão ternas, assim mesmas verbalizadas e em aberto, ricas de sentido...

Um dia, aceitei a proposta e vivi o sonho, o teu encanto e o meu encantamento, a esperança de um dia poder ser mais do que um sonho. De um dia (ainda que longínquo), poder ser verdadeiramente eu, inteira, real, verdadeira...

Um dia, passado algum tempo, senti um mundo de frustrações, um enorme desencanto perante o que, sem compreender, se foi desmoronando, entretanto...

Mesmo assim não deixei de sentir o (intenso) sentimento que tanto despedaçou o quotidiano em que me fui arrastando, umas vezes desfeita, outras mais resignada admitindo que seria necessário passar por várias provações que no entanto, eram cada vez mais difíceis de suportar...

Hoje tenho dúvidas sobre a vida, a chama, o encanto, o sonho, a felicidade, a verdade...

Sei que os mas e os ses são intensos, de tão vorazes, de tão insurdecedoramente presos à sedução, ao desejo!...

Hoje ainda blasfemo quando te penso e desejo e descubro que tens tempo para tudo, ou melhor, quase tudo...

Sinto que não vale a pena sentir, esperar, confiar, acreditar... Afinal, parece que nada mais vale a pena...

Foste o príncipe deste meu recanto... Mas (e eis Mais um Mas, do tamanho do mundo que nos separa), penso (sinto) que não estás vivo...

Sofro por ter-me envolvido, por ter-me encantado, por te dar valor...
Quanta desilusão eu lamento!... Quanto lamento tamanha frustração...
Quanto lamento!...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Para Ti

«Volta até mim no silêncio da noite
a tua voz que eu amo, e as tuas palavras
que eu não esqueço. Volta até mim
para que a tua ausência não embacie
o vidro da memória, nem o transforme
no espelho baço dos meus olhos. Volta
com os teus lábios cujo beijo sonhei num estuário
vestido com a mortalha da névoa; e traz
contigo a maré da manhã com que
todos os náufragos sonharam.»


in «O Movimento do Mundo», Poesia Reunida 1967-2000
por NUNO JUDÍCE

ÉCLOGA

"Encontrei o segredo, a chave de vidro
das palavras que escrevo; e tenho medo.
Talvez nos campos imensos, onde o lírio floresce,
na margem de rio que abriga, de manhã cedo,
os teus pés de ninfa, num engano de idade,
me tenhas visto à sombra de um rochedo;
e se os teus lábios, entreabertos num torpor
de romã, me tocaram num sonho bêbedo,
deles só lembro, imprecisos, fluxos
de incêndio numa hipótese de amor."

in «A Partilha dos Mitos», 1982
Por Nuno Judíce

SE...III

"(...) fazemos o que sabemos
mas não sabemos de todo o que fazemos.
Se tivéssemos sabido mais ou melhor
é de supor que
teríamos actuado de outro modo."
(Savater)

Não posso duvidar desta sentença.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Quero...

Quero ver. Quero ser.
Quero estar. Quero amanhecer.
Quero viajar.
Quero aprender a sonhar,
e viver.
Quero...
Quero cantar.
Quero mudar
e rejuvenescer.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Eras tu e eu...

Atar os sentimentos,
nas veredas percorridas
com desejos esconsos,
indiferentes ao bulício,
do avanço da manhã...
Desatar a saudade
na vizinhança segura,
escondida nos sussurros
das lembranças ofuscas,
nas desculpas inventadas,
nos interesses matreiros,
das vencidas carícias,
anónimas, descritas...
Desassossego no peito,
tristeza na mente
atitude de coragem valente,
recomeçando de novo,
do nada,
instante presente,
na distância ausente,
pleno e ofuscante
de ser e fazer...
Eras tu e eu,
mas eu não serei mais...

Mudanças/Andanças

Descobri que existe um Blog no Sapo que tem este mesmo nome, ENFARPELADASOCUMVEU. Então este meu diário passará a chamar-se: NUASSIMESMO

Caminhar sem destino...

Não há mágoa
que o tempo não cure.
Apenas não sei,
porque teima,
meu coração,
em sussurrar teu nome,
em lembrar teu encanto,
em chorar tua ausência...
Quero viver sem lei,
partir para outra,
caminhar sem destino,
fazendo em cada segundo,
um percurso: o meu caminho...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Que a vida me seja pródiga de ti

Na ternura que a lua me devolve,
pelo lago claro e liso que reflecte,
a serenidade do afecto bem profundo,
suspenso, quedo e mudo para o mundo.
Eis-me ainda presa, mas já livre,
repetindo o percurso da saudade,
palmilhando terras e segredos,
cantando prosas e plantando medos,
sempre que te lembro amor verdade.
Queria ver-te mais do que em sonho,
poder docemente afagar minha memória
encantar-me ao encantar-te,
num encantamento mágico, risonho,
soletrando as letras do teu nome,
na certeza de te saber sentir glória.
Queria as tuas nas minhas mãos,
assim presas sem correntes vãs,
de coração pleno e presente dádiva,
desejo emoção, significados, gratidão,
amor bálsamo de livre condição.
Que a vida me seja pródiga de ti,
num dia de cheiro intenso a jasmim,
mesmo que esse seja somente o meu fim...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ainda e sempre...

Se a vida me permitir,
viverei este sentir
ainda e sempre,
num registo, previdente,
em loucura, diamante,
sombra, segredo gritante,
de sorriso contagiante,
de sereníssimo contraste,
mas grandioso engaste.

És e serás sempre assim,
minha saudade jasmim,
memória d'encantamento,
paixão e deslumbramento.
Amar-te-ei eternamente,
com gratidão expectante,
meu amante reticente...

Tenho o coração nas mãos,
meu pássaro de arribação...

Retrato em Branco e Preto

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cór
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato
Eu teimo em colecionar
(...)
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração


Chico Buarque, Tom Jobim

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Ser senhora de tuas marés

Há quanto tempo
não digo que te amo?!
Já vai alta a lua
que nua,
mostra o seu ventre,
prazenteira,
prazeirosa,
tão airosa,
por ser matreira.
Sublime,
na sua platinada euforia,
por ainda não ser dia,
por esconder a magia
da sedução que me impele.
Sedutora e seduzida,
aspira um dia na vida,
ser senhora,
de tuas marés.

domingo, 6 de julho de 2008

A Um Ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
(...)

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Ansiedad



Nat King Cole

terça-feira, 1 de julho de 2008

Pudesse eu ...II

Pudesse eu,
minimizar o sentir,
esconder o desejo,
controlar a emoção,
mudar a distância;
Volver criança,
sonhar de novo,
escutar a canção,
viver o "suspense",
no reencontro fatal:
"No me abandones así...";
Soletrar o encontro,
aceitar expor-me
para dizer-te:
"Regresa a mi...";
E (re)viveria
outro modo de ser,
outro encanto conhecer,
outro mundo saber...
Pudesse eu...
E tu?...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Sentimentos são pássaros em voo

«Somos donos de nossos actos,
mas não somos donos de nossos
sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos,
mas não somos culpados pelo que
sentimos;
Podemos prometer actos,
não podemos prometer sentimentos...

Actos são pássaros engaiolados,
Sentimentos são pássaros em voo.»

Mário Quintana

quarta-feira, 25 de junho de 2008

poetas andaluces

Sentimentos são pássaros em voo

«Somos donos de nossos actos,

mas não somos donos de nossos
sentimentos;

Somos culpados pelo que fazemos,

mas não somos culpados pelo que
sentimos;

Podemos prometer actos,

não podemos prometer sentimentos...
Actos são pássaros engaiolados,

Sentimentos são pássaros em voo.»

Mário Quintana

Como consentir a vida?

Pré ocupações são disfarce
da saudade valentia
com que enfrento a vida,
envolta em cobardia,
em tristeza maresia
de soluço, rebeldia...
Como ultrapassar a mágoa,
desilusão ventania,
deste coração desfeito,
desta louca nostalgia?...
Como suportar o dia
sem desejo ou desafio
sem a chama, melancolia?...
Como consentir a vida?

segunda-feira, 23 de junho de 2008

E... (II)

E se pudesse ainda em cada silêncio,
encontrar a mão que me salvou,
da desdita de me saber perdida,
numa nuvem d'ilusão que se finou,
seria ainda a mesma ingénua flor
acreditando em ti, meu grande amor,
e em cada sorriso que reflectia,
a verdade de uma fantasia,
que queria então, tanto quanto tu.

Acerca-te a mi...



Rodrigo Leão

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Deslumbramentos

E o tempo resvala por entre os dedos,
escoa-se feito lânguido sussurro
bafejante de carícias expectantes,
convidativas, sedutoras, contagiantes.
Encantamentos sublimes,
veículos de magias envolventes,
em mimos e afagos surpreendentes.
Nem os silêncios escamoteiam
os sonhos mais profundos bordejantes,
de esperanças crentes e fecundas,
nas certezas deste sentir tão confiante.
Deslumbramento, puro desejo de ser,
intenso anseio de amar, convictamente,
a procura em ti, da vida e do saber.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Como te hei-de esquecer?

Na lástima da desdita
que se adensa,
na certeza
do silêncio que levita
do esquecimento,
no afastamento,
da distância contradita,
que sem ti vacila
e desata a saudade.
E a voz denota
o segredo de amar,
na pergunta nua,
na tristeza fina que vacila,
na pujança de um ser
que soturno definha,
no conforto de te saber
com ganas de poder voltar.
Como te hei-de esquecer?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Que é da esperança?

Que importa a tristeza,
o desassossego,
o (des)encanto?
Que importa
se o seco soluço,
impede o engolir?
Que importa
se o investir
pereceu?
Que importa se
cada dia esconde
um suspiro,
uma decepção,
uma emoção,
uma ausência?
Que importa?!...
Que é da convicção,
da expectativa,
do sentimento,
do perdão?
Que é de ti,
do entusiasmo,
da paixão?
Que é da esperança?!

terça-feira, 10 de junho de 2008

É sina...

Tanto sacrifício é sina.
É a vida,
num sufoco envolvida,
num soluço infinito,
qual suplício inventado,
na imensidão do nada,
nesta porta já fechada,
em agonia inaudita...
Quanto não daria agora,
para poder, como outrora,
desistir do desafio,
silenciando o elogio,
a emoção e a razão,
e a vida neles inscrita,
e a força, e a desdita,
destes laços de querer,
que num singular padecer,
desata os elos da paixão?!

sábado, 7 de junho de 2008

Foi assim

The Road not Taken

"Duas estradas num bosque amarelo divergiam. Triste por não poder seguir as duas - sendo um só viajante - muito tempo parei.
(...) Naquela manhã ambas (as estradas) tinham folhas ainda não escurecidas pelos passos. Oh, guardei a primeira para um outro dia. Mas sabendo como uma estrada leva a outra, duvidei poder um dia voltar.
(...) Contarei esta história suspirando algures, daqui a muito, muito tempo. Duas estradas, num bosque, divergiam; e eu tomei a que era menos pisada. E isso fez toda a diferença."

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Robert Frost

Leave Out All The Rest



Linkin Park

I Remember You - Chet Baker

O fim do (Des)Encantamentamento

Dou-me um tempo para a interiorização do limite do meu voar. Quebradas as asas, resta-me a memória de um dos capítulos do meu (Des)Encantamento. E os poucos momentos antes do encerramento desta vereda servirá para me readaptar, reacomodando-me. Já sinto as margens a comprimir a minha ânsia de viver, a enfarpelar o quotidiano que se avizinha, a circundar com farpas os limites do meu reino dia, cerceando a minha liberdade devaneio...
Respirar é difícil quando a tristeza me invade profundamente. Intuo que não será mais possível lutar pelo sonho...
Na impossibilidade de um vislumbre de outro modo de ser, aniquilo-me vontade...
Dói-me respirar. Tanto quanto engolir o sofrimento de me saber "rebelde aprisionada"...

Eis-me resignação

Ainda tu, ainda,
na verdade da libertação,
na saudade da relação,
no horizonte da ilusão.
Por quanto tempo?
Em que registo?
Eis-me resignação
e saudade.

Veracidade do sentir

Imprevisivelmente, a solução surgiu.
A decisão brotou da escolha,
coloriu opções,
patenteou alternativas,
construiu possibilidades,
semeou oportunidades,
concluiu processos.
A vereda pela qual me movo,
ladeada de arbustos,
reflecte percursos airosos,
prados de novidades,
lagos de tranquilidade.
Finou o sonho, o oculto,
o menos ético, menos bom.
A insatisfação do querer,
mantém-se,
na veracidade do sentir,
na convicção de saber,
na certeza de não esquecer.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Rumando ao infinito teu

Sonhos espelhados
em cansaços doentios,
alicerces, plantios,
de esperanças danadas,
quinadas,
em esperas desdenhosas,
cúmplices, dengosas,
de convicções insanes.
Tristezas falsete,
em trilhos deleite,
surpresas lembrete,
de loucas quimeras
feitas desejo vão.
Quisera bálsamo sentir,
num azul primaveril
de profunda sedução
e outra seria eu,
de coração ao léu,
rumando ao infinito teu...

terça-feira, 3 de junho de 2008

A vida estagnou...

A palavra constrange,
o sentimento inibe.
O sol é, a cada instante,
submerso no negrume
de um céu enublado,
de um desejo truncado,
nos interstícios do saber,
nas agruras da decepção,
nos dilemas do coração.
Falta o olhar,
a certeza do reforço,
a garantia do valor,
o derrame do encanto
que no silêncio se perde
e na angústia se esconde.
Ressoa o desalento,
o desatino, a desilusão,
na falta de cumplicidade
no decurso da solidão.
Já não me surpreendes mais
nem me crias desafios
ou magias pontuais...
Amor, apenas chove,
o arco-íris não ocorre
e a vida estagnou,
num (des)encanto que marcou...

domingo, 1 de junho de 2008

A vergonha

Com esforço arrebatado,
contive as revoltas,
nos rios abruptos,
cansados tumultos.
Estancando desejos,
desatei a tristeza,
entregando de bandeja,
as profundas ilusões
de desalentos traçados
e encantos reprimidos.
Em vão acreditei,
descrente, esperancei
e, desiludida, chorei.
Com pedra sobre pedra,
o sentimento soterrei,
na vergonha que senti,
tão só porque te amei
e tal não esqueci.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Que ingenuidade!...

Eras tu, inesperadamente,
escondido nas palavras,
no diálogo com a sombra
de uma Ana desculpa,
que não aí ao lado,
não contigo inimaginado.
(In)compreensível a atitude,
o não reconhecimento,
o esconder da identidade.
Tantos porquê agora,
como a falta de transparência,
a ausência de naturalidade,
a não autenticidade,
cada vez mais retumbante,
mais difícil de aceitar,
abrindo outras brechas
aprofundando tristezas,
sulcando desencantos,
cavando desilusões...
Palavras que escondem o quê?
Silêncios para quê?
Que ingenuidade a minha
ter acreditado um dia...

sábado, 24 de maio de 2008

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Quando o ego dançou

Martelam no cérebro
palavras significado,
que ventos distantes,
silvando incólumes,
lançaram carinho,
sugerindo de mansinho,
éticas sensatas:
"Não precisamos de nos por
em bicos de pés
só porque repararam em nós..."
E os ventos descansam,
no desassossego da sombra,
nas sementes distantes,
do degredo sentido,
no arremesso da vida
que a escolha falhou.
Lambendo as feridas
que os ecos denotam,
recordo palavras,
sentidos bizarros,
em que o ego dançou.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Marcas de sentimento

Passado o assombro,
de sorriso nos lábios,
coração tremendo,
esperei convites,
descobri silêncios
e outros deslizes...
Batendo como louco,
saltando do peito,
voando bem alto,
esquecendo defeitos,
querendo, desejando,
ansiando abraços,
na carência dos actos,
esperei presenças,
nas ausências plenas...
E queria eu fugir,
deitar fora amarras,
desistir de ti,
resistindo, recusando...
És ainda tu,
a marca do meu sentir.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Máscara de um sonho nu

Meu carossel de emoções,
estranhas e brancas sensações,
e tantas, tantas ilusões...
Eras tu ainda e sempre,
e eu também, sem mais,
em cada instante, num repente,
em acordes festivais,
de generosa e franca bonomia,
numa espera profunda, até ser dia,
em cada madrugada, cintilante,
o amor, a entrega de amante.
Minha via, à revelia
do regular percurso vetusto,
desdenhado desregrado,
avança um dia, valentia,
atrasa no crepúsculo,
a verdade de ser maior,
o sentido de ser mulher...
E ainda e sempre, sempre tu,
imagem fugidia,
máscara de um meu sonho nu.

OMD: Souvenir

quinta-feira, 15 de maio de 2008

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Não sou mais...

Desalenta,
a desatenção.
A desolação no olhar,
a certeza do vingar
perante a soma do afazer
que se estende e se desmancha
perante a desgarrada,
segundo a função,
de cada um perdida
na definida ejaculação
das anunciadas vontades,
finadas
desajustadas,
encantonadas de betão.
Não sou mais,
não sou não.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

E se um dia...

E se um dia vieres bater à minha porta,
Talvez possa ainda sorrir-te,
Por que não?
Quem sabe a solução,
a certeza da vontade
numa saudosa versão?...

terça-feira, 29 de abril de 2008

A saudade...

A saudade, a saudade...
O sem sentido,
o desvario,
o cansaço,
o desalento.
A saudade, a saudade...
O silêncio,
a ausência,
a noite,
o desespero.
A saudade, a saudade...
A lembrança,
a decepção,
a aposta,
a frustração.
A saudade, a saudade...

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Que inferno?!...

Haverá pior inferno
do que este meu inferno?
Vira para lá, volta para cá,
na cama sem jeito,
coração apressado,
galopando no peito,
a arder, a arder,
da falta, da falta, da falta...
A cabeça às voltas,
o sono suspenso,
o sonho defeito...
Mil imagens passam pela cabeça,
soturnas algumas,
outras flashes fortes,
de ilusão desilusão,
de encanto e desencanto...
E volta que volta,
e vira e desvira
e o sono não vem,
neste inferno sem lei,
neste corpo com frio,
cansado empedernido,
esgotado da falta,
e do vazio...
Tudo sem sentido, sem sentido.
Às voltas na cama,
o escuro desvanece-se
num abrir e fechar de olhos,
qual inferno, amanhece:
o cansaço a doer,
o corpo a falhar,
a cabeça a arder,
a vontade a faltar...
Que inferno se compara
a este inferno meu
que tanto me desgasta?!

domingo, 27 de abril de 2008

Espiral que confunde

A cada novo instante,
a distância
dolorosamente sentida,
desenvolve o vazio,
aprofunda o silêncio.
A solidão é mais intensa.
O rosto de cada manhã,
transporta no seio,
o gosto da saudade,
a tristeza de te não ver,
a dor de te não falar,
a inquietação de te não saber,
sabendo-te apenas ausente.
Aceitar a vida,
não me apazigua.
Deixa-me apenas resignada.
Às vezes (como agora),
enquanto o sono tarda
e teima em não me libertar,
a mágoa extravasa,
e minúsculas pérolas
de translúcido cristal,
desenham, silenciosas,
uma espiral,
que tanto me confunde.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Minha Emancipação

Foste meu encanto,
o meu sonho,
meu princípe risonho,
meu mestre,
de sábia oração,
minha inquietude,
renascida,
no silêncio da canção,
minha verdade,
mistério concretude,
de alento e saudade,
ilusão de liberdade,
solidão e finitude.
Foste o tudo nada
em cada madrugada,
o meu bálsamo,
quando cansada,
meu devaneio puro,
minha emancipação.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Senhor de amorizade

Consistência do ser
que no padecer,
dos silêncios constantes,
de propósitos cruciantes,
se vai desmembrando
em ausências distantes;
Cujos vazios contumazes,
desembainham sinais
que se avolumam
em descomunais queixumes,
quais azedumes esconsos,
transpostos,
em ancestrais costumes.
São brumas que se levantam,
nos interstícios emocionais.
Plangentes murmúrios
de indomável sentir,
traduzindo sussurros
de incompreensível sentido.
E o vazio acontece,
antecedendo a saudade
do elegante sedutor;
Veloz veleiro,
de um porto seguro,
companheiro:
Senhor de amorizade.

sábado, 19 de abril de 2008

E... III

E se a vida
mais não me der do que já deu,
hei-de ainda assim viver
da lembrança de ti,
da saudade
e da imaginação,
do que aconteceu,
daquilo que,
apaixonada,
então vivi
e tão profundamente senti.

Still Loving You

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Eis-me capaz de dádiva...

Na esperança de um bálsamo catalizador,
no sentimento que é bom ser alentado,
no saber que o reforço retempera,
no pensar que o amor rejuvenesce,
no acreditar que a verdade revigora,
eis-me capaz de dádiva que fortalece.

Tudo sem sentido...

Haverá pior inferno
que este inferno?
Não! Nenhum se lhe compara:
vira para um lado,
volta para o outro,
na cama sem jeito,
o afago distante,
a saudade a gelar,
o coração a bater
de encontro ao peito,
galopante,
a bater desfeito.
A falta, a falta, a falta,
a falta... do sonho,
a ausência de sono,
a cabeça a arder...
Tudo sem sentido, sem sentido...
Mil pensamentos,
imagens que vão e vêm sem parar,
flashes fortes,
a cabeça a latejar,
num corpo sedento,
com frio, empedernido...
O escuro desvanece-se
num abrir e fechar de olhos,
amanhece o cansaço
da noite passada,
da falta, da falta, da falta...
Tudo sem sentido, sem sentido...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Pudesse eu...I

Pudesse eu
minimizar o sentir,
esconder o desejo,
mudar a distância...

Tudo faria sentido

Pudesse eu
minimizar o desejo,
esconder o sentir,
mudar a distância,
aceitar o silêncio,
celebrar o desapego,
confiar na vida,
inventar o sonho,
não perder a esperança,
ultrapassar o desassossego
(...)
Teria outra visão,
seria outro desafio,
valeria outros ideais,
ganharia outras dimensões.
E, tudo faria sentido.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Para quê?

Se fosse para me sentir melhor, seria bom.
Se fosse para adormecer, seria útil.
Se fosse para te esquecer, seria pertinente.
Se fosse para crescer, seria eficaz.
De nada vale perder-me em cada noite,
deixando-me branca de esperança e saudade.
De nada serve verter palavras,
senão o impedir o afogamento,
que as poças de lama preanunciam.
Para quê este repetido escrever
senão para me libertar
deste amgustiado sentir que tanto oprime
de tão intenso e improfícuo,
como de tão não correspondido?!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Murmúrio de mulher

Convidaste-me a sentir.
E, eu quis abandonar-me,
partir,
amar-te até ao infinito.
Não contabilizei a dor,
nem o silêncio saudade,
solidão angustiante,
inspiração da verdade...
À cautela, a voz inaudível,
de desejo sedução,
sussurra teu nome branco,
recordação presente,
invocando teu corpo carícia,
em desabafo pungente
fogo incandescente de ser.
E, num murmúrio de mulher,
convoco-te na noite
de luar transparente,
sabendo que apenas o silêncio
ressoará...

Sonho-te...

Na fidelidade do conhecer,
na confiança do saber,
na verdade do sentir,
acredito no teu olhar,
quando me diz o que fazer.
As dúvidas desaparecem,
e a vontade estremece,
leal e terno conselheiro,
meu ideal companheiro,
sonho bonito, anseio,
quando o desafio acontece.
Se pudesse dizer-te o sentir!...
Traduzir a emoção
viver o fogo paixão,
que me embala e adormece,
e solidão transparece,
na saudade do partir!...
Poderosa sensação
de abandono e convicção,
cúmplices,
de gestos contidos
em efémeros voos,
inebriante tentação.

(...)

Sonho-te memória perdida,
algures meu horizonte matinal...

Aproximei-me de Ti

«Aproximei-me de ti;
e tu, pegando-me na mão,
puxaste-me para os teus olhos
transparentes como o fundo do mar para os afogados.
Depois, na rua,
ainda apanhámos o crepúsculo.
As luzes acendiam-se nos autocarros;
um ar diferente inundava a cidade.
Sentei-me nos degraus, do cais, em silêncio.
Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa atravessando a praça
até desaparecer.
Ainda ali fiquei algum tempo, isto é,
o tempo suficiente para me aperceber de que,
sem estares ali,
continuavas ao meu lado.
E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que
me deixaste como amada
recordação.»


in «Poesia reunida 1967 - 2000», "A Partilha dos Mitos" [1982]

segunda-feira, 7 de abril de 2008

...

Com lágrimas de cristal que me consomem e confundem, num sentimento de vazio que transborda pela estonteante certeza da mudança que se avizinha, reflexo de uma bem mais intensa e profunda mudança que iniciei, faz tempo, questiono-me e analiso criticamente todas as contradições que fui e sou e que não sei ainda se quero continuar a ser...

domingo, 6 de abril de 2008

Para Ti

«Sonhei contigo embora nenhum sonho
possa ter habitantes tu, a quem chamo
amor, cada ano pudesse trazer
um pouco mais de convicção a
esta palavra. É verdade o sonho
poderá ter feito com que, nesta
rarefacção de ambos, a tua presença se
impusesse - como se cada gesto
do poema te restituisse um corpo
que sinto ao dizer o teu nome,
confundindo os teus
lábios com o rebordo desta chávena
de café já frio. Então, bebo-o
de um trago o mesmo se pode fazer
ao amor, quando entre mim e ti
se instalou todo este espaço -
terra, água, nuvens, rios e
o lago obscuro do tempo
que o inverno rouba à transparência
da fontes. É isto, porém, que
faz com que a solidão não seja mais
do que um lugar comum saber
que existes, aí, e estar contigo
mesmo que só o silêncio me
responda quando, uma vez mais
te chamo.»

in Poetas Apaixonados
Por Nuno Judíce

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Desassossego...

É por tudo ter de acabar que tudo é tão belo diz Charles Ramuz.
Mas, será mesmo assim? Não deveria ser antes: É por tudo ter de acabar que tudo é tão belo? A questão parece-me bem mais interessante. Aliás,na minha opinião, apenas quando ainda há algo para o qual não há resposta ou algo que não está respondido, quando ainda há uma questão em aberto, é nessa altura (e atrevia-me a dizer que é maioritariamente aí), nesse entusiasmo da pesquisa, da procura, do desafio que a beleza deslumbra, que a vida encanta. Quando a resposta se pre/anuncia, algo se perde e se esfuma por entre os sinais concretos, compactos, definidos, delimitados da vida...
Um dia, o desejo de partir foi um intenso e profundo impulso. E isso era/foi belo porque havia emoção, sonho, esperança... Imaginei iniciar a viagem caminhando passo a passo na cumplicidade de ideias, de valores, na crença da confiança, que trouxe o desassossego, ponte para a saída, carruagem para a partida... Desde esse dia sinto que em breve apanharei uma carruagem outra (distinta da de outrora), para uma viagem também outra, sem fim previsível... E, é neste saber não factível, neste deslumbramento de não ser, que se vislumbram reflexos da beleza, metamorfoseada em sendo, indo, caminhando, fugindo, errando, "viajando"... E, o mais belo de tudo isso é a interrogação insubstancializada potencializadora, é o não ser sendo, o não dito possibilidade, o espaço aberto à sedução do ser, à serenidade do acontecer, ao silêncio do existente instante fluído e vitalizador...

No teu Poema

«No teu poema
existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira, um céu aberto,
janela debruçada para a vida.

(...)
No teu poema existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo.

No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha
.
(...)
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro


José Luis Tinoco
(Int: Carlos do Carmo, Uma canção para a Europa)

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Receios...

Se a vida mais não fosse que pura ilusão, estaria segura da minha função.
Assim, descubro a cada passo novas ironias, novos desafios e euforias que se repercutem em outras pre/ocupações que criam ansiedade, que esgotam a vontade no receio pela novidade...
Novamente a aventura do inesperado, do insuspeitado, do imprevisível...
Mas, onde anda o entusiasmo? Que é do esforço benfazejo aplicado ao ideal? Como olhar para a frente? Onde apoiar (segurando o salto para manter o equilíbrio), o corpo cansado, dorido da mente? Quanta leveza será necessária para desfrutar da esperança?
Parece ser hora de reflexão profunda, na comunhão de novas formas de superação e, contudo, parece também que tudo se perderá, ruindo o castelo de areia, nas vagas disformes do ser, no acontecer sem limites, nem fim...
Quem dera que tudo pudesse ter reparação, que todas as coisas pudessem ser reparadas, consertadas...
Receio o amanhã pelo silêncio, pela saudade, pelo (des)espero, pela (des)lembrança...

segunda-feira, 31 de março de 2008

Cry - James Blunt

Lágrimas de cristal

Este laivo de loucura
que me percorre as veias,
incandescende-me,
provoca-me anseios,
suspende-me a razão,
em gorjeios...
Apenas a emoção vagueia,
por entre o sonho
e o pensamento
...
Sempre que te penso
em afagos de ternura
em lampejos de doçura
esqueço o ruim,
a esperança desfeita,
o desejo contido,
a verdade escondida...
Em devaneio,
esqueço-me de mim,
vivo o deslumbre assumido
que me faz padecer
de saudade brutal
feito enorme vendaval,
suplício entontecido,
em lágrimas de cristal.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Entre/laçada(s)...

Enamorada,
perdida de apaixonada,
constructo de aventurada,
de aprendizagem negada
em consequências
inimaginadas.
Inocências plasmadas
em ingenuidades complexas
de simplicidades anexas,
à solta,
desencadeadas
pelo uso desusado da razão.
Maltratada.Inconformada
porque confundida
e incompreendida.
Estéril o sentir.
Ignóbil o viver.
Embaraçada...
Entretecida.
Envolvida.
Enredada.
Entre/laçada(s)...

domingo, 23 de março de 2008

Perdida de frio

Devaneio de cansaços,
nos abraços dos parceiros,
enleados em espaços,
dianteiros,
com artefactos,
prazenteiros,
enredados no laço concelhio,
promessas de realização,
de partilha de ilusão,
sentimento fugidio.
Amigo sincero,
só na mente que mente,
plantio de semente
sem florestação,
nem fruto bravio...
Sêca de esperança,
perdida de frio...

sábado, 22 de março de 2008

Desistindo...

Dividida.
Infeliz na escolha
entre a razão
e a doce emoção.
De ilusão pintada,
definhando cansada
da falta de ti,
do abraço apertado
reflexo ambicionado
da ventura de viver...
Dividida.Entristecida.
Incapaz de ver a luz
ao fundo de tudo,
desistindo de amar,
desistindo de ser,
e de esperar,
desistindo de ser feliz...

terça-feira, 18 de março de 2008

Com o ego no poço...

Tenho o ego no poço
e a vida escondida,
por entre o nevoeiro,
num fosso domingueiro,
do fosforescente laivo,
que no sopro de ser
implode e certeiro
sacode lampeiro,
a vontade de viver...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Dios Como Te Amo



Gigliola Cinquetti

Gigliola Cinquetti - NonHolet

Aragem de mulher...

Dar-me como modelo
é algo que perdi
no dia em que te olhei
e te vi, despido para mim.
Faz tempo esse olhar...
Foi faísca de escrutínio
Desde então, é como se,
em cada dia te quisesse
um pouco mais de cor...
É rebeldia este sentir,
este gostar que me aniquila,
tanto mais do que poderia
alguma vez imaginar...
Receio não concretizar
o sonho que invento
em cada madrugada
num pouco mais de cor
nos teus olhos doces
que me enebriam
e me suspendem...
Invoco o teu corpo
na nudez da minha alma,
meu sonho pastel,
modelo de outras paragens
aragem de uma mulher...

quarta-feira, 12 de março de 2008

Soluço saudade...

Ofereço a brancura,
da minha candura,
em pele de cetim,
e tu dizes que sim.
Mas ao contacto,
afastas o afago,
e sais do caminho,
tão de mansinho,
que a sedução,
se esfuma em raiva,
de indefinição.
Sobrevém a surpresa,
suprimo a vontade,
domino a natureza,
contra o desejo
uivando tristeza.
O sonho vai morrendo,
ficando distante,
aquele encantamento
que me envolvia.
Escorrendo silêncios,
adenso os vazios,
chorando certezas,
anulando desafios.
E constrangida,
soletro liberdade,
relembro magia,
soluço saudade.

terça-feira, 11 de março de 2008

Sinatra Jobim, the Lost Tape (1969)

Nada mudou. O sentir...

NADA mudou, só a distância?!
Tudo MUDOU. Até o silêncio.
E O SENTIR,
esse DEIXOU vazios,
num esparso EXISTIR
de DESEJOS fugidios,
de CERTEZAS duvidosas,
de VERDADES INVEROSÍMEIS,
de RELAÇÕES IMPROVÁVEIS...
Num acervo, A SAUDADE,
DE CONFIANÇA e verdade,
ESPARGIDA, frustração,
DE VONTADE controlada,
devaneio INSONDÁVEL,
É INSOLÚVEL CONDIÇÃO...
QUANTA ILUSÃO traçada,
em rasgos ESFACELADA...
Quantos DESENGANOS sofridos,
inutilmente NUTRIDOS,
por DESLEAIS companheiros...
Brutais ENIGMAS, postados,
rituais DOLOROSOS marcados,
por PERCURSOS trapaceiros,
esperanças desfeitas,
caminhos OMITIDOS...

domingo, 9 de março de 2008

Migalhas

«Não digas nada, dá-me só a mão. Palavra de honra que não é preciso dizer nada, a mão chega. Parece-te estranho que a mão chegue, não é, mas chega.
(...)
Vou contar-te um segredo: há alturas em que as migalhas ajudam.»

António Lobo Antunes

Navegar sintonias

Quanta ânsia inusitada,
nunca antes acordada,
nem até tão definida.
Como poderá ser perdida
esta ânsia de liberdade,
tão intensamente sentida?
Galgam-se escadas,
procuram-se cadeias,
sugerem-se correntes,
em nós avaliadas,
de naus naufragadas,
a trote gizadas,
num galope instado,
desejo truncado,
em sonhos invocado...
Desabafos plenos
em dias amenos,
claros de magia,
em soberba valentia,
navegando sintonias,
promovendo sinergias...

sexta-feira, 7 de março de 2008

Que escolhas fazer?

Inibem-se os folhos,
nos caminhos solitários,
nas contradições,
afirmadas aos molhos
nas capelas,
iníquos santuários,
atrevidos e cúmplices,
de imberbes signatários,
distintos munícipes...

Desejando conjugar
pequenos reforços
nos percursos trilhados,
de sofridos esforços,
nos enormes tratados,
que um dia concebi...

Ideais defendidos,
de causas não esquecidas.
São sabores adiados,
valores conturbados,
em dias desiguais,
de desejos carnais,
subtilmente contidos...

Que escolhas fazer?
Que veredas percorrer?
Que atitudes tomar?
Que sorrisos espalhar?
Que esperança manter?

...

quinta-feira, 6 de março de 2008

Desistir de mim... Reisistir a ti

Descer precipícios,
ultrapassar ligeira,
certos sacrifícios,
que em nus edifícios,
doei de bandeja...
Voar planando,
rasar o infinito,
lembrando veredas,
d'outras primaveras,
combinando quimeras,
que um dia vivi
e rapidamente esqueci...
...
Devo desistir de mim
para poder ser capaz
de te resistir a ti...

Katie Melua - 'If You Were A Sailboat'

Meu porto seguro...

Rouca, a voz da emoção,
reflectindo satisfação,
na conduta e no caminho,
plenamente construído,
assertivamente defendido.
Ternura na voz,
tremente desejo,
sedenta loucura,
de estarmos sós...
Sonho conjugado
no tempo de ser,
no modo estar,
abraço balsâmico,
profundo sucedâneo,
do segredo de amar...
Denso e perfeito,
sentimento puro,
em esperança ávida,
carente delírio,
meu porto seguro,
de realização magna.

terça-feira, 4 de março de 2008

I can do it!...

É a memória à solta,
aos saltos,
grotescos,
sem percalços,
nos recantos da saudade...
Acreditar,
é ainda o lema.
Confiar,
é a bandeira.
Superar-me-ei.
I can do it!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O gelo venceu...

Envolta em silêncios,
em olhares desnudos,
perante vós,
vestidos de entrudo,
a desandar a roda,
a desfazer a nódoa,
a derrubar o muro...
Desisto e resisto,
batalho e mergulho,
nesse deserto avaro.
Quão brusco reparo!
Quase me suga,
essa areia muda.
Quase entorpece.
Denota o cansaço,
por falta do abraço,
ao vento sueste?...
E a nuvem branda,
de novo desanda,
ameaçando chuva,
após sinistro desdém,
registo agreste,
que me detém...
Por que me magoas?...
Trazes o manto de breu
assobiando vampiros,
mostrando os gemidos,
da dor das escolhas
que o gelo venceu,
e a esperança matou...
Caminho negrume,
nefasto perfume,
que me envolveu
e me encantou...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Diário II

Nota a nota,
página a página,
hora a hora,
gota a gota,
o lamento,
a insignificância,
o sofrimento...
Sinto o desnorte,
o degredo,
o segredo...
E, a sorte ronda,
o sol já nasce,
e a vida dura...
Quanta saudade
nesta brancura
se esvai sorrateira,
e tanto dela mesma,
se perpetua!...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

São rosas, senhor!...

E as lágrimas sedentas
da libertação esperada,
transbordam loucas,
arrogantes,
persistentes,
galopantes...
E, no confronto,
a explicação:
São rosas senhor,
são rosas!...

Só na solidão precipício...

É doloroso sentir,
sem poder dizer o quê,
sem poder dizer porquê,
neste silêncio infinito,
só na solidão precipício...
É difícil libertar a mágoa,
o soluço engasgado,
o aperto incontrolado,
a angústia do vazio...
Nem a música conforta,
nem a pintura denota
nestas palavras sombrias,
a amargura plangente,
de soturnos pensamentos,
e sofrimento absurdo,
de tão pungente e lancinante...
Dói a consciência do ser,
a incerteza do viver...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Veja, você esqueceu...

“Mas deixe-me considerar.
A gota cai, outro estágio foi alcançado. Estágio após estágio.
E por que deveria haver um final para os estágios? E aonde eles nos levam?
A que conclusão?
Pois eles chegam vestindo trajes solenes.
Frente a tais dilemas o justo consulta aquelas celebridades de aparência atraente e grandiosidade
cujo agrupamento vai passando às minhas costas.
No que nos diz respeito, os mestres nos ofendem.
Eis que um homem surge e diz: ‘Atenta, esta é a verdade’, e instantaneamente, eu percebo ao
fundo um gato empoeirado roubando um pedaço de peixe.
Veja, você esqueceu o gato, eu digo.”
Virginia Woolf (The Waves, 1931)2

2. Piaget J. Le jugement moral chez l’enfant. Paris: Z. Alcan, 1932.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Saudades...

Tenho saudades de ti
do tempo em que não havia tempo,
do espaço que era tão nosso,
tão intimamente nosso...
Tenho saudades do abraço,
do afago e do olhar,
que em desdita, cansado,
olhava mais do que olhar...
Temho saudades do riso,
dos acordes musicais,
cujos ecos matinais,
seguiam durante o dia,
tão cristalinos,
tão profundamente soltos
que quase afoitos,
roçavam meu corpo
ávido do teu...
Tenho saudades do tempo
em que te sentia menino,
mas também poderoso, felino,
dominando a situação,
ganhando largo terreno,
no meu pobre coração...
Tenho saudades de ti,
desejo do meu silêncio,
encanto do meu deleite,
perdição do meu coração...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Não te fies tanto...

Não te fies...
Afinal, nesta vida,
nada é certo senão a morte...
E, se sei que te quero,
quando te olho,
e penso que mostro
esse querer em cada instante,
também sei que isso nada vale,
e que a transparência
é somente uma crença
a qual não vislumbro
no teu doce e terno olhar...
Pelo menos não sei ler
essa centelha de ser,
sempre que te vejo
e te desejo,
longínquo entardecer...
Mas, não te fies porém,
porque há vidas,
que a vida contém,
cujos males que vêm,
vêm por bem...
Quem sabe o que virá aí,
para mim e para ti...
Atenta e não te espantes.
Mas, não te fies tanto...

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Um dia ...

Um dia,
não precisarei mais
de inventar dias claros
reflexo da intensa luminosidade
do teu doce e terno olhar...
Um dia,
também não terei mais
os sorrisos madrigais
fruto de jogos matinais,
com que quiçá me brindas,
quando me constróis
e me fantasias...
Também um dia,
não terei mais,
a agonia de me perder,
em sonhos triunfais,
desvelos sustidos,
em afagos sumidos,
nos nus lençóis engelhados,
em que derramo os fluídos
dos desejos mal contidos,
com que me convenço
e me espanto de ti,
encanto de mim,
dançando contigo...
Um dia,
tudo será eterno,
como este sentimento etéreo
que me envolve e cativa,
mas quase me aniquila,
no silêncio do meu peito,
neste aperto derradeiro,
que desperta, mal te penso,
que galopa, mal te ouço,
que me assusta, mal me deito...
Um dia... Seremos eternos?!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Vã glória de existir

Luta inglória.
Assumo: não consegui!...
Sobra desejo
mas falta coragem
e é nessa aragem
que me confundo
e me entrego
de braços caídos,
resignada
à (tua) razão...
Sem reforço,
não há excelência que resista,
não há força que subsista,
não há vontade que persista...

Celebração

O dia que se avizinha é um dia especial. Deveria ser um dia de celebração e convite à entrega. Deveria ser um meio, um veículo para o assumir dos aspectos que caracterizam o lado mais profundamente humano do ser, da pessoa que se quer inteira e não fragmentária. Poderia ser a ponte entre as margens que comprimem o rio na libertação dos sentimentos mais puros e das emoções mais íntimas, numa celebração de carinho e serenidade onde o outro se apresentasse como bálsamo refrescante capaz de conciliar o ser e o nada, o desejo e a realização...
Sonho com os elos que configuram a corrente na acepção do ser e do pensar que se unem no sentir e no viver...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O sonho que emudesceu

Já pouco importa
quando mais nada vale...
Nus vendavais,
emoções ao rubro
esgueirando-se lentamente,
pelas frestas da pele,
em gotículas de suor,
brilhantes, luzentes.
Esvaídas dos poros,
quais brechas sulcadas,
reflectindo as mágoas,
de ingénuas andanças,
de desejos lembrança...
É a vontade que decai,
a força que se perdeu...
É o desafio que se vai,
o sonho que emudesceu...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Desistência escancarada

E o caminho íngreme à espreita,
o frio lá fora em desfeita,
de andar ao léu enfarpelada...
E eu aqui presa, contrafeita,
infeliz na angústia insatisfeita,
do silêncio de ti, acabrunhada...
E tu em ausência rarefeita,
de vazio e saudade, qual maleita,
crias solidão profunda, esvaziada...

E tudo em desistência premente escancarada...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Percurso

Brilhei. Esmoreci.
Vibrei. Assumi.
Batalhei. Fugi.
Mudei. Aprendi.
Ganhei. Perdi. Mas, também cresci.
Amei. Sofri.
Pensei. Resisti. Mas, não venci...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Quero acreditar...

E eu que sonhei
auroras boreais,
Vangelis e Quioto!...
Que criei
vã esperança
no valor da humanidade,
no crescimento da vontade!...
Apostei sinergias,
inventando a liberdade...
Outros mundos,
segredos abismais,
profundos...
Quero voltar a sonhar,
a ser ingénua,
a acreditar...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Sensações amorais

Num carossel de emoções,
são estranhas sensações
que falam mais alto,
planam acima do super ego,
ultrapassam a barreira,
são amorais...
Valentes e desordeiras,
"ilusões" parceiras
das revelações...
Inspiração. Admoestação.
Inovação.
Opção inacessível,
prisão verosímil.
Obscuridade.
Urgência...

Gianna Nannini - Meravigliosa creatura

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Querer-te...

Sei que estás por aí...
Mas, ver-te,
confirmar a presença,
é ligação à vida,
ao desejo de lembrança
permanente.
Saber-te,
é presença de luz,
na resistência de ser
que me conduz
negando a desistência...
Tenho esta cruz
de querer o impossível:
de te querer...

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Expressão

Entreabro a nesga
que me confronta e desola,
se apresenta ironia,
e me consola,
na provocação diáfana,
reflectida em cada dia.
Disfonia alternativa,
surpresa imagem,
translúcido reflexo,
que num desejo de sucesso,
me aniquila e fulmina.
Transformação, mudança,
rendição...
Precisão, geometria,
consentânea parceria,
ávido querer,
desnuda paixão.
Rigor listado, apostado.
Hesitação, indução,
aprendizagem solução.
Sentido significado,
sentimento, expressão.

POR TI VOLARE

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

No revés da medalha

Neste revés de medalha
com que largo toda a tralha,
vou sobrepondo ao padecer,
o sonho da partilha,
da cumplicidade reganha,
por vezes estranha,
num caminhando devagar...
Quantas decisões amargas,
destemidas e galhardas
de entusiasmos sãos,
dão às vezes ironias,
em fugas melancolia,
de enorme dimensão,
quais vagas que arrasam
feito tsunamis aflição...
Conjugar esforços,
lutando com garra
pelo que acreditamos,
dar-nos-à segurança
e também a confiança,
de valer a pena o pelejar,
de fazer sentido por cá estar ...

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Meu Encanto Desvario

Meu encanto desvario,
meu norte desnorte pleno,
em constante desafio,
num contraste desatento
de envolvente devaneio.
Desejo lúbrico consciente,
dos meus dias assinante,
em permanente abertura.
Pensamento puro simples,
preso a afagos doce mel,
convertidos em pedintes
de outros êxtases,
com novas satisfações
e outras realizações.
Ídolo e porto seguro,
és o bálsamo conselheiro,
dos desnortes vagabundos,
de desertos soalheiros
que me prendem e confundem
e me animam e surpreendem.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Anestesiada

Gestos teus esparsos, comparsas.
Enigma paradigma dilemático,
em esgar inocente, enigmático.
Mágicos os ninhos recepção,
no espaço relação: desejo sensação;
Memória ambição: diálogo profusão,
convívio mas contenção.
Eis-me debruçada sobre a vida,
projectada para a morte...
Senil perspectiva afunilada,
abraçada, confirmada,
descrente, agnostizada,
anestesiada...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

não sei...

não sei o que hei-de pensar,
não sei o que hei-de dizer,
não sei o que hei-de fazer,
não sei como te hei-de amar...

Meu pássaro alado

Meu pássaro alado
que em cada voo sentido,
repensas a vida,
teu percurso significado,
num desejo inacabado,
em que te guia outro valor.
Enérgico, pleno e forte,
evidencias o norte,
que sem pressa se desvia,
ainda que sem euforia.
Em cada nova entrega,
(re)defines o passo,
e intimamente decides
anular meu espaço,
para não desfrutar do sentir
que racionalmente denegas
mas meigamente me entregas
em mimos com que nos brindas,
nos mistérios deste amor.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Teu cheiro maresia...

Teu cheiro maresia,
guardado até ser dia,
na gaveta da memória,
feito dedicatória,
nos farrapos de cetim,
que te convocam.
Lembranças de frenesi,
de espaços e regaços,
e abraços, ternos lassos,
de compassos e afins.
Envolvo-me. Envolvo-te.
Invento-te. Encosto-me.
Embriago-me de ti.
Fecho os olhos.
Revivo:
os silêncios,
os afagos,
os suspiros,
os perigos
...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Quero-te tanto...

Saboreei com gosto o teu afago,
tanto quanto o chocolate
derretido contra o céu da boca,
em volúpia e deleite
assim como o sentir-te em mim,
tão intensamente, quanto o beijo,
e o anseio de me escancarar,
de me dar tremente e húmida,
na tua boca segura e quente...
Por que o fazes? - perguntas.
E, olhando-te no íntimo,
no profundo do teu olhar,
digo-te que não resisto
ao sabor, ao odor, ao calor,
ao desejo de ser querida,
ainda que num curto instante
das nossas tão loucas vidas...
Pudesse eu entregar-me a ti,
para poder libertar-me
desta angústia frustração
em cujo desatino me envolvo,
pelo sabor do furacão
que o teu corpo provoca
e o teu gesto invoca,
no carinho das tuas mãos...
Quero-te tanto,
meu príncipe, meu encanto...

domingo, 20 de janeiro de 2008

Que importa?!...

Que importa o amanhã
se esta agonia vã,
transpira por entre os dedos,
nos poros dos arremedos,
com que te sinto e te sonho?!
Que importa ainda o hoje,
minha espera de desejo,
encurtado já o devaneio
preso ao volumétrico senão,
oferecido na sedução,
com que me encantaste,
num dia de alucinação?!
Que importa o tudo-nada,
se em cada alvorada,
ainda é a tua imagem
que inicia meus dias,
define minhas valias,
em infindáveis esperanças?!
Que importa?!...

Memórias...

Memórias foscas,
aldrabices pegadas,
fragmentos de vida,
frustração vencida,
arrumada a um canto,
em bocados de gente,
em ideias pingente,
debruadas a confissões,
totalmente banais,
tornadas vendavais
e desejos prisões.
Escancarado o ser,
acreditando vontade,
encaixada saudade,
de devaneio inútil,
imaginação fútil,
de imbuída confiança,
postura de criança,
enganada, aflita...
Enrodilhada em ti,
quis-te como te vi,
mal a indiferença se foi
no deserto esboroado,
em que havia mergulhado,
enquanto te sonhei,
e te amei em pecado,
no negrume da noite,
no jardim que plantei.
Soube a azia o fim
que não o foi para mim,
ficando presa ao esgar,
ao desespero de julgar,
falho o valor de ser,
incidente de te conceber,
inolvidável desilusão...

De mim para mim...

De mim para mim,
no silêncio das palavras,
sinto o vazio,
o desacerto pesado,
construído no negrume
das acusações expostas,
nefastas, impróprias...
Dizer família era sonho,
a amizade, era procura,
e a partilha, a solução.
Desprendeu-se o açaime,
perdeu-se o decoro,
esqueceu-se o respeito,
fechou-se o coração...
Perdi ideais,
reconheci fraquezas,
aprendi limites,
ganhei referências...
De mim para mim repito
o eco dos silêncios
que fui aprendendo a gerir.
De mim para mim evoco,
os rasgões psicológicos,
os nós hercúleos,
os sapos que decidi engolir.
De mim para mim reflicto,
não vale a pena existir,
quando sem desejo de infinito.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Gratidão

Na cinzenta monotonia,
sem outros tons de visão,
com tanto de agonia,
pela insane dispersão,
vacilo na escolha guia,
pela denegrida ambição,
de querer mudar a vida,
dos valentes em questão,
que não denotam valentia,
mas concedem o perdão,
ao orgulho disfonia,
reforçando a gratidão...
Bem haja companheiros,
viajantes de eleição.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Nas veredas do sonho...

Coração aquecido,
de tanto aconchego,
investe em sorrisos,
libertos do medo...

E a força redobra,
nas decisões,
nas ligeiras definições,
que ensaio e desenho,
nas veredas do sonho,
que invento e intento,
na procura d'outro mundo
de esperança, risonho.

Busco cheiros e matizes,
para sem custo aceder,
ao refúgio encantado
da memória doce e leve,
dos dias ensolarados
a que sou tão fiel.

E (re)vejo arco-íris,
no sol da minha manhã,
e gaivotas,e mar azul
que em bruma se desfaz,
com serenidade,
suave e lentamente,
com o odor do lilás.

E, os silêncios,
são dum verde feiticeiro
de um encanto verdadeiro,
de um eterno sedutor.
E olhos mansos revelam,
a faísca e o ardor,
de um génio feito menino,
incrustado num senhor,
em diamante e ouro fino.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O teu abraço...

Um teu abraço,
aconchego lasso,
no peito denso,
é descanso,
partilha e desejo,
projecto de um beijo,
quando em desalento.
Doce-mel odor,
magia de torpor,
em recantos de ser.
Saber a acontecer,
no sabor do querer...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Quero querer desistir

Estou em vias de fugir,
ir por meu pé,
sem olhar para trás,
sem me despedir,
caminhar, ser audaz...
Ganhar asas,
viajar sem medo,
deixar o degredo,
esquecer o sonho,
libertar desejos,
ultrapassar saudade,
voar, voar, voar...
Quero querer desistir,
de tudo, de uma só vez,
procurar o infinito,
encontrar o Absoluto
e nele, a certeza da paz...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Se (II)

Se a vida fosse parceira,
tomasse ela a dianteira,
para minorar a angústia,
libertar a ansiedade,
desanuviar a saudade...
Se o tempo falasse amizade,
não lamentasse impunidade
sacudisse a desgraça
dos abraços indigentes,
de anseios persistentes...
Se o querer fosse valente,
destemido e não carente,
lavando o comodismo,
da postura entediante,
de desejo definhante...
Se o quotidiano chalaça,
não fosse a ameaça...
Era possível ser gente.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Melancolia

Lá se vai pela vazante
o espirito estonteante,
do segredo e da magia,
deixando de lado o turbante,
do formalismo que guia,
rompendo com a sinfonia.
Rapaz te vejo deserto marcado,
de olhar já tão macerado
e sem nenhuma valentia.
Mas, sinto desejo de pecado,
em teu sabor abençoado,
silêncios em disfonia...
E o sulco doce e fresco,
escorre solto e lesto,
em detalhes melancolia.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Há dias assim...

E o desejo vem mais forte,
quando em pele de menina,
percorro meu monte pranto,
exangue, sem companhia...
E o sonho acontece:
abraças-me, proteges-me.
Dás-me a mão ao caminhar...
Há dias frios, cinzentos,
em que é tão triste o acordar!...

Curva-se a vida...

Curva-se a vida
neste silêncio disforme,
na sombra informe distante,
que ameaça tempestade,
o caos em figura satânica.
Cinzenta oprimente,
a serenata ofegante,
qual Mozart incandescente,
afaga a saudade,
permeabiliza a ausência,
confere esperança,
pela imprevisibilidade
da ordem balsâmica...
A chaminé lança para o céu,
o fumo negro do desejo ardente,
numa tentativa frustrada
da libertação singela,
de um coração fechado,
há muito tornado pedra.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Sou...

Sou o que o sorriso espelhado no reflexo da imagem desnuda que sem querer se foi solidificando, se foi cristalizando feito gelo frio e duro, mergulhado no escuro das profundezas do ser, deixando ao léu os flancos frágeis no desusado entardecer, me permite, me proporciona, neste outono que é o meu viver...

Os segredos do vento que passa...

O vento bem me segreda,
que é dura a labareda
que tento em vão apagar.
Ele fala de mansinho,
que não és o meu abrigo,
que me estás a maltratar.
Fala o tempo com desgraça,
que na ruela por que passas,
não te poderei abraçar.
Porém, apesar da evidência,
não acato a providência,
e continuarei a lutar.
Caminharei seguramente,
buscando intensamente,
a faísca em teu olhar.
Querer-te-ei ainda assim,
com o mesmo frenesim,
que me há-de libertar.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Quem me dera significar...

Quem me dera que nas significativas estivesse a que com tanto significado foi sentida e construída...
Quem me dera ser apenas um grãozinho de pó arenoso "significativa"...
Quem me dera poder ver para além do visível para que as dúvidas sobre os significados fossem insignificantes...
Quem me dera cingir-me apenas ao significado do sentir...
Quem me dera significar...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Na dança da mudança...

Um para cima,
dois para baixo,
mais um para cima,
de novo um outro para baixo,
mais dois para cima
e, para baixo, vêm três...
É assim meu caminhar:
um coerente vai-vem,
embalando meu serenar.
Subo e desço.
Ando e desando.
E assim, dia após dia,
vou atravessando a vida
buscando a luz,
em função da seiva,
de acordo com a crença,
no decurso da dança
que (re)crio ao amanhecer,
na sequência do sonho,
consequência da esperança.
Ora subo, ora desço.
Ora recuo, ora avanço...
E, na (re)construção,
renovo o andamento:
um passo em frente,
dois atrás,
dois para a frente,
mais outro para trás...
E na dança da mudança
em que me sinto e (re)vejo,
descubro-me ainda desejo,
(re)encontro ainda esperança.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Ano Novo

Foi um ano menos mau.
Porém, mostra-se hoje,
um ano novo bom,
assim o espero...
Este ano será melhor
porque quero tanto,
porque acredito mais,
e, porque confio.
O sonho abrirá manhãs,
e desvendará vontades,
lançará sementes
e brilhará a esperança,
nas veredas da mudança.

O sonho permanece

É no desgaste da vigília,
consubstanciado
no poema da entrega
ao delírio da noite,
na loucura da penumbra,
das enebriantes quimeras,
que o entusiasmo remanesce,
que o encanto não se esfuma,
que o desejo reaparece,
que se dissipa a bruma,
e a miséria se esquece...
E o sonho que é eterno,
feito diamante, permanece.

Bem vindos!

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