terça-feira, 31 de julho de 2007

No More Lonely Nights

Investir em "novas" farpelas...

Se a saudade fosse comum,
teríamos ambos a necessidade
de verbalizar a alegria,
de dizer o sentimento,
de cantar a presença.
Tal não foi o que aconteceu...
E, suspeito que tal
jamais acontecerá,
inexoravelmente. Infelizmente!...
Tanta saudade, para nada!...
Resolveu-se o delírio,
esbanjou-se o sentimento,
gastou-se a vontade,
esgotou-se a tolerância,
foi-se a ilusão,
subjugou-se o desejo,
perdeu-se a esperança...
Ganhou-se mais resistência,
construiu-se maior carapaça,
criou-se resiliência...
Investirei em "novas" farpelas...

segunda-feira, 30 de julho de 2007

A insustentável leveza do amor...

Certa do inviável,
e do inevitável vazio,
fruto do improvável,
da ilusão que se perde,
em cada detalhe,
nos momentos de magia
e de delírio pleno...
Como ingénua sou!...
É a insustentável
leveza do amor,
incondicional,
que se declara
e se reflecte,
na certeza da emoção
que se reconhece,
na impossibilidade
da retribuição...

Com estas palavras te sinto...

Com tua imagem me deito,
e com palavras (estas) te pinto,
e sinto disparar no peito,
ainda um louco galopar,
quem dera, já desfeito...
Enquanto te canto,
invento novas horas,
novos rumos,
outros arco-irís,
diferentes matizes,
de um querer inesperado,
tolo e enfarpelado,
a cada vez, mais desolado
e tristemente seguro,
de nada...

Se II

Se, como ao cair da tarde,
em pleno verão magnetizado,
em maresia e amena cavaqueira,
meu corpo descobrisse,
naquele fantástico pôr de sol
de absoluta sublimidade
num esplenderoso entardecer,
cuja doce proximidade,
o revela tão belo e quente,
tão airoso e pleno
(eternamente delicado,
infinitamente dourado),
seria querida, certamente...

QUARTO EM DESORDEM

"Na curva perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor

que não sabe como é feita: amor
na quinta essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar

a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objecto mais vago do que núvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo

verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama".


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Que é da poesia?

Que é da poesia,
neste relato incerto,
neste desumano deserto,
despido de sensibilidade,
sem conforto e humanidade?
A supremacia da razão,
ocultando as maresias,
que de tanto se expraiarem,
em espasmos valentias,
se resumem e harmonizam
em eternas sinfonias,
que se entrecruzam
em nus silêncios profundos
de sobressaltos dançantes,
plenos de diamantes.
Que é da poesia?

Catarse

verdadeira catarse
na alva brancura
da página que me acolhe
em desventura
e me aceita
a impressão
e sem condição
que não seja
o negrito da letra
o sentido da escrita
a lucidez da vida

Sonho que sou...

No sonho tudo acontece,
o real e o ilusório:
vejo o que não observo,
sinto o que não prevejo.
Nele não iludo o afecto,
não escondo a esperança,
não subordino a expectativa,
ao controle racional.
No sonho, envolvo-me,
em nesgas de emoção.
Mas, não quero o sonho!...
Quero viver (ou não)!
Mas de vez,
plena e intensamente,
como deve sempre viver-se.
Porém,
apenas sonho que sou,
e que sinto,
e que vivo...

Como o tempo muda tudo e nada !...

Quisera afundar-me no poço,
lançar-me ao vento,
libertar-me e voar,
não só no pensamento!...
Desintegrar-me,
deixar de ser,
entrar no silêncio,
transmutar-me...
Esquecer o devir,
e a mudança
que sempre acontecem
num eterno sempre,
absoluto e indefectível?...
(Re)conhecer como o tempo,
muda tudo e nada,
como transforma e altera,
toda a realidade,
toda a vida,
todo o ser,
com o lancinante passar dos anos,
com o crescimento provocado,
com o desejo tolhido!...
E o eu que então se estilhaça,
que implode e se desvanece,
nas lentas e sofridas luas,
nas sombras dos vendavais,
no breu das noites profundas,
semelhantes ao latejo do medo,
ao degredo dos sóis,
ao inferno do outro (dos outros),
no purgatório da ansiedade,
cuja sublimidade,
em vez de enaltecer,
inusitadamente, fenece...
...

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Fim

Starry Starry Night - Don McLean



"(...)
Agora, acho que sei
O que você tentou me dizer
E o quanto você sofreu por causa da sua sanidade
E como você tentou libertá-los
Eles não ouviriam
Ainda não o estão escutando
Talvez eles nunca ouçam..."

terça-feira, 24 de julho de 2007

O teatro da vida...

Faz de conta que tudo está bem,
que somos todos amigos,
que nos respeitamos,
como pessoas e profissionais.
Faz de conta que a vida caminha,
em passos precisos e seguros,
capazes de nos conduzirem,
a novas etapas de realização.
Faz de conta que tu não existes,
que não cruzaste a minha vida,
que não és "importante",
que te não quero e te esqueci.
Faz de conta que a vida é bela,
sem senãos e injustiças,
sem amores e desamores,
sem indiferenças e vazios.
Faz de conta que eu vivo,
que sou querida e "importante",
que me revejo e revelo,
num sorriso deslumbrante,
garante de felicidade.
Faz de conta...

Como acreditar no nosso poder interior?

Era o quê, mesmo?
Diferente? Circunspecta?
Leve e sã? Não, concerteza...
Que nódoa seria?
Melhor, que nódoa fui?
Ainda hoje lamento:
a indecisão na voz,
a incerteza na razão,
a descrença e a dúvida
nas palavras, nos planos,
a mágoa da desilusão,
do desencanto,
o soluço apertado da perda...
E, uma vez mais emerge o desespero.
Rolam lágrimas silenciosas
que sulcam o rosto,
que mancham a pele...
Libertam o desgosto.
Expelem a tristeza
da descrença no outro,
no mundo, na vida.
Reflectem a ingenuidade
de confiar que se é alguém,
que se tem algum valor...
Como acreditar no nosso poder interior?

segunda-feira, 23 de julho de 2007

O silêncio...

"O silêncio é a cor das ocorrências da vida: pode ser ligeiro, denso, cinzento, alegre, venerável, aéreo, triste, desesperado, feliz. Colora-se de todas as infinitas tonalidades das nossas vidas... Se o escutarmos, o silêncio fala-nos e elucida-nos constantemente acerca do estado, dos lugares e dos seres, acerca da textura e da qualidade das situações que enfrentamos. É o nosso companheiro íntimo, o âmago permanente do qual tudo se liberta.
Lugar da consciência profunda, estabelece o nosso olhar, o nosso escutar, as nossas percepções."

domingo, 22 de julho de 2007

Tenho saudades de mim...

Calma, tranquila, acomodada.
Serena, apesar do vazio.
Segura, apesar da solidão...
Se os teus e os meus olhos
não tivessem faíscado;
Se o teu "por que não?"
não tivesse sido pronunciado;
Se o tempo... Se a emoção...
Se a vida...
Se...
Tenho saudades de mim,
saudades de então...

sábado, 21 de julho de 2007

Tenho saudades de ti...

"Tenho saudades de ti, meu desejo.
Tenho saudades do tempo de amar..."


Encontrar-me,
nesta procura de mim,
reconhecer-te reflexo
(mais do que espelho),
saber-te o centro da vontade,
deste querer dilatado no tempo,
expandido no espaço,
é o primeiro pensamento,
o único pensamento
que vagueia pela minha mente,
durante os dias,
todos os meus dias...

Aceite o vazio,
a ausência da presença,
a espera incondicional,
contrasto-os com o inaceitável:
a inexistência de um sinal...
Tenho saudades de ti...

Atormenta-me o sentir unilateral.
Mas, irei até onde for preciso,
até onde o coração me levar...

sexta-feira, 20 de julho de 2007

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Língua de ansiedade

O medo e o vazio do silêncio
são dois animais raivosos
presos aos meus calcanhares...
Luto desesperadamente,
tento afastá-los,
mas são mais fortes,
mais persistentes...
Anda por mim
uma língua de ansiedade.
Atrever-me-ia a dizer, de medo.
Algo que se adensa no silêncio...


Não!!! Não quero desistir agora!...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Confiar, outro patamar de ser...

Aprender a confiar...
Confiar e aprender,
duas palavras mágicas,
ambas com poder imenso,
indescritível, indizível,
absolutamente inimaginável...
Apre(e)ndi hoje o mundo,
com os teus olhos,
com os teus ensinamentos...
Hoje vi o invisível,
o que no imediato
não se deixa observar,
o quotidiano que não se diz,
o escondido sob o véu,
o fugidio na permanência,
o perene na mudança...
Apesar das dores de crescimento,
foi uma mais valia,
reconhecer os ensinamentos do mestre
nos processos e nos percursos
que construo com segurança
e me devolvem confiança,
reflectindo novas etapas,
outras formas de existir...
Aprendi a confiar:
eis-me noutro patamar de ser...

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Telepatia...

Percorro os canais,
apenas sinto vazio
nas saladas de arrozais
que outros desafiam
nesta brancura virginal
de valor incalculável,
apesar da solidão
da ausência de companhia
para uma e outra folia
desejada, mas negada...
Ter notícias, sinais,
valer um pouco no tempo,
saber os dias, os ais...
Ouvir a voz, o pensamento,
sentir a energia fluir,
ver a alma ser, despontar,
botão de rosa a florir...
Quem dera ser puro pensar,
nesta cinzenta melancolia
para num ápice interceptar
as inúmeras redes neuronais:
tua lide, tua alma, tua vida,
telepaticamente...
Quem sabe te esqueceria,
como a um qualquer dos mortais...

Às vezes...

Às vezes tenho ganas de partir,
deixar tudo: fugir.
Largar, alto mar adentro,
navegar rumo ao infinito,
deambular pelo firmamento,
esconder-me na neblina
e aí ficar escondida,
até se fazer dia,
até doer de solidão...
Às vezes em devaneio,
anseio outra de mim,
partilhando outro de ti,
feito antes, e depois
de abraços e amassos,
desses cujas maresias
às vezes eram surpresas
e outras promessas
de mistérios e magias
de estranhas sinfonias,
inventadas e vividas
em louca sofreguidão...
Às vezes queria ser Deus
para te poder ver
em todo o teu esplendor,
pleno, sempre galante,
de sorriso fácil e
contagiante,
olhando com atenção,
para poderes dar a mão...
Às vezes não queria partilhar-te,
queria-te apenas meu:
amigo, amado, amante...
Às vezes ...

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Opressão

Com o coração do tamanho de uma azeitona, sente-se o desespero da solidão e também a insegurança do valor... Oprimida leio outros pensamentos e nada encontro que me tranquilize. Desenvolve-se a insegurança e o receio do esquecimento neste afastamento higiénico... Contudo, quero elogiar o silêncio, ainda que o ruído seja ensurdecedor no quotidiano ausente... Quanto daria por um sinal?...

mon homme

Just the way you are

Distracções

Realmente a vida proporciona-nos imensas coisas e, por vezes esquecemo-nos de as desfrutar, infelizmente...
Quantas e quantas experiências e sorrisos ficam então por acontecer, devido a essa "distracção", chamemos-lhe assim...
Sinto que, uma vez mais, alguns sorrisos ficaram comprometidos por ser mesmo muito distraída...
Tenho pena que esta minha característica iniba tantos sorrisos...

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Tatuagens

Porquê a vergonha?
E o medo?
Porquê?!!!

Encosta-te a mim

terça-feira, 10 de julho de 2007

Confiar?!

Confiar?!
Como fazê-lo?
Confiar?!
Como, face ao desespero,
ao inexplicável,
ao sentimento que de tão intenso,
quase aniquila?
Confiar?!
Que interpretar
perante o quotidiano,
o inesperado,
o inacreditável?
Confiar?!
Que significado tem o sentimento
face ao inusitado,
ao impossível,
ao estranho emergente?
Confiar?!
Que fazer quando tudo indica
que se está ultrapassada,
quando se sente
que afinal, nada se vale?
Confiar?!
Como?
Se a vontade é morrer?
Se há dó de mim mesma?
Se a duvida se instalou?
Se a vida é um fardo?
Se a verdade é aparência?
Se...

Faça o que fizer,
que é do reconhecimento?
O valor é o mesmo,
e a medalha de mérito,
...
Confiar?!
Como???? Para quê????

Princesa Desalento



Minh'alma é a Princesa Desalento,
Como um Poeta lhe chamou, um dia.
É magoada, e pálida, e sombria,
Como soluços trágicos do vento!

É fágil como o sonho dum momento;
Soturna como preces de agonia,
Vive do riso duma boca fria:
Minh'alma é a Princesa Desalento...

Altas horas da noite ela vagueia...
E ao luar suavíssimo, que anseia,
Põe-se a falar de tanta coisa morta!

O luar ouve minh'alma, ajoelhado,
E vai traçar, fantástico e gelado,
A sombra duma cruz à tua porta...

Florbela Espanca

domingo, 8 de julho de 2007

Como?

"Mas quem pode livrar-se por ventura
Dos laços que Amor arma brandamente
Entre as rosas e a neve humana pura,
O ouro e o alabastro transparente?
Quem de uma peregrina formosura,
De um vulto de Medusa propriamente,
Que o coração converte, que tem preso,
Em pedra não, mas em desejo aceso?"


Luis de Camões

Hoje e sempre

"Quando penso no mar, o mar regressa
A linha do horizonte é um fio de asas
E o corpo das águas é luar;

De puro esforço, as velas são memória
E o porto e as casas
Uma ruga de areia transitória".




Vitorino Nemésio

sábado, 7 de julho de 2007



Mozart's Requiem part 1

Nãooooo!!!!

Nada mais interessa mesmo...
Pronto...
Para quê continuar...
Nada mais vale porque tudo é ilusão,
presente ausente com promessa que esvai,
num futuro que não é,
ficando passado que dói...
Não! Chega!...
Não quero mais!...

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Chegar a Ti

Ou...

Não sei por que razão decido desistir de vez, baixar os braços e parar e, a meio do percurso, arrepio caminho contra a decisão...
Que razão escondida me orienta nesta luta sem tréguas?
Que lógica me governa neste desejo profundo de sentir o usufruto da cumplicidade e da partilha?
Que norte me guia neste zig-zag racional?
Que loucura me alimenta nesta esperança de felicidade, nesta metáfora de sintonia?
Que ilusão comanda a minha vida neste incumprimento de coerência, nesta instabilidade inóspita que me desgoverna e me faz sofrer?
Quantas dúvidas por responder, por esclarecer, por compreender...
Eis-me retalhos de ser, e flocos de parecer...

Aprender sempre

Os desafios proporcionados,
implementados, criados,
são motivo de aprendizagem,
são superação contínua,
"local" de partilha,
finalidade mais além
que num profundo rasto,
persegues buscando o ideal,
a ultrapassagem do mediano,
encontrando a cada passo,
alternativas credíveis,
resoluções criativas,
percursos/processos inovadores...

Reconheço a ignorância
face ao modelo...
Na soberana presença do mestre,
sou autêntica criança,
confiante e crédula,
e discípula assumida.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

E, ainda assim...

Descobrir-te na ilusão do presente,
descrever-te no reflexo do passado,
registar-te na promessa de um futuro,
olhar-te no impasse do dia,
cantar-te no segredo do tempo,
sentir-te na presença do norte,
definir-te na esperança da vida
dizer-te no orgulho do ser,
seduzir-te na certeza da morte...

E, ainda assim...

Querer-te no silêncio da voz,
acariciar-te na verdade da manhã
beijar-te no arco-íris do sonho,
desejar-te na intenção do querer,
amar-te no desalinho da noite...

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Still Loving You

Desabafo

Je t'aime

Querer e não querer...

Queria ser outra de mim mesma, em cada instante que me descortino tão intensamente terrena, tão previsivelmente humana, tão insaciavelmente criança...
Queria em cada segundo do meu existir para ti, reconhecer-me na tua mensagem, reflectir-me na tua decisão, rever-me no teu orgulho...
Queria nos espaços em que te imagino e te invento, dar-me conta do quão intrusa posso ser, de quanto inoportuna me apresento e me confundo com medo de não ser...
E em cada noite madrugada que incólume me aceita e me acolhe na limpidez da página virgem que se me oferece, reinvento-me outra diferente, ainda que com os mesmos trages e as mesmas crenças inconfundíveis que transporto nos genes do desejo que enfrento até se fazer sol, na manhã de um outro dia. Aí socumbo uma e outra vez mais à sedução dos teus encantos e afundo-me novamente nos tormentos da paixão, querendo e não querendo, sorrindo e chorando, amando e sofrendo, chegando a sentir náusea de mim mesmo...

terça-feira, 3 de julho de 2007

Es Mejor Vivir Asi

Confiar: palavra de ordem

Tudo na vida é dádiva...

Gratidão é o sentimento nutrido
pelas dádivas que foram sucedendo,
especialmente nos últimos anos...

Serenidade é o sentimento face ao futuro.

Confiar, a palavra de ordem
que fez olhar a vida n'outro prisma:
acreditar, é o lema,
esperar, é minha convicção,
intuir, é natureza,
amar, é minha condição...

segunda-feira, 2 de julho de 2007

domingo, 1 de julho de 2007

Bem vindos!

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