terça-feira, 27 de outubro de 2015

ESPERA

Horas, horas, sem fim, 
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.

Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.


EUGÉNIO DE ANDRADE, In As Mãos e os Frutos

Nunca me esqueci de ti

EU E TU


Dois! Eu e Tu, num ser indissolúvel.

Como Brasa e carvão, centelha e lume, oceano e areia,

Aspiram a formar um todo, - em cada assomo

A nossa aspiração mais violenta se ateia...


Como a onda e o vento, a lua e a noite, o orvalho e a selva,

- O vento erguendo a vaga, o luar doirando a noite,

Ou o orvalho inundando as verduras da relva

- Cheio de ti, meu ser d'eflúvios impregnou-te!


Como o lilás e a terra onde nasce e floresce,

O bosque e o vendaval desgrenhando o arvoredo,

O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece,

- Nós dois, d'amor enchendo a noite do degredo.


Como parte de um todo, em amplexos supremos,

Fundindo os corações no ardor que nos inflama,

Para sempre um ao outro, Eu e Tu pertencemos,

Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama.



António Feijó

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

TU


Pela tua nudez
toda a glória do mundo
cabe em minhas mãos
Ardo
Corre em mim tumultuada
uma lava ardente
que só em ti descobre rumo
e apaga o tempo.



Edgardo Xavier
Publicado no Recanto das letras
cod.T4474294

EDGARDO XAVIER (a publicar)

Retirado de:

sábado, 10 de outubro de 2015

Distância e silêncio

Foi bom saber-te com a resistência acutilante de quereres recusar ser mandado pelos filhos. Espero que essa força continue a manifestar-se, ainda que, depois, faças o que eles dizem. Eles estão mais capazes de perceber o que será melhor, por muito que doa (e eu sei que dói)...

Felizmente o esqueleto melhora! E, felizmente também, a cabeça mantém o curso e o desejo indómito mantém-se "aceso" e inalterável. 

Como é bom receber-te assim, inteiro.

Gosto de ti contra o meu peito. Mesmo sem apertar, os abraços gratificam-me da mesma maneira e, se magoam menos assim, vamos abraçar-nos, contra o peito, devagarinho...

De tempos a tempos (nomeadamente quando chego a casa), gosto de descansar a minha cabeça no teu colo. Como saio retemperada depois dessa memória/imaginação!...


Receio a distância e o silêncio...


Bem vindos!

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